Empresas da Bolsa não assumem compromissos capazes de atingir meta do Acordo de Paris

Segundo pesquisa da CDP, amostra de companhias listadas levaria a aumento médio de temperatura de 2,7ºC

Equipe InfoMoney

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Os compromissos assumidos pelas empresas brasileiras listadas na B3 não seriam suficientes para limitar o aumento da temperatura média global em até 1,5º C (grau centigrado), meta estipulada pelo Acordo de Paris. Se o mundo tivesse a mesma linha de base e alvos que as empresas de capital aberto avaliadas em um estudo do CDP (Carbon Disclosure Project) divulgado nesta quinta-feira (27), a temperatura global poderia registrar um aumento médio de 2,7ºC.

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O principal desafio para alinhar as ambições das companhias analisadas com as metas globais está no escopo 3 definido pelo CDP, relacionado às emissões da cadeia de valores de cada companhia – isto é, seus fornecedores. De acordo com o estudo “Da ambição à ação climática: os rumos da economia brasileira”, quando incluídas as emissões de gases de efeito estufa deste critério na análise, 74% das empresas não possuem metas ou não tem metas válidas para redução da emissão de gases do efeito estufa.

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A amostra do estudo é composta por uma carteira teórica de 229 empresas listadas na bolsa de valores. Elas correspondem a 89% da capitalização de mercado da B3.

Consideradas apenas as metas de redução de emissões relacionadas aos escopos 1 (operação própria da empresa) e 2 (emissões provenientes de energia elétrica adquirida para uso da companhia), o aumento de temperatura seria de 2,2ºC. Com os três escopos, a elevação seria de 2,7ºC.

Segundo o método utilizado, empresas de maior emissão possuem maior impacto sobre o resultado, pois leva em conta a média ponderada pelas emissões das empresas. Contudo, mesmo quando considerados critérios como o peso pela capitalização de mercado de cada companhia, os cenários são similares ao da pesquisa.

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Setor avaliados

O setor que registrou o pior desempenho, com metas que levariam a temperaturas mais elevadas quando considerados os escopos 1 e 2, foi o de geração de energia. Suas metas de redução de emissões estão alinhadas a um cenário de 2,9ºC e apenas 9% das emissões totais das empresas possuem metas válidas alinhadas a um cenário de aumento em até 2ºC.

Por outro lado, o setor financeiro foi o que registrou metas alinhadas a temperaturas mais baixas. As metas de redução de emissões totais está relacionada a uma temperatura de 2,1ºC. O levantamento pondera, no entanto, que a amostra contempla apenas 22 instituições financeiras, “não refletindo o setor financeiro de maneira mais ampla”. Apenas oitos das empresas consultadas apresentaram metas válidas para os escopos 1 e 2, enquanto duas quando considerado o escopo 3.

A maior parte das instituições financeiras foca em emissões operacionais. “Esse resultado demonstra o baixo nível de comprometimento do setor, que desempenha um papel chave para acelerar a transformação para uma economia de baixo carbono. Seja de maneira mais explícita através da mobilização de recursos para garantir o financiamento climático, mas também pelo poder de influência que exerce sobre as empresa através das operações de crédito, investimento ou seguro”, aponta a pesquisa.