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Mais de 3 mil produtores agrícolas brasileiros e argentinos já usaram a tokenização para negociar 230 mil toneladas de grãos em transações, que geraram R$ 350 milhões com 230 empresas dentro do ecossistema da Agrotoken. A companhia, que chegou ao país em 2022, agora prepara sua expansão para o mercado dos Estados Unidos e prevê boas oportunidades no Brasil com avanço do Drex.
Segundo Eduardo Astrada, CEO da Agrotoken, as culturas de soja, milho e trigo do mercado americano somam mais de 540 milhões de toneladas em grãos, colocando o país como um dos maiores produtores globais. “Devemos crescer aproximadamente 10% em 2025 por conta desse novo mercado”, diz.
A modernização do sistema financeiro do Brasil tem colaborado para o desempenho da empresa por aqui. “O assunto ganhou bastante destaque, pois o país lidera a inovação com a moeda digital do Banco Central, o Drex. No entanto, sabemos que ainda é necessário ampliar a divulgação, destacando seus benefícios e vantagens”, diz.
Para o executivo, com a experiência do Pix, o Brasil está preparado para liderar a economia tokenizada, promovendo inovação em várias indústrias. “A regulação e um ambiente favorável para blockchain são cruciais. O Pix transformou a economia brasileira e acreditamos que a tokenização será a próxima grande revolução, colocando o país na vanguarda da economia digital global”, afirma Astrada. “A sinergia entre esses dois setores está criando oportunidades para modernizar e tornar o agronegócio mais eficiente, transparente e competitivo no cenário global”, completa.
Tendências do campo
A startup argentina fundada em 2021 ainda surfa na tecnologia relativamente nova no mercado agrícola. Junto com tendências como agricultura de precisão com uso de sensores no campo, Big Data com análise preditiva de dados e inteligência artificial para automação de tarefas agrícolas, a tokenização aparece como uma novidade do setor.
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“Devemos lembrar que o grão no agronegócio já atua como uma moeda de troca para o produtor rural, com aproximadamente 40% das transações realizadas via barter (troca). O que fizemos foi integrar a tecnologia blockchain a algo que já fazia parte do cotidiano do produtor e da indústria”, diz Eduardo Astrada, CEO da Agrotoken.
Segundo ele, por meio da tokenização, ou seja, criação de ativos digitais em blockchain que representam produtos agrícolas como milho, trigo e soja, os produtores ganham uma forma rápida e eficiente de obter liquidez sem precisar vender fisicamente os grãos.
“A tecnologia blockchain garante transparência e rastreabilidade em todas as transações, aumentando a confiança dos consumidores e compradores ao facilitar o rastreamento dos grãos desde a produção até o consumo final. Além disso, os tokens digitais simplificam os pagamentos, permitindo transações mais rápidas e menos burocráticas em plataformas online”, explica.
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Cada unidade do token, que tem o mesmo nome da empresa, equivale a uma tonelada de grãos vendida e entregue pelo produtor a um armazém. A Agrotoken garante a liquidez dos ativos digitais e permite que os usuários recebam o pagamento sempre que quiserem vendê-los.
Rede de parceiros para acessar o produtor rural
A companhia reconhece que ainda há desafios de comunicação com os produtores rurais, afinal, muitos desconhecem as possibilidades dos grãos digitais. “Nos posicionamos como B2B, onde o produtor adotará a tecnologia quando um parceiro em quem confia recomendar. Ele não precisa necessariamente entender os detalhes por trás da inovação, mas sim reconhecer o valor que ela proporciona, como agilidade e segurança”, explica.
Justamente para tentar mostrar aos produtores que o processo é vantajoso, a Agrotoken ativou uma rede de parceiros estratégicos, como Broto, Bunge, Visa, Basf e Raízen, empresas amplamente conhecidas por quem trabalha no campo. Além disso, a companhia já captou US$ 17,5 milhões em duas rodadas de investimento nos últimos anos.
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O objetivo da empresa é fazer uma espécie de letramento no mercado agrícola e a meta é que os produtores entendam que a tokenização dos grãos pode culminar em redução dos custos operacionais, ao eliminar intermediários e simplificar as transações. “Além disso, a segurança proporcionada pela blockchain protege contra fraudes e adulterações, garantindo a integridade dos ativos dos produtores e das transações”, diz o CEO.
É importante destacar que o mercado agrícola mundial enfrenta desafios complexos de produtividade que afetam diretamente os agricultores. Entre eles estão as mudanças climáticas, as políticas governamentais, a infraestrutura inadequada e as questões ambientais. “Além dos desafios globais, há também o acesso à tecnologia e à inovação, que requer um esforço significativo para disseminar essas soluções no campo. É essencial que todas as partes do ecossistema vejam valor nessas tecnologias e as utilizem em escala”, finaliza Astrada.