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Às vésperas de divulgar os resultados do primeiro trimestre do ano – previstos para esta quarta-feira (24) – a Log CP (LOGG3) fez um outro anúncio também muito esperado pelo mercado. A empresa de logística realizou sua primeira venda de ativos no ano, dando sequência a uma estratégia de reciclagem que levantou R$ 1,2 bilhão em 2023, com a venda de 11 galpões. Desta vez, com dois ativos, localizados em Salvador (BA) e Contagem (MG), chegou a praticamente metade dessa cifra, e vai embolsar mais R$ 509,7 milhões.
Com a primeira venda de 2024, a empresa também se aproxima do valor previsto para ser investido na construção de novos galpões no ano, de R$ 850 milhões. “É bem provável que a gente venda um valor equivalente em ativos”, disse André Vitória, CFO da Log CP, em conversa com o IM Business no último dia 4 de abril, antes da empresa entrar em período de silêncio. “Normalmente, para construir 500 [mil metros quadrados], precisamos vender 200. O crescimento líquido é de 300 mil metros de ABL [área bruta locável]”, explicou.
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Na venda dos dois galpões, anunciada na última sexta-feira, a Log obteve margem bruta de 40,9% – acima dos 30% obtidos em 2023. A expectativa da empresa é que esse percentual cresça ainda mais com a redução dos juros da economia, o que aumenta a procura dos compradores pelos galpões e permite a prática de preços mais elevados.
Principal fonte de financiamento
Isso explica porque a venda de ativos caminha junto com a estratégia de crescimento da Log. Como a geração de caixa com aluguéis das propriedades é praticamente toda utilizada para cobrir gastos administrativos e financeiros, os recursos levantados com a venda dos galpões acabam se tornando a principal fonte de financiamento do plano de expansão.
A companhia quer entregar 2 milhões de metros quadrados em galpões logísticos entre 2025 e 2028. O capex previsto na expansão é de R$ 3,5 bilhões, sendo R$ 2,8 bilhões vindos da reciclagem de ativos. “A gente só vai avançar na nossa construção e capex à medida que tivermos sucesso com a venda dos ativos”, diz o executivo.
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Os analistas do Goldman Sachs, contudo, fazem algumas ressalvas sobre esse modelo de financiamento. Eles notam que a empresa leva dois anos para receber uma parcela significativa do valor da venda dos ativos. E ao vender os galpões, eles deixam, imediatamente, de ser fontes de receita para a companhia.
A Log evita fazer novos empréstimos com os bancos por considerar que sua dívida líquida chegou a um nível estável. “A gente não quer mais alavancar a companhia”, diz Vitória. Fazer uma oferta subsequente de ações também não é uma opção considerada no momento, já que o papel da empresa está descontado.
Fim das recompras?
Nos últimos quatro anos, a companhia fez uma série de programas de recompra de ações como “forma de proteger o valor do acionista”, afirma o CFO. “O desconto ainda é muito grande. A companhia é negociada na casa de R$ 22 enquanto seu valor de mercado é R$ 36.”
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Contudo, a quantidade de ações em tesouraria chegou perto do limite permitido, de 5% dos papéis emitidos. “Para continuarmos com as recompras, vamos precisar dar uma destinação aos papéis que estão conosco”, explica Vitória.
Assim, a Log poderá voltar com as ações ao mercado, destinar uma parte à remuneração de executivos, ou cancelar os papéis. “O problema é que isso acentuaria um problema de liquidez”, diz o executivo.
Colocar as ações de volta em circulação ou não é uma decisão que deve partir do conselho de administração da companhia e o assunto, por enquanto, não está na pauta do board. “Acredito que agora no segundo trimestre a gente decida o que vai fazer com as ações em tesouraria. De qualquer forma, o acionista está protegido, porque a ação está em casa”, conclui.