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Destino da Amil pode ser definido hoje pela UHG

Potenciais compradores intensificaram discussões esta semana; desenhos para equacionar a dívida vão definir valor desembolsado pelo comprador

Raquel Balarin Lucinda Pinto

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O conselho da UnitedHealthGroup (UHG) deve se reunir nesta quinta-feira (21) para bater o martelo sobre a venda da operadora de planos de saúde e dental Amil. Na etapa final do processo, estão na disputa o empresário José Seripieri Júnior (ex-Qualicorp e ex-Q-Saúde), Nelson Tanure (Alliança Saúde, ex-Alliar), a família Godoy Bueno (Dasa) e o fundo Bain Capital, assessorado pelo Citi. Coruja Capital, liderada pelo ex-vice-presidente do Itaú Unibanco, Márcio Schettini, e Advent também estão ainda no páreo, segundo fontes ouvidas pelo IM Business.

A empresa americana UHG adquiriu a Amil da família Godoy Bueno em 2012 por R$ 9,92 bilhões e fez no ano passado uma tentativa frustrada de venda dos planos individuais e familiares para a APS — operação barrada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Agora, a venda é de toda a operação no país: 5,4 milhões de beneficiários (3,1 millhões em planos de saúde e 2,3 milhões em planos odontológicos).

Embora a Amil seja um dos maiores players do Brasil, sua operação não é rentável. Em 2022 a operadora teve receita de R$ 21,9 bilhões (ou R$ 15,2 bilhões de janeiro a setembro deste ano) e um prejuízo de R$ 1,65 bilhão. O ponto frágil da operação, segundo analistas, é a carteira de planos de saúde individuais, com 300 mil vidas. É uma operação deficitária e que tem reajustes controlados pela ANS. Já a rede de hospitais e clínicas da Amil é lucrativa.

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De acordo com o executivo de uma empresa concorrente, é provável que a operação de planos de saúde tenha se tornado ainda mais deficitária desde que a UHG colocou a Amil à venda, em setembro. “Eles estão com alto nível de agressividade no mercado, especialmente no Rio e em São Paulo, praticando preços não-adequados à operação”, diz o executivo.

Na operação de venda, a dificuldade está na equalização entre o valor pedido pela UHG e o valor que será desembolsado pelo comprador, dado o alto endividamento da Amil. A dívida estaria na casa de R$ 10 bilhões, e a avaliação do Bank of America (BofA) é de que a empresa poderia valer entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões (excluindo a operação deficitária de planos de saúde individuais). Se for aplicado o valor pelo qual a UHG é avaliada nos Estados Unidos, de 0,5 vez o faturamento, a Amil valeria algo como R$ 10 bilhões a R$ 11 bilhões.

Por conta da dívida e da obrigatoriedade de o comprador levar junto a operação deficitária da Amil, a expectativa é de que o novo controlador desembolse entre R$ 1 bilhão e R$ 3 bilhões pela operadora. A chave está nos desenhos que os potenciais compradores estão fazendo para equacionar a dívida da Amil — 60% dela é tributária. 

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Pandemia agravou crise 

A Amil já vinha em dificuldades nos últimos anos da década passada, mas o quadro se agravou durante a pandemia, quando os planos de saúde viram a sinistralidade disparar, assim como a inflação médica e o número de fraudes.

 O UHG vem buscando uma solução para a Amil há anos. Quando tentou se desfazer da carteira de planos individuais, em 2022, pagou R$ 2,3 bilhões ao comprador para se livrar do problema, mas a ANS ordenou que a empresa desfizesse o negócio e reassumisse a operação.

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Assessorado pelo BTG, o UHG tem sede nos Estados Unidos e atende a cerca de 140 milhões de pessoas em mais de 130 países. A empresa comprou a Amil por quase R$ 9,92 bilhões em 2012, dos quais R$ 6,49 bilhões foram para os controladores (a família Godoy Bueno) e o restante, para fechar o capital da empresa na bolsa brasileira. Ironicamente, os Godoy Bueno agora sentam na ponta compradora — podendo levar a Amil de volta pra casa pagando menos do que quando a venderam.

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