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De casa arrumada: os planos da Vitacon para IPO e mudança de perfil no negócio

Empresa obteve melhor 1º tri da história e aposta em parcerias, sobretudo com shoppings, para alavancar os negócios

Felipe Mendes

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A incorporadora paulistana Vitacon passou os últimos dois anos arrumando a casa. Reforçou a estrutura de governança, anunciou parcerias importantes, expansão geográfica e acelerou o lançamento de novos projetos. Este ano, por exemplo, o valor geral de vendas (VGV) estimado pela empresa deve bater a marca de R$ 2 bilhões pela primeira vez na história. Tudo isso com o intuito de realizar sua tão sonhada abertura de capital (IPO, na sigla em inglês), conforme antecipado pelo InfoMoney no início deste ano.

Mas a empresa tem um olhar desconfiado sobre a abertura da janela para IPOs ainda este ano. Se no início de 2024, esperava-se que o segundo semestre guardaria boas oportunidades para aberturas de capital na bolsa, o que se viu foi o Ibovespa andando de lado e a taxa de juros caindo a conta-gotas, fatores que prejudicam a retomada do calendário de IPOs no país. “Ninguém tem muita clareza de quando será esse momento.

ASSISTA: Entrevista com Ariel Frankel ao podcast Do Zero ao Topo

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Eu acho que essa janela deve acontecer em mais ou menos seis meses, que podem ser 12, e que pode nem acontecer do jeito que estamos esperando”, afirma Ariel Frankel, CEO da Vitacon, ao InfoMoney. “O lado que a gente controla é a preparação, seja em termos de governança ou tamanho da companhia, com um cronograma do que vamos fazer nos próximos anos. Essa lição de casa está muito bem feita.”

A Vitacon registrou vendas líquidas avaliadas em R$ 241,1 milhões no primeiro trimestre deste ano, o melhor de sua história e um volume 83% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Até o final de 2024 serão entregues nove lançamentos, com a projeção de chegar a R$ 2 bilhões em vendas, incluindo estoques e novas construções — cinco projetos já foram entregues este ano. “A gente se preparou muito bem nesses últimos 18 meses para de fato termos terrenos e locais ‘fora da curva’. Isso nos deixa em uma posição de ter escolhas, não só falando de IPO em si, mas no geral”, comenta Frankel.

Fundada em 2009, a incorporadora ganhou notoriedade ao antecipar a tendência de dormitórios compactos, com cerca de 25 metros quadrados. O público-alvo da empresa era estudantes e trabalhadores que queriam morar nas principais regiões da cidade de São Paulo e que não se importavam tanto com o tamanho do apartamento. A pandemia de Covid-19, no entanto, forçou a empresa a repensar esse modelo e dividir melhor os “ovos nas cestas”. “Quando teve a pandemia, ninguém sabia quanto tempo ela ia durar, então a gente fez mudanças no nosso produto, muito mais nas áreas comuns. A gente queria aprimorar a qualidade no estilo de vida dos moradores: fizemos áreas para delivery, salas de reunião e estúdios de podcast”, diz Frankel. “Hoje, a gente não vê o home office como uma ameaça.”

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Em São Paulo, os projetos da empresa estão em torno de bairros como Brooklin, Itaim Bibi, Jardins, Pinheiros, Vila Madalena, Vila Mariana e Vila Olímpia. A joia da coroa do atual portfólio é um empreendimento na Bela Vista, envolto a diversos hospitais, shopping center e estações de metrô. “É um projeto grande. São aproximadamente 500 unidades e um VGV na casa de R$ 350 milhões, a maior entrega do segundo semestre. Ele junta transporte, com shoppings e 11 hospitais gigantes. Estamos praticamente em um hub da saúde”. O VGV dele tá na casa de 350 milhões, é o maior do semestre”, diz o CEO.

Uma vertente nova para a empresa é a parceria com shopping centers. A Vitacon firmou, em 2022, uma parceria com a brMalls, atual Allos, para a construção de 20 torres em sete unidades da administradora de shoppings. O primeiro projeto, com VGV de mais de R$ 800 milhões, será inaugurado em 2025. Serão duas torres residenciais localizadas junto ao Shopping Tamboré, em Barueri. O investimento no projeto está em torno de R$ 400 milhões. “Estamos animados com isso. Teremos em torno de 700 unidades nesse projeto, variando de um a três dormitórios, cada, com apartamentos de 40 a 200 metros quadrados”, diz Frankel. “A gente vai surfar o potencial de mais de 1,2 milhão de pessoas que passam pelo Shopping Tamboré por mês”. A ideia é replicar esse modelo para outros projetos.

Uma unidade da incorporadora também está sendo erguida na Vila Olímpia para atender uma parceria com a escola de negócios G4 Educação, dos empresários Tallis Gomes e Alfredo Soares. A ideia é que o empreendimento se torne um espaço para a interação entre estudantes e investidores. “O G4 é um lugar de eventos que todo mês recebe de cinco a sete mil alunos para passar dias, às vezes mais de uma semana, e a maioria vem de fora de São Paulo”, diz Frankel. “O que nós estamos fazendo é a aprimoração do nosso negócio, sendo flat, hotel ou residence, o que o cliente quiser.”