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Fundos de private equity tiveram um 2023 difícil no mundo todo. O quadro de juro alto e de poucas ofertas de ações em Bolsa reduziu drasticamente o número de operações de desinvestimento (venda de ativos do portfólio). Nos Estados Unidos, foi a mais baixa atividade em dez anos, segundo dados da Pitchbook: 1.001 operações, ou metade do pico de 2021.
Para a gestora americana HIG Capital, com US$ 60 bilhões sob gestão, o ano difícil para o setor indicou que a estratégia fora do padrão comum do seu fundo HIG Brazil and Latin America Partners é consistente e está pronta para ser ampliada. Liderado por Fernando Marques de Oliveira, o fundo de US$ 740 milhões com foco em Brasil investe em empresas do chamado “middle market” (com faturamento entre R$ 100 milhões e R$ 1 bilhão), procura sempre adquirir o controle das empresas e não concentra seus ativos em um setor específico.
“Também não contamos com a Bolsa como a grande porta de saída”, diz Oliveira, que começou sua carreira no Icatu e montou o escritório da General Atlantic no Brasil antes de se tornar o presidente da HIG Capital Latin America. “Comprar uma empresa e partir para um processo de consolidação, sem capturar sinergia e só pensando numa operação na Bolsa, é um jogo de roleta”, afirma.
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Os cinco ativos vendidos pelo fundo até agora foram adquiridos por compradores estratégicos. No ano passado, a HIG vendeu a Elekeiroz, maior produtora de intermediários químicos do Brasil, para o grupo Oswaldo Cruz Química, e repassou para o grupo Globo uma fatia na Eletromídia. Antes, já tinha vendido a rede de clínicas de oncologia Amo para a Dasa. Os desinvestimentos geraram ao fundo um retorno de cerca de quatro vezes o valor investido nessas empresas – o HIG Brazil foi aberto em 2016 e seus investidores são todos estrangeiros, entre eles fundos de pensão americanos.
No portfólio do fundo restam ainda 19 empresas, entre elas a centenária Nadir Figueiredo, das marcas Copo Americano e Marinex, a Desktop, maior provedor regional de internet em São Paulo, a Kora Saude, de hospitais, e a FVO, de comida pet.
A HIG fez o IPO (abertura de capital) de Desktop, Kora e Eletromídia, mas não vendeu nada da sua participação nessas ofertas de ações na Bolsa. Nos últimos 12 meses, Desktop acumula alta de 42,44% na B3, Eletromídia sobe 43,56% e Kora, 3%. No mesmo período, o índice Small Caps sobe 31,37%.
Geração de negócios
A maior parte das empresas do portfólio era controlada por famílias, como a Nadir Figueiredo, que já tinha no capital familiares das terceira e quarta gerações quando foi adquirida pela HIG por R$ 836 milhões, em 2019. Encontrar negócios bons entre empresas de média porte Brasil e América Latina afora é um dos grandes desafios do fundo. “Analisamos anualmente cerca de mil empresas com Ebitda entre R$ 25 milhões e R$ 150 milhões”, diz Oliveira, colecionador de arte contemporânea e que já patrocinou instituições como a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) e a Pinacoteca de São Paulo.
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No total, são 100 pessoas dedicadas à operação de investimentos e desenvolvimento de negócios nos escritórios do Rio, São Paulo, Goiânia, Porto Alegre e Recife. Oliveira diz, entretanto, que seu maior trunfo está nos 2 mil advisors (assessores) que trabalham com a HIG no Brasil – profissionais como contadores e corretores imobiliários, espalhados pelo país, que têm contato com empresas médias e famílias empreendedoras. “São pessoas que têm a confiança dos empresários e que nos trazem os negócios. O relacionamento faz toda a diferença.”
Dos US$ 740 milhões do fundo, quase tudo já foi investido – a HIG Latam não revela quanto ainda tem em caixa –, mas a prospecção de novos negócios não parou. Oliveira desconversa sobre a possibilidade de um novo fundo. “O ano vai ser de muita atividade.”
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