Publicidade
O período entre a captura de sinergias e o início do pagamento de dívidas foi crucial para dar confiança à Mobly (MBLY3) na aquisição da participação da SPX Capital na Tok&Stok. Anunciado na noite da última quinta-feira (8), o negócio já se desenrolava há anos, sem consenso, e foi destravado após acordo com credores.
Embora tenha se beneficiado da alta demanda por produtos de móveis e decoração e os programas de auxílio durante a pandemia, a retomada das atividades e o abrupto aumento da taxa de juros serviram para elevar o endividamento da Tok&Stok, que acumulava R$ 365 milhões em 2023.
O desbalanço na estrutura de capital foi uma das razões que levaram à grande desvalorização da empresa, o que permitiu à Mobly levar o controle. “Pelo histórico, pela marca, pela presença física e por tudo que construiu, a Tok&Stok não deveria ter um valor de mercado tão baixo”, avalia o fundador da Varese Retail, Alberto Serrentino.
Em conferência com investidores para explicar a negociação, o CEO da Mobly, Victor Noda, afirmou que a renegociação das dívidas foi o que deu segurança à empresa para entrar no negócio. Em um primeiro momento, o passivo bancária da Tok&Stok deveria começar a ser pago já no começo de 2025, com prazo de cinco anos.
Junto ao anúncio da aquisição, a Mobly publicou também um plano de recuperação extrajudicial para prorrogar o início do pagamento da dívida e alongar os repasses por 10 anos. O cronograma de amortização negociado com os credores prevê o pagamento de 5% da dívida em 2027, 10% em 2028 e, depois a quitação de 14,2% anualmente.
“A confiança que nós temos na captura de sinergias e na velocidade com que conseguimos fazer isso é grande o suficiente para nos dar segurança de que a dívida pode ser servida com tranquilidade pela geração de caixa da empresa combinada”, diz Noda. Embora anote prejuízos em sequência, a Mobly tem empréstimos de R$ 31 milhões.
Continua depois da publicidade
No cenário mais conservador de captura de sinergias elaborado pela consultoria Bain a pedido da Mobly, a empresa deve registrar um adicional anual de R$ 80 milhões, podendo chegar a R$ 135 milhões.
São três as grandes linhas beneficiadas pelas sinergias, segundo a empresa. Em sinergias de custo, onde deve-se chegar a uma economia de R$ 65 milhões a R$ 90 milhões, entram os ganhos com compras diretas, indiretas, cadeia de suprimentos e impostos e taxas; em créditos tributários, devem ser somados de R$ 10 milhões a R$ 15 milhões ao fluxo de caixa anual; outras sinergias, como cross-sell, e-commerce e expansão de prateleira podem levar a ganhos em um intervalo de R$ 5 milhões a R$ 30 milhões em Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) anual.