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Como as chuvas no Nordeste prejudicaram o potencial de lucro da AES no 1º trimestre

Companhia do setor elétrico sofre com queda na capacidade de geração por meio do vento no início deste ano

Felipe Mendes

Energia eólica offshore (Foto: Getty Images)
Energia eólica offshore (Foto: Getty Images)

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Com resultados aquém do esperado pelo mercado, a AES Brasil reverteu lucro em prejuízo no primeiro trimestre deste ano. A empresa encerrou o período com um prejuízo líquido de R$ 102,4 milhões, ante lucro de R$ 60,4 milhões conquistado um ano antes. A explicação da empresa por trás desses indicadores está, sobretudo, nas chuvas fora de época registradas no Nordeste neste ano, que causaram uma anomalia no comportamento dos ventos.

“Ao longo desses três meses, os ventos foram cerca de 15% mais baixos do que a média histórica na região dos nossos parques eólicos. Esse cenário teve uma influência direta na geração eólica do trimestre”, disse Rogério Pereira Jorge, CEO da AES Brasil, em teleconferência para analistas. “Nosso maior impacto foi na geração de Alto Sertão II, na Bahia, que ficou 40% abaixo do volume gerado em 2023; e Salinas, no Rio Grande do Norte, que gerou 33% a menos”, explicou. Segundo ele, o fator de capacidade para o período, calculado em 28%, foi o pior visto nos últimos quatro anos.

O executivo exemplifica que apenas a região Sul, onde a AES opera um parque eólico em Cassino, não sofreu com anomalias na capacidade de geração de ventos no primeiro trimestre deste ano. “No Rio Grande do Norte, onde fica Cajuína, Ventus e Salinas, as chuvas derrubaram por duas vezes a estrada BR-304 no município de Lajes, dificultando o acesso ao parque de Cajuína, por exemplo”, complementa o executivo.

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A empresa, no entanto, tenta ver o “copo meio cheio”. Com a queda na disponibilidade de ventos, houve maior tempo hábil para a realização de manutenções em seus parques eólicos durante o período, o que possibilitará à empresa um maior aproveitamento do potencial de geração dos espaços no segundo semestre, quando os ventos na região são mais fortes.

“Com os ventos muito abaixo da média, nós aproveitamos para antecipar algumas manutenções preventivas que estavam previstas para o segundo semestre, para poder ter maior disponibilidade no terceiro e quarto trimestres do ano”, quando normalmente os ventos costumam ser bem melhores”, diz ele. “Se teve alguma coisa boa nessa safra ruim de ventos do primeiro trimestre foi que ela abriu uma janela de oportunidade para antecipação da manutenção dos nossos ativos, porque quando venta muito, nós não podemos subir os guindastes. Há uma série de restrições para garantir a segurança da manutenção.”

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Se houve anomalia nos ventos, o sol foi abundante no país nesse mesmo período, impulsionando a geração de receita da AES com energia solar. Segundo a empresa, pelo segundo trimestre seguido, houve 100% de disponibilidade. A performance também foi ajudada pelo El Niño, fazendo com que a irradiação aumentasse em 10% e a geração crescesse 5% no primeiro trimestre do ano, passando a 153 GWh. Para aproveitar o potencial do período ensolarado, a empresa está concluindo a construção do parque solar AGV VII, que será inaugurado no segundo semestre deste ano, em Ouroeste, interior de São Paulo. O investimento projetado para o ativo é de R$ 133 milhões.

“A AGV VII terá 33 MW de capacidade instalada. O parque está sendo construído em uma área vizinha aos complexos solares de Boa Hora e Água Vermelha e a obra está dentro do orçamento e cronograma projetados, com mais de 85% de sua construção concluída”, apontou Jorge. “A expectativa é que o parque esteja 100% operacional ainda no terceiro trimestre de 2024. Vale lembrar que com entrada em operação comercial da AGV VII, a AES Brasil conclui a obrigação de expansão com o Estado de São Paulo, que remonta ao período da privatização das usinas hidrelétricas da companhia.”