Conheça a Jinjiang, empreiteira da BYD acusada por trabalho análogo à escravidão

Empresa é acusada pelo Ministério Público do Trabalho por manter trabalhadores em "condições análogas à escravidão"

Reuters

Canteiro de obras da nova fábrica de veículos elétricos da BYD em Camaçari, Bahia, em 17 de novembro de 2024. REUTERS/Adriano Machado
Canteiro de obras da nova fábrica de veículos elétricos da BYD em Camaçari, Bahia, em 17 de novembro de 2024. REUTERS/Adriano Machado

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XANGAI (Reuters) – O grupo chinês Jinjiang está no centro das atenções após autoridades do Brasil dizerem que os trabalhadores de uma fábrica que está sendo construída para a fabricante de veículos elétricos BYD foram vítimas de tráfico humano e trabalho em “condições análogas à escravidão”.

A Jinjiang rejeitou a acusação sobre trabalhadores em condições análogas à escravidão e não respondeu a um pedido de comentário sobre a alegação de tráfico. O Ministério das Relações Exteriores da China disse que está se comunicando com o Brasil e que o país asiático exige que as empresas chinesas operem em conformidade com a lei.

A empresa

De capital privado, a Jinjiang — o nome significa “artesão de ouro” — foi fundada em 2002 e está qualificada para prestar serviços de construção de propriedades. Sua sede fica em Shenzhen, a cidade no sul da China que também abriga a BYD.

O Sichuan College of Architectural Technology publicou nas redes sociais em 2021 que a Jinjiang tinha uma equipe de 1.500 funcionários e uma receita anual de 3 bilhões de iuanes (equivalente a 400 milhões de dólares).

A Jinjiang é controlada pelo presidente Ma Jianwei, cujas informações pessoais não estão disponíveis, de acordo com os registros do banco de dados de empresas chinesas Tianyancha.

Trabalho para a BYD

Além da fábrica no Brasil, a Jinjiang trabalha na construção de fábricas da BYD em toda a China, em cidades como Changzhou, Yangzhou e Hefei, de acordo com os registros do Tianyancha e de anúncios de emprego em sites e redes sociais chinesas.

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A Jinjiang estava procurando trabalhadores para a construção das fábricas da BYD em Xian, Shaanxi e Zhengzhou, de acordo com anúncios de emprego de recrutadores no aplicativo de mensagens WeChat no mês passado.

A empresa ajudou a BYD a construir seu sistema de monotrilho elevado Skyrail na China, conforme publicações do governo local.

A Reuters não conseguiu estabelecer se a Jinjiang estava trabalhando em projetos da BYD na Hungria, no México, na Tailândia e no Uzbequistão, mas as publicações de recrutamento da empresa mostram que ela está contratando para vários cargos na Hungria, incluindo motorista de empilhadeira e especialista em logística.

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A Jinjiang também está recrutando engenheiros hidráulicos e de estruturas de aço na Turquia e tradutores de turco, espanhol, português e húngaro, de acordo com publicações que não mencionam a BYD.

Segurança no trabalho

De 2018 a 2022, a Jinjiang foi condenada pelos tribunais chineses a indenizar os trabalhadores em cinco disputas envolvendo acidentes de trabalho e lesões, de acordo com o Tianyancha. A empresa foi multada em três casos em 2023 e 2024 por violar as normas de segurança do trabalhador, conforme o banco de dados.

Um registro de multas também mostrou que, em maio de 2022, um trabalhador em um canteiro de obras da BYD em Hefei foi morto em um acidente. A Jinjiang, principal empreiteira do projeto, foi multada em 310 mil iuanes (US$ 1,9 mil), juntamente com duas subempreiteiras, pelas autoridades locais em 2023 por não implementar medidas de segurança.

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Resposta da Jinjiang e da BYD

A Jinjiang disse em sua conta no Weibo que a descrição dos trabalhadores como “escravizados” no Brasil é imprecisa e que houve mal-entendidos na tradução.

A empresa postou um vídeo de um grupo de trabalhadores chineses, um deles lendo para a câmera uma carta dizendo que a alegação de que eles haviam sido resgatados insultava sua dignidade. Segundo a Jinjiang, os trabalhadores haviam assinado a carta em conjunto.

O trabalhador não identificado afirmou que eles estavam chocados com a possibilidade de serem mandados para casa, que queriam manter seus empregos e continuar trabalhando no Brasil.

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A BYD disse inicialmente que havia cortado os laços com a Jinjiang. Mas a declaração da Jinjiang foi posteriormente republicada online por um executivo da BYD, que acusou “forças estrangeiras” e alguns veículos de imprensa chineses de “difamar deliberadamente as marcas chinesas e o país e minar o relacionamento entre a China e o Brasil”.

O Ministério Público do Trabalho do Brasil disse que a BYD e a Jinjiang concordaram em ajudar e a abrigar em hotéis 163 trabalhadores, até que se chegue a um acordo para encerrar seus contratos.