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A revelação de carro autônomo da Tesla que servirá como um táxi-robô deixou investidores e analistas perplexos na semana passada, uma vez que o veículo foi projetado como um cupê esportivo de dois lugares – exatamente o oposto de um táxi típico com espaço para vários passageiros e bagagens.
O presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, apresentou o design chamativo do protótipo, batizado de Cybercab, em um evento alardeado em Los Angeles na noite de quinta-feira. O carro deverá entrar em produção em 2026 e o bilionário afirmou que custará menos de US$ 30 mil.
Musk ignorou as expectativas sobre como um táxi autônomo com apenas dois lugares atenderá às necessidades de famílias que se dirigem a um restaurante ou ao aeroporto, ou se ele esperava que esses veículos atraiam apenas uma clientela de nicho.
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Os investidores ridicularizaram o design e a falta de detalhes financeiros do anúncio. Na sexta-feira (11), as ações da Tesla desabaram 9%. Nesta segunda-feira (14), os papéis subiam cerca de 1%.
“Quando pensamos em um táxi, pensamos em algo que vai transportar mais de duas pessoas”, disse Jonathan Elfalan, diretor de testes de veículos do site automotivo Edmunds.com. “Fazer desse um carro de apenas dois lugares é muito desconcertante.”
A Tesla não comentou o assunto.
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Especialistas afirmam que táxis sem motorista têm melhor desempenho quando oferecem bastante espaço, um design alto e portas deslizantes. Musk também apresentou no evento um veículo que afirmou ter capacidade para acomodar 20 pessoas e com um estilo futurista, mas não disse quando o modelo, chamado de Cybervan, estará disponível.
O mercado de táxis-robô de duas portas seria muito limitado, disse Sandeep Rao, pesquisador sênior da Leverage Shares, uma empresa de gestão de investimentos com ativos de cerca de US$ 1 bilhão, inclusive na Tesla.
Os veículos de duas portas representam apenas 2% das vendas de carros nos Estados Unidos, excluindo SUVs e picapes, de acordo com dados da empresa de análise J.D. Power.
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Musk disse que quer tornar a operação dos táxis autônomos mais barata do que a do transporte coletivo e previu um custo operacional de 20 centavos de dólar por milha ao longo do tempo para o Cybercab.
Mas ele não disse com que rapidez a Tesla poderia produzir Cybercabs em massa e obter aprovações regulatórias, ou como poderia vencer a Waymo, da Alphabet, que já opera robotáxis em algumas cidades dos EUA.
Explicações sobre o impacto desses veículos sobre o congestionado tráfego de grandes cidades também ficaram em segundo plano.
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A Waymo tem uma frota de cerca de 700 carros Jaguar Land Rover com capacidade para quatro passageiros, o mesmo número de assentos dos robotáxis Zoox, da Amazon.
O ex presidente-executivo da Waymo John Krafcik disse que o design da Tesla parece “mais divertido do que sério” e que a configuração de duas portas apresenta desafios para passageiros idosos e portadores de deficiência.
“Mais divertido do que sério”
A entrega do robotáxi e a conquista de um mercado ainda incipiente e rigidamente regulamentado serão fundamentais para a Tesla.
Este ano, Musk descartou planos da Tesla para a produção de um carro menor e mais barato em meio à desaceleração da demanda por veículos elétricos no mundo e mudou o foco da empresa para o avanço da tecnologia de direção autônoma. O negócio de táxis sem motorista pode catapultar o valor de mercado da Tesla para US$ 5 trilhões, disse ele, de cerca de US$ 700 bilhões atualmente.
“Os veículos de dois lugares são propostos há décadas como veículos de deslocamento. Eles simplesmente não decolaram”, disse Sam Fiorani, vice-presidente da empresa de pesquisa AutoForecast Solutions. A Tesla precisará eventualmente produzir modelos autônomos maiores, disse ele.
Blake Anderson, analista sênior de investimentos do Carson Group, um investidor da Tesla, disse que se o Cybercab é o modelo de mercado de massa de baixo custo para ampliar o apelo da montadora, o design de dois assentos não faz sentido.
“Provavelmente é uma forma de introduzir algo rapidamente no mercado”, disse ele.
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