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Como o consórcio impulsionou as vendas da REM em 2023

Diante de juros de dois dígitos, clientes de alta e média renda evitaram financiamentos tradicionais para adquirir imóveis da empresa

Rikardy Tooge

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Em um ambiente de juros ainda altos, que inibem tomada de financiamentos de longo prazo, o consórcio tem sido uma saída mais atrativa no quesito custo de capital para a compra de imóveis de alta e média renda, de acordo com números recentes do setor. A REM, incorporadora e construtora que trabalha com esse nicho de mercado na cidade de São Paulo, comprova a tese e viu suas vendas crescerem mais de 8% neste ano até setembro em relação aos 12 meses de 2022.

“De uns seis meses para cá, vimos uma demanda maior pelo pagamento por meio de cartas contempladas”, reforça Rodrigo Mauro, CEO da REM, que registrou R$ 130 milhões em valor geral de vendas (VGV) até o fim do terceiro trimestre. “Tivemos que adaptar nosso operacional para lidar com as cartas, que possuem um prazo de pagamento maior”, acrescenta.

De acordo com dados mais recentes da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), de janeiro a setembro, as contemplações de consórcios no segmento imobiliário representaram cerca de 14% da participação dos imóveis financiados no período, ou um a cada sete imóveis comercializados, injetando algo próximo a R$ 16 bilhões neste mercado. “A modalidade vem motivando investidores cujo objetivo maior tem sido a formação ou a ampliação patrimonial ou ainda para locação do imóvel visando a obtenção de renda extra”, escreveu a Abac.

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Mauro explica que a estratégia tem sido mais vantajosa para quem possui uma boa poupança para comprar um imóvel. Em vez de utilizar o recurso na entrada, ele dá o lance no consórcio e obtém uma carta de crédito de valor mais alto do que seria a entrada a um juro relativamente menor, uma vez que o consórcio consegue trabalhar com taxas mais atrativas que um financiamento bancário comum.

Esse movimento, acrescenta, ajudou a incorporadora a bater os números do ano passado. Em 2023, a REM trabalhou com dois lançamentos, um prédio localizado em Perdizes, com VGV estimado em R$ 225 milhões e 100 unidades que vão de 82 a 265 metros quadrados. Há outro projeto no bairro da Mooca, com 42 apartamentos de 167 a 195 metros quadrados e valores entre R$ 2,6 milhões até R$ 3,7 milhões – pelo menos metade das unidades foi comercializada no fim de semana do lançamento.

Com 33 anos de mercado e maior expertise na zona oeste de São Paulo, a REM vem nos últimos anos buscando terrenos em outras regiões da cidade. Um dos motivos é uma natural disponibilidade menor de terrenos considerados premium e, também, a o objetivo de diversificar áreas. “Estamos olhando para bairros como Anália Franco, Tatuapé, Moema, que são regiões que atendem à alta e média renda e que temos potencial de explorar”, reforça Rodrigo Mauro. Para os próximos dois anos, a companhia pretende lançar mais quatro empreendimentos, um prédio na Pompeia e outro na região próxima à Avenida Paulista em 2024, além de edifícios no Alto da Lapa e em Pinheiro em 2025.

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Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br