Conteúdo editorial apoiado por

Cria.AI gera documentos jurídicos com IA e promete economia de 3h por petição

Legaltech promete evitar perda de tempo dos advogados na redação de documentos jurídicos

Maria Luiza Dourado

Publicidade

A história da Cria.AI – Inteligência Jurídica demonstra como a inteligência artificial (IA) pode impactar positivamente a vida do trabalhador — mais especificamente, dos profissionais do mundo jurídico. Fundada em janeiro de 2023 e incubada pelo MIDITEC, da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), a legaltech que tem como missão evitar a perda de tempo dos advogados na redação de documentos jurídicos já conquistou meio milhão de reais em investimentos.

Com a assinatura da plataforma da Cria.AI, o advogado escolhe o tipo de documento que deseja gerar, entre uma gama de possibilidades, e descreve os fatos. Com base nessa descrição, a IA busca na legislação e na jurisprudência quais linhas argumentativas são ideais para aquele caso, consultando a base de dados da Cria.AI. A tecnologia indica o dispositivo legal utilizado para aquela decisão, a citação exata — seja um artigo ou uma jurisprudência. “A partir daí, o advogado interage com a plataforma e gera o seu documento”, explica Vittório Girardi, cofundador da Cria.AI.

Com foco em advogados autônomos, a assinatura da plataforma tem preços acessíveis, que variam de R$ 49,99, permitindo a emissão de cinco documentos mensais, até R$ 139,90, que confere a possibilidade de emissão de até 40 documentos. Além disso, a empresa elabora planos personalizados, que têm um preço mais elevado para atender a uma demanda também elevada.

Caio Coelho, outro cofundador da empresa, relata que, a partir de testes com mais de 5 mil advogados, a estimativa é que a Cria.AI possibilite uma economia de três horas por documento do tipo petição. “Considerando as petições de um ano inteiro nesse universo, a economia seria de 25 mil horas — o que se traduz em R$ 10 milhões anuais, levando em conta a média de preço da hora técnica do advogado segundo a tabela da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)”, explica.

“Recebemos relatos de advogados autônomos que, devido à economia de tempo proporcionada pela nossa plataforma, estão assumindo mais casos e, assim, aumentando seu faturamento”, complementa Girardi.

Com a popularização da inteligência artificial nos últimos meses, especialmente dos chatbots como o ChatGPT, surgiram casos de advogados punidos pela Justiça por utilizarem esse tipo de IA para elaborar documentos jurídicos — situações diferentes da solução da Cria.AI, que opera de forma ética e legal, segundo seus fundadores.

Continua depois da publicidade

“A diferença é que, com a Cria.AI, o advogado consegue verificar a citação exata do dispositivo legal, como leis e jurisprudências, evitando as ‘alucinações’, que consistem na invenção de informações, algo inerente à IA generativa. Para evitar isso, nossa plataforma utiliza outras inteligências artificiais além da generativa, totalizando mais de 7 camadas durante a geração de um documento jurídico. Além disso, nossas IAs são treinadas com base na jurisprudência e doutrina brasileira, o que aumenta a performance e a assertividade dos documentos”, explica Coelho.

Exemplos de embasamentos buscados pela Cria.AI para a elaboração de documento jurídico (Divulgação)

Números

Em outubro de 2023, a empresa recebeu seu primeiro aporte em capital da Preâmbulo Office, um ecossistema de soluções jurídicas, proprietário do software mais utilizado por grandes escritórios de advocacia no Brasil. Na primeira tranche, o aporte à Cria.AI foi de R$ 250 mil, e na segunda, também de R$ 250 mil, totalizando R$ 500 mil.

“Só começamos a faturar em janeiro de 2024 e fomos crescendo desde então, tracionando a empresa. Em julho, nosso melhor mês até agora, o crescimento de receita foi superior a 60% em relação ao mês anterior. Temos 400 pagantes atualmente”, conta Coelho.

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.