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“De dentro para fora, de fora para dentro”: Pátria mira brasileiros no crédito

Gestora está expandindo empreitadas na linha de títulos de crédito para investidores institucionais e pessoas físicas

Iuri Santos

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Com o objetivo de melhorar a pulverização do passivo dos investimentos e a comunicação com cotistas, além de melhorar os custos operacionais, o Pátria Investimentos está fortalecendo sua relação com investidores brasileiros nos seus fundos de crédito privado. O movimento começou com uma aproximação junto aos investidores institucionais e agora chega a pessoas físicas. A gestora, que tem ampliado o portfólio relacionado a títulos de crédito, vê oportunidades com as mudanças regulatórias relacionadas a produtos incentivados e já estrutura novas empreitadas no segmento.

“O nosso objetivo é ter uma expansão geográfica de dentro para fora, e de fora para dentro. É um ângulo de exposição que não tínhamos até agora”, diz o sócio responsável pelas operações de crédito do Pátria no Brasil, Alexandre Coutinho. A avaliação é que operações atreladas ao crédito privado são simplificadas quando feitas com investidores locais. “Explicar o que é o CDI para um investidor brasileiro é mais fácil do que para um investidor asiático. Também é mais fácil um brasileiro entender o que são juros exponenciais contabilizados no dia a dia do que um americano ou europeu, acostumados com juros lineares.”

O passo seguinte é aprofundar o relacionamento com investidores brasileiros também na linha de pessoas físicas. “Cada vez mais, tentamos montar uma estrutura com relação de risco e retorno diferenciadas para pessoas físicas”, afirma o executivo. Em março, o fundo Pátria Crédito Estruturado 365, primeiro veículo de crédito destinado a esse público do Pátria, completou um ano e está completamente alocado, com quase 70% da carteira aplicada em securitizações e um retorno médio diário de CDI mais 2,5% aos cotistas.

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Acostumado a fazer “a mesma coisa, com uma roupagem diferente”, o Pátria baseia sua incursão no crédito em contribuição de sinergias das áreas de private equity, infraestrutura e real estate que compõem o restante dos seus fundos. “Aproveitamos a inteligência dessas áreas para minimizar o risco de crédito”, aponta Coutinho. A gestora tem aproveitado o contato com empresas e conselheiros próximos para estruturar a busca por ativos de crédito.

Essa lógica guia futuras iniciativas com veículos baseados em títulos incentivados. Para Coutinho, a proximidade com a originação e a estruturação de operações, somada às mudanças na regulamentação sobre CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) instituídas pelo CMN no início do ano, deve resultar em novos produtos com base nesses papéis. “Temos alguns produtos interessantes, mas ainda não estão completamente fechados os desenhos e a estrutura”, diz.

Uma das principais diferenças entre os veículos de crédito e equity no Pátria reside no perfil das empresas. Investidas em participação, por regra, miram empresas com crescimento robusto, enquanto nas linhas de crédito a regra é procurar por empresas mais “monótonas”. “Assim, conseguimos colocar dívida, colocar covenants [garantias para credores] que seguram o crescimento para não haver exagero”, pontua Coutinho. A empresa não oferece, e nem pode, crédito às suas investidas em participação.

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Em fevereiro, foi anunciado um fundo sob gestão do Pátria ancorado com recursos da International Finance Corporation (IFC, do Banco Mundial), do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF, em espanhol) e do Pátria Investimentos. Batizado de Pátria Infra Crédito FIDC, o fundo nasce com pouco mais de R$ 1,5 bilhão de recursos comprometidos e com capacidade inicial para aportar R$ 1 bilhão em projetos de mobilidade, transição energética, saneamento e infraestrutura de dados para projetos de pequeno e médio porte, linha em que a gestora ainda não atuava.

Os dois principais fundos da casa na linha de crédito são o Pátria Crédito Estruturado, um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) brasileiro com R$ 1,4 bilhão sob gestão, e o Moneda Deuda Latinoamericana, veículo internacional com RS 12,7 bilhões administrados.

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Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.