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Empresas ainda pagam juros incompatíveis com fluxo de caixa, diz CEO do Santander

Mario Leão reconhece que economia melhorou, mas nem todos setores conseguem gerar caixa suficiente para compensar custo da dívida

Mitchel Diniz

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O ciclo de alívio monetário foi interrompido e, desde que o Banco Central decidiu segurar a Selic na reunião de junho do Comitê de Política Monetária (Copom), as projeções econômicas do mercado para o segundo semestre de 2024 foram revistas. No Santander Brasil (SANB11) não foi diferente. Até pouco tempo atrás, a instituição financeira previa que os juros básicos da economia terminariam o ano próximo de 9%. Agora, projeta uma taxa de 10,5%.

“Houve uma mudança material na forma como a gente vê a macroeconomia se desenvolvendo no segundo semestre. Isso não quer dizer que a gente não acredita na agenda fiscal do governo, deixando claro”, afirmou Mario Leão, CEO do banco, durante apresentação dos números do Santander no segundo trimestre de 2024 para os jornalistas.

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A manutenção de taxas elevadas, contudo, não alivia a situação das grandes empresas que tomam empréstimos com juros atrelados ao CDI – que tem a Selic como referência. “O fato de o CDI [Certificado de Depósito Interbancário) não estar caindo, não ajuda”, diz o executivo.

Leão avalia que as médias e grandes empresas ainda pagam um nível de juros “mais alto do que caberia em seus fluxos de caixa”.

“A economia está melhorando, mas, para alguns setores, não chegou ao nível de recuperação de geração de caixa compatível com o custo dessa dívida”, reconhece.

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Recentemente, o Santander foi um dos bancos que emprestou dinheiro para o Grupo Madero, de Junior Durski. Na operação, a rede de restaurantes levantou R$ 500 milhões para substituir a parte mais cara de sua dívida por uma mais barata. A dívida bruta do Madero chegou a superar R$ 1 bilhão.

Questionado pelo InfoMoney se o banco se sentia mais confiante para conceder crédito a empresas mais alavancadas, Mario Leão respondeu que a análise é estrutural, “nome a nome, setor a setor”.

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“Não dá para generalizar. O nosso papel primordial, seja para a pequena, média ou grande empresa é estar próximo, entender seu modelo de negócio e apoiá-lo – a crescer ou gerir momentos mais difíceis de alavancagem”, diz o CEO.

“Nosso papel não é virar as costas e sumir do cliente quando ele está passando por necessidade. O que também não quer dizer que vamos dar crédito de forma ilimitada”, complementa.

Mario Leão, CEO do Santander Brasil (Crédito: Divulgação)

Foco nas pequenas

No segmento de empresas que faturam até R$ 4 milhões, o Santander Brasil quer dobrar o volume de negócios “de forma não linear”, em um prazo ainda não definido. Para tanto, o banco reformulou o modelo de atendimento, com a atuação dos especialistas no próprio endereço do empreendedor.

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“Aumentamos em 25% o número de especialistas e eles se organizam em microrregiões em um raio de cobertura de poucos quilômetros. Isso é importante porque, muitas vezes com uma caminhada, ele consegue fazer muito mais visitas e uma melhor gestão de risco”, diz Leão.

O CEO ressaltou que também existe uma transformação tecnológica em curso no segmento pessoa jurídica. “Temos melhorado de forma exponencial as jornadas digitais do cliente PJ, seja para contratar crédito ou serviço, ou evoluindo em automação e digitalização de documentos”. Leão revela que 94% das pequenas empresas clientes do Santander Brasil são digitais.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados