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Cosmético “pra cachorro”: Dolce Pet disputa mordida de um mercado bilionário

Empresa baiana de "pet care" fabrica mais de 200 produtos para cães gatos, investe R$ 1 milhão por ano em tecnologia e se prepara para exportar

Mitchel Diniz

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Grandes empresas concorrem com pequenos e médios empreendedores por uma fatia do concorrido mercado pet brasileiro, que se prepara para faturar R$ 76,3 bilhões este ano. A cifra prevista pelo Instituto Pet Brasil leva em conta todas as camadas desse setor, incluindo alimentação (que corresponde à metade do bolo), serviços veterinários e a parte de pet care, que abrange produtos de higiene e bem-estar. Este último segmento tem uma participação menor no montante total, mas é o que mais cresce ano a ano. Avançou 17,4% em 2023, movimentando R$ 3,9 bilhões no período.

Uma rápida pesquisa no Google por “cosméticos para pets” leva a produtos de dezenas de marcas diferentes. Empresas tradicionais, como Boticário e Granado, estão no páreo e disputam o melhor posicionamento nas buscas online com players menos conhecidos. O pet care tem apelo internacional e chegou inclusive ao mercado de luxo. Recentemente a Dolce & Gabbana lançou um perfume para cães pela bagatela de 100 euros. 

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Perfume baiano de fixação gringa

Voltando ao Brasil, o Grupo Dolce Pet, que nada tem a ver com a marca italiana, vem expandindo negócios dentro desse nicho, trazendo uma característica típica da perfumaria internacional: aromas de fixação duradoura. A empresa baiana investe R$ 1 milhão por ano em tecnologia de encapsulamento de fragrâncias e aposta nessa característica como diferencial para superar a concorrência acirrada. A estratégia parece estar dando certo: as receitas do Dolce Pet avançam de 30% a 35% por ano, de acordo com a empresa, que não abre o faturamento. 

“A cada ano lançamos entre 40 e 60 produtos novos”, contou Marcelo Miranda, um dos três sócios-fundadores do grupo, ao InfoMoney. O Dolce Pet trabalha com três marcas e tem em torno de 210 itens em seu portfólio – mais opções do que muitas empresas de cosméticos “humanos” oferecem por aí. E tudo o que é vendido pelo grupo parece ter sido feito para “gente”: tem máscara capilar, leave in, colônias e até produtos antioleosidade. 

Dolce Pet: mais de 200 tipos de cosméticos para cães e gatos (Crédito: Divulgação)

“Alguns tutores também usam”, revela Miranda. “Eles testam neles mesmos antes de colocar no animal e acabam gostando”. Os cosméticos fazem parte das rotinas de banho e tosa dos pet shops de bairro, mas também são bastante difundidos nos grandes concursos de groomers, os “cabeleireiros” do mundo pet. 

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Para pets, testado em humanos

Curiosamente, antes de se tornar uma indústria de pet care, o grupo Dolce Pet se preparou para produzir cosméticos convencionais. “Ficamos seis anos aguardando uma liberação do Ministério da Agricultura para produzir uma linha completa de produtos para a parte animal, com condicionador, shampoo e máscara. Como não saía, decidimos seguir adiante com cosmética humana”, conta o fundador. 

Mas antes de lançar o primeiro produto no mercado, os sócios por fim conseguiram a liberação para seguir com a ideia original. Hoje, tanto a produção quanto a parte de pesquisa e tecnologia de novos produtos acontecem na unidade fabril do grupo em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador. A fábrica produz 550 mil litros por mês e já chegou a 60% de sua capacidade.

A indústria de cosméticos para pets tem regras rigorosas e é cheia de particularidades. A sensibilidade da pele dos animais é diferente da dos humanos e o olfato dos “peludos” é mais aguçado. É comum as fabricantes, como o Dolce Pet, apostarem em linhas orgânicas e veganas. O produto, obviamente, também não pode ser testado nos bichinhos.

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Marcelo Miranda (à esquerda), Camilla Galvão e Marcelo Pontes: sócios do Grupo Dolce Pet (Crédito: Divulgação | José de Holanda)

Exportações e diversificação

Em termos de distribuição dos produtos, Miranda diz que “valoriza a pulverização” dos canais de venda. Os itens do Dolce Pet hoje são encontrados em grandes varejistas como Petz, Cobasi e Petlove, tanto nas lojas físicas quanto no e-commerce dessas empresas. “Mas temos um cuidado muito grande com os pequenos”, afirma o fundador, reforçando a importância de levar os produtos para bairros populares, onde as grandes varejistas muitas vezes não estão. “Nosso  produto não é barato, mas rende muito”, avisa. 

A ideia de um e-commerce próprio, para venda direta ao consumidor final, por enquanto, está descartada. “Não queremos atritar com os nossos clientes”, diz o fundador. O foco, no momento, é expandir mercados e levar o produto até mesmo para fora do país.

O grupo Dolce Pet diz que já tem alguns clientes no exterior e estruturou uma operação para exportar. A empresa baiana mira em mercados como Argentina, Chile, Estados Unidos e Índia.

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Paralelo a isso, Miranda e os sócios trabalham para colocar uma nova vertical de negócios de pé: um braço farmacêutico para pets. Até o final do ano, o grupo deve lançar uma primeira linha de suplementos vitamínicos voltado a animais de estimação. O foco é a prevenção de doenças. A tendência que já vem sendo observada há algum tempo na indústria farmacêutica convencional chegou ao mercado pet. Mais uma.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados