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Em Jarinú, no interior de São Paulo, 600 mil metros quadrados de área, quatro campos de futebol oficiais, alojamento para 200 pessoas, áreas administrativas e médicas formam a estrutura de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Mas você nunca a verá em um campeonato profissional.
Entre cinco e dez anos, o Sfera FC, fundado em 2021, pretende ser o melhor clube formador de categorias de base do Brasil. Como parte do processo, a empresa – que ainda queima caixa, com despesas superiores às receitas – está vendendo 40% do capital social para arrecadar R$ 50 milhões e atingir seu breakeven até 2028 – sem revelar com quem negocia os valores.
Os fundadores do Sfera FC, Fábio Francez e Gustavo Aranha, de longa carreira no mercado financeiro em companhias como Credit Suisse Hedging-Griffo, são dois dos primeiros empreendedores a criar um negócio em estrutura de SAF dedicado à categoria de base no Brasil.
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Não está nos planos dos executivos disputar um campeonato como o Brasileirão Série A, Copa do Brasil ou o Campeonato Paulista: da mentalidade vinda da Faria Lima, buscaram uma alternativa para estruturar um modelo sustentável para entrar no mercado de futebol que conte com segurança jurídica, governança e potencial de rentabilidade.
O modelo do Sfera FC
No futebol, em geral, alguns clubes de menor expressão servem como satélites de captação de jovens atletas para as equipes mais tradicionais do país. Quando um jogador com potencial sobe para os “grandões”, o caminho natural é que seu próximo passo seja chegar às principais agremiações do mercado europeu, onde são pagos os melhores cheques por um percentual alto do passe daquele jovem.
Diferentemente desses clubes tradicionais, pelo modelo estruturado no Sfera, jovens ao fim da sua formação, em categorias como sub-17 e sub-19, são vendidos para times de vitrine em mercados como México ou abaixo do principal escalão europeu – sem passar pelos grandes clubes brasileiros.
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Por não jogar em um campeonato como Séria A do Brasileirão, o passe da promessa que sai do Brasil pelo Sfera acaba sendo menor – o que privilegia o comprador. Por outro lado, a SAF formadora consegue manter um percentual maior do jogador, próximo a 50%, capitalizando na segunda venda, de onde se espera que venha o grosso do retorno sobre o investimento.
“Minha proposta é justamente essa: transfiro por um preço que faz sentido, dado o risco de que esse menino nunca jogue no profissional. Mas fico com um percentual maior, estamos alinhados com o clube parceiro, compartilhando o risco. Também quero que aquele atleta performe bem”
Em uma primeira transferência internacional no mês de agosto, o clube emprestou o meio-campista Cadu ao MFK Karvina, da República Tcheca, com valor fixado de compra. O jovem, coincidentemente, foi o primeiro autor de um gol na história do Sfera.
Método de formação
O Sfera se posiciona como um negócio de recursos humanos, capaz de propor uma formação mais completa aos seus atletas, com oferta de aula de inglês, reforço escolar e bolsa universitária integral.
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“Do ponto de vista de estrutura física, não ficamos atrás de nenhum clube do Brasil, mas tem um outro lado que decidimos investir muito que é o que chamamos de pescoço para cima, onde achamos o nosso grande diferencial”, conta Aranha. “Investimos em todos os aspectos mentais, cognitivos, psicossociais, emocionais, de educação formal”, diz.
Para o executivo, a indústria dos esportes muitas vezes resume os jovens atletas ao seu desempenho esportivo. É mais um elemento de pressão para quando aqueles jogadores fazem a transição das categorias de base para o profissional. “Acreditamos que quanto mais os meninos tiverem ferramentas para dizer ‘eu sou o que eu sou’, maior a chance de suportarem essa pressão”, avalia.
Quem coordena a diretoria de pessoas e cultura, por trás do “pescoço para cima” do Sfera, é a psicóloga Larissa Li, também vinda da Credit Suisse Hedging-Griffo, onde foi sócia responsável pela área de recursos humanos.
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