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A alta do dólar para o maior nível frente ao real em cerca de 18 meses nos últimos dias tem ajudado a movimentar o mercado de milho de Mato Grosso, no momento em que o principal estado produtor do país está com colheita da segunda safra acelerada, antes do seu tradicional período de exportações mais fortes.
Contudo, a antecipação da colheita conjugada com um dólar mais alto não deve gerar embarques mais fortes do que o esperado de milho brasileiro já em junho, segundo especialistas. Ele avaliam que isso ocorrerá entre julho e agosto, quando normalmente o sistema nos portos “vira” da soja para o cereal.
O dólar à vista tem oscilado nos últimos dias nos maiores patamares desde o início de janeiro de 2023, no começo do governo Lula, o que deixa o produto brasileiro mais competitivo. A moeda norte-americana está operando acima de R$ 5,40, versus R$ 5,2510 do fechamento do mês passado. No acumulado de junho, os ganhos superam 3%.
Enquanto isso, a colheita da segunda safra de milho no centro-sul do Brasil alcançou 21% da área cultivada até a última quinta-feira, cerca de quatro vezes o registrado no mesmo período do ano passado, no ritmo mais acelerado da história, segundo a consultoria AgRural, à medida que o tempo seco e um plantio antecipado permitem trabalhos avançados.
Mato Grosso, com mais de 20% dá área já colhida, e o Paraná têm liderado o ritmo dos trabalhos, embora a safra atual deva registrar um queda em volume na comparação com o temporada passada, em meio à uma redução na área plantada e menores produtividades do que no ano passado.
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“Temos visto mais movimento no mercado do milho devido ao dólar mais alto… Os preços da safrinha, com entrega a partir de julho 2024, têm subido, inclusive. Os compradores para exportação têm ido ao mercado com mais apetite para originar, e isso acaba puxando as indicações dos compradores domésticos também”, afirmou a analista Daniele Siqueira, da AgRural.
Segundo ela, em Sorriso (MT), a saca para entrega em julho fechou a sexta-feira cotada a R$ 39,00, contra R$ 36,00 na mínima dos últimos 30 dias. “Ainda que seja um movimento tímido de alta, é uma alta num período tradicionalmente negativo para os preços devido à colheita. Não acredito que esse movimento resultará em um volume de exportação muito fora do normal em junho, que ainda é um mês de transição, mas provavelmente teremos um mês de julho com exportação firme…”, disse.
Segundo a analista, as exportações devem ganhar ritmo primeiro especialmente pelos portos do Arco Norte, “mas já melhorando também em Santos (SP), devido à boa safrinha que está sendo colhida em Mato Grosso e ao movimento do câmbio”.
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O analista Paulo Molinari, da consultoria Safras & Mercado, destacou que o dólar firme tem permitido mais negócios, especialmente de Mato Grosso, mas ressaltou que isso não quer dizer que as exportações ganharão força mais cedo.
“A demanda para milho brasileiro está mais acelerada apenas para agosto em diante. Junho e julho devem ser fracos em embarques ainda”, afirmou.
Molinari lembrou que a partir de agosto a demanda externa pelo milho brasileiro ganha força porque a Argentina tende a diminuir suas vendas.
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Com uma recuperação na safra, a Argentina voltou a ser um player tão forte quanto o Brasil na exportação de milho, figurando novamente entre os maiores exportadores globais.
O CEO da Agribrasil, Frederico Humberg, tem previsão de que o Brasil exporte 45 milhões de toneladas de milho em 2024, acima da projeção da estatal Conab de 33,5 milhões de toneladas, mas ainda abaixo das cerca de 55 milhões do ano passado, quando os embarques foram recordes.
Apesar de uma expectativa de embarques acima das projeções oficiais, Humberg não projeta que sua empresa inicie antes a temporada de exportações de milho.
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“A gente continua com manutenção de cerca 45 milhões de toneladas exportadas de milho (pelo Brasil), e devemos virar para milho entre o final de agosto e setembro, quando entra mais forte o milho, por enquanto ainda estamos na (exportação) soja”, destacou.