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O empréstimo de US$ 13 bilhões (R$ 71,5 bilhões) que Elon Musk contraiu em 2022 para adquirir o Twitter, atual X, se transformou no pior negócio de financiamento para os bancos envolvidos desde a crise financeira de 2008, segundo informações do jornal americano Wall Street Journal.
Sete bancos concederam o financiamento ao bilionário — entre eles gigantes como Morgan Stanley, Barclays e Bank of America (BofA) — com a intenção de posteriormente vender a dívida e lucrar com as taxas de juros. Contudo, as instituições financeiras não conseguiram fazer isso sem incorrer em perdas significativas, principalmente por causa do fraco desempenho financeiro do X.
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O WSJ afirma que isso deixou os empréstimos “pendurados” nos balanços dos bancos, resultando em uma série de problemas, como reavaliações que prejudicaram a carteira de empréstimos, menos capital para financiamento de fusões e aquisições e até demissões de diretores.
Musk adquiriu o Twitter por US$ 44 bilhões (R$ 241 bilhões). Na época, ele vendeu parte de suas ações da Tesla (TSLA), usou dinheiro próprio e completou o montante com os US$ 13 bilhões emprestados.
Apesar de os bancos terem recebido pagamentos de juros significativos, já que um empréstimo desta natureza tem juros maiores do que os praticados no mercado, a saúde financeira do X preocupa as instituições e aumenta o prejuízo da dívida.
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Dados de fundos de investimento que mantêm exposição à empresa — que agora tem o capital fechado — relataram uma queda de mais de 50% em seu valor ao fim de 2023, chegando a cerca de US$ 19 bilhões (R$ 104,5 bilhões).
Segundo Musk, os pagamentos anuais de juros do X somam cerca de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,25 bilhões).
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Steven Kaplan, professor de finanças da Universidade de Chicago, afirmou em entrevista ao WSJ que este não é apenas o maior negócio “pendurado” dos bancos desde a crise de 2008, mas um dos maiores de todos os tempos.
Dados da PitchBook LCD mostram que os empréstimos do Twitter estão pendurados por mais tempo do que qualquer outro negócio similar desde a crise financeira de 2008-09. Os bancos geralmente conseguiam vender ou cancelar a maior parte das dívidas em um ano — o de Musk irá completar dois anos.
As perdas nos papéis de dívida impactaram os lucros dos bancos e a manutenção de empréstimos de alto risco em seus balanços atrai mais escrutínio regulatório. As dívidas também afetaram a posição de algumas instituições nas tabelas de classificação de bancos de investimento, que são fundamentais para a imagem no mercado.
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O BofA e o Morgan Stanley lideraram as tabelas de financiamento alavancado nos EUA em 2021 e 2022, mas em 2023 e 2024, JP Morgan e Goldman Sachs, que não financiaram o negócio do Twitter, dominaram as posições.
Os empréstimos pendurados também impactaram a remuneração anual de alguns banqueiros de investimento. Executivos do Barclays foram informados de que suas compensações seriam cortadas em pelo menos 40% em relação ao ano anterior. Após o pagamento de bônus, cerca de 50 diretores deixaram a empresa, segundo o WSJ.
No início deste ano, os bancos discutiram um plano para reestruturar o negócio, permitindo que Musk pagasse parte da dívida do X, mas a proposta não foi concretizada.
A situação apresenta um dilema para os bancos: de um lado o interesse em manter negócios com Musk e suas empresas (a possibilidade de um IPO da SpaceX ou da Starlink é algo relevante) e do outro a dificuldade de repassar a dívida por causa da postura política do bilionário na rede social, que pressiona o valor do negócio.
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