Conteúdo editorial apoiado por

Demanda firme por carne da América do Sul favorece Minerva Foods

Países da região ganham espaço com a redução da oferta dos EUA

Fernando Lopes

Publicidade

Maior exportadora de carne bovina da América do Sul, a brasileira Minerva Foods vê na conjunção formada pela abertura de novos mercados para a proteína produzida na região, pelo ciclo pecuário favorável em Brasil, Paraguai e Uruguai e pela oferta ainda restrita de gado nos Estados Unidos boas perspectivas para seus negócios em 2024. Enquanto isso, a companhia aguarda a aprovação da aquisição de 16 plantas da Marfrig em Brasil (11), Uruguai (três), Argentina (uma) e Chile (uma) pelos respectivos órgãos reguladores, o que vai lhe conferir um poder de fogo ainda maior para ampliar vendas e elevar margens desde que o cenário permaneça favorável..  

“Nunca, na nossa história, tivemos tantas opções de mercados para as vendas”, afirmou Fernando Galletti de Queiroz, presidente da Minerva, em teleconferência com analistas na manhã desta terça-feira. Nesse sentido, o executivo destacou as aberturas, no quarto trimestre do ano passado, do mercado dos EUA para a carne bovina do Paraguai, onde a empresa tem cinco plantas de abate, e da China para a proteína da Colômbia, país em que está presente com duas unidades. Lembrou, ainda, que mais dois frigoríficos da Minerva receberam sinal verde da China, em janeiro, e que também cresceu o número de fábricas aptas a vender para Indonésia e México.

 

Fernando Galletti de Queiroz, CEO da Minerva (Divulgação)

Não por coincidência, o mundo está se abrindo cada vez mais para a carne bovina da América do Sul em um período de restrição da oferta de gado nos Estados Unidos, grandes exportadores que vivem um ciclo pecuário negativo para os frigoríficos – o rebanho de vacas é o menor no país desde 1952, e a produção continua menor que a demanda, daí a abertura para as exportações paraguaias. Entre os meses de outubro e dezembro do ano passado, a Minerva respondeu por cerca de 20% dos embarques totais de carne bovina da América do Sul, e esses embarques representaram 67,2% da receita bruta de R$ 6,5 bilhões da companhia no período. 

A China se manteve como principal destino das exportações da empresa a partir da América do Sul, mas sua fatia na receita total das vendas ao exterior recuou para 28% no quarto trimestre de 2023 – em todo o ano passado, a participação foi de 32%.. No mercado chinês, os preços da carne continuam sob pressão, também influenciados pela ampliação da oferta local, inflada pelo abate de fêmeas, o que levou a Minerva a reduzir sua exposição. Nesse contexto, as perspectivas de incremento dos embarques para mercados que sofrem com a queda da oferta de carne americana, como o Extremo Oriente, tendem a colaborar para um melhor equilíbrio da rentabilidade das operações da companhia.

Também por isso, mas sobretudo de olho na tendência de expansão das vendas para o próprio mercado dos EUA, a Minerva ampliou os abates no quarto trimestre de 2023, fortalecendo a oferta disponível para exportação neste início de ano. Paralelamente, a companhia projeta aumento do consumo de carne bovina em 2024 no Brasil, mercado importante para o escoamento da produção no próprio país e para as exportações a partir das plantas localizadas no Paraguai, no Uruguai e na Argentina.

Continua depois da publicidade

ATIVOS DA MARFRIG

Na teleconferência com analistas, o CFO da Minerva, Edison Ticle, afirmou que a empresa espera que as aprovações regulatórias necessárias para a incorporação dos ativos adquiridos junto à Marfrig estejam concluídas no segundo semestre. Para fortalecer sua estrutura financeira, em parte por causa dessa grande aquisição (fechada por R$ 7,5 bilhões), a companhia concluiu, no início de outubro, a oferta de sua 13ª emissão de debêntures simples, no valor de R$ 2 bilhões, e concluiu, neste mês, a 14ª emissão, também de R$ 2 bilhões.  

RESULTADOS

Continua depois da publicidade

Como já informou o IM Business, a Minerva encerrou o quarto trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 19,8 milhões, ante prejuízo líquido de R$ 25,7 milhões em igual intervalo de 2022, e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) relativamente estável (R$ 605,9 milhões). A receita líquida recuou 9,8%, para R$ 6,166 bilhões, reflexo de preços mais baixos e de um impacto de R$ 1,5 bilhão, sem efeito caixa, provocado por uma mudança de normas contábeis na Argentina.

Em todo o ano passado, o lucro líquido da Minerva diminuiu 39,6% ante 2022, para R$ 395,5 milhões, o Ebitda teve redução de 9,7%, para R$ 2,563 bilhões,e a receita líquida foi 12,9% menor (R$ 26,892 bilhões). A empresa destacou, em comunicado, que em 2023, seu fluxo de caixa livre recorrente, ajustado por aquisições – da australiana ALC, do segmento de cordeiros, e da uruguaia BPU, de carne bovina -, totalizou R$ 535,7 milhões, e que, desde 2018, acumula R$ 6,5 bilhões nessa frente. 

“A alavancagem líquida no fechamento de 2023, medida através do múltiplo dívida líquida/Ebitda dos últimos 12 meses, encerrou o [quarto] trimestre em 2,8 vezes, ajustada pelo Ebitda pro-forma de BPU e também pelo montante de R$ 1,5 bilhão desembolsado, relativo ao pagamento inicial da aquisição dos ativos da Marfrig América do Sul”, informou a Minerva. De acordo com Ticle, a alavancagem deverá voltar aos níveis de antes da aquisição dos ativos da Marfrig, entre 2 e 2,5 vezes, em 18 a 24 meses após a aprovação da compra pelos órgãos regulatórios.