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Criada em 2016 em Teodoro Sampaio, no interior de São Paulo, a ACP Bioenergia, uma das maiores produtoras independentes de cana-de-açúcar do país, está ampliando sua aposta na diversificação de culturas e regiões de plantio para diluir riscos e acelerar sua expansão.
A expectativa da empresa é que a estratégia, sustentada por investimentos em governança e acesso regular a financiamentos no mercado de capitais, leve sua receita líquida a alcançar R$ 800 milhões em 2023, quase o dobro do valor registrado em 2022, quando os resultados foram prejudicados pelo clima adverso que afetou os canaviais da região Centro-Sul do país.
O clima mais favorável, segundo Alexandre Candido, CEO da ACP, deve contribuir para este crescimento, com o incremento da produtividade média das lavouras de cana. Mas a expansão da área plantada também vai impulsionar o faturamento e o resultado líquido previsto, que poderá crescer de R$ 7 milhões, no ano passado, para quase R$ 100 milhões em 2023.
Na safra sucroalcooleira 2022/23, encerrada em março passado, a companhia operou 42 mil hectares de cana em quatro polos produtivos e nesta temporada 2023/24, que começou em abril, a área em operação cresceu para 58 mil hectares, em seis polos – Teodoro Sampaio, Nova Alvorada do Sul (MS), Rio Brilhante (MS), Brasilândia (MS), Campina Verde (MG) e Edéia (GO).
Além disso, a ACP vai cultivar, a partir de setembro, 18 mil hectares com grãos (soja no verão, milho no inverno), principalmente em Marianópolis (TO), mas também em áreas de rotação com a cana.
“E continuamos investindo em expansão. Já plantamos quase 20 mil novos hectares com cana este ano e, até 2027, queremos chegar a um total de 100 mil hectares, além de 20 mil hectares de grãos”, afirmou Candido ao IM Business. Segundo ele, a ampliação da área de grãos será também em Tocantins e está nos planos, ainda, iniciar a produção de amendoim ou gergelim, em rotação com a cana.
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Nos últimos anos, os aportes da ACP na consolidação de seu mapa produtivo superaram R$ 300 milhões. Boa parte dos recursos foi garantida com quatro emissões de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) realizadas desde 2013, que resultaram na captação de R$ 338,7 milhões.
“O CRA é uma boa alternativa e junto com as emissões desenvolvemos toda uma disciplina financeira que é fundamental para um negócio como o nosso. Estamos planejando uma nova emissão ainda neste ano”, adiantou Candido. A governança da ACP também ganhou fôlego com a entrada de Dimitrios Markakis como sócio, com 20% de participação, no fim de 2020, depois que o empresário vendeu a fatia que ainda detinha na varejista de materiais de construção Dicico.
Embora as margens de lucro na produção etanol de estejam estreitas ou negativas para as usinas no mercado doméstico, as cotações mais elevadas do açúcar têm oferecido sustentação aos preços da cana, o que favorece os negócios da ACP. Soja e milho, por sua vez, continuam remuneradores, embora em patamares mais baixos que nos últimos anos.
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Alexandre Candido está à frente dos negócios agrícolas da família desde o início dos anos 2000, quando voltou a Teodoro Sampaio, após formar-se em Administração no Mackenzie, em São Paulo, e ter ajudado a trazer para o Brasil a marca de equipamentos de ginástica para academias Reebok Fitness.
Em parceria com o irmão André Candido, iniciou a profissionalização da empresa familiar, que já operava desde os anos 1990 e entre 2007 e 2013 foi sócia da Usina Conquista do Pontal, em Mirante do Paranapanema (SP) – para a qual a ACP é a maior fornecedora de cana atualmente.
Com o objetivo de diluir riscos climáticos, a diversificação geográfica começou em 2015, em Mato Grosso do Sul, um ano antes da criação da ACP Bioenergia. Em 2018, já em Goiás, a companhia iniciou o fornecimento da matéria-prima para a Usina Tropical, da BP Bioenergia, que mais tarde se juntou à Bunge na joint venture BP Bunge Bioenergia.
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Hoje, segundo Candido, a ACP, cuja sede ele migrou para Ribeirão Preto (SP), não tem interesse em voltar ao processamento, seja de cana ou grãos – frente em que a empresa passou a apostar na safra 2018/19 e que, atualmente, está sendo fortalecida por meio de uma parceria com a trading Czarnikow.
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