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Cobasi e Petz: o que as une (e o que as separa)

Uma fusão entre as duas maiores empresas do setor de pets no Brasil é ventilada no mercado: quais são os pontos positivos e negativos de um eventual M&A

Mariana Amaro

Fachada de uma das lojas da Petz: sobreposição com lojas da Cobasi poderia ser entrave para junção das operações (Foto: Divulgação)
Fachada de uma das lojas da Petz: sobreposição com lojas da Cobasi poderia ser entrave para junção das operações (Foto: Divulgação)

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Quem está procurando uma loja da Petz em São Paulo, também pode colocar Cobasi no GPS. Na capital do estado paulista, é bastante comum encontrar uma megaloja ao lado da outra, disputando a atenção e o bolso dos consumidores. Um exemplo: apenas no entorno do estádio Allianz Park, na Pompéia, em um raio de um quilômetro, há duas lojas da Cobasi e uma Petz.

Para analistas de mercado e M&A ouvidos por IM Business, o overlap do parque de lojas e a concentração dos centros de distribuição no estado de São Paulo seriam alguns dos principais entraves em uma combinação de negócios entre as duas maiores empresas de petshops do Brasil.

Segundo esses analistas, grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, possuem, hoje, uma grande sobreposição de pontos de venda. “Juntar isso eventualmente em uma mesma empresa pode resultar em diversos conflitos internos de pontos de vendas, uma “canibalização” que pode destruir mais valor do que agregar para a junção das duas empresas”, avalia Daniel Gildin, sócio da Fortezza Partners.

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A necessidade de reforço da estrutura logística para a combinação das redes também foi levantada por outro analista. “As duas redes, hoje, são suportadas por Centros de Distribuição únicos. E ambos estão localizados no estado de São Paulo, o que não resolveria as questões logísticas e de distribuição nacional de uma nova rede que surja da união entre as duas”, afirmou.

Apesar desses obstáculos, uma eventual união de forças é vista como uma operação com saldo positivo para os envolvidos. “Seria um ganha-ganha-ganha”. Essa é a avaliação de Ricardo Bahiana, partner da B2R. “Mesmo do ponto de vista concorrencial, onde há uma sobreposição entre as redes, e o Cade poderia vir com ‘remédios’ pontuais, a operação poderia melhorar a vida das duas empresas”, avalia Bahiana.

Para a Petz, a maior rede de petshops do Brasil, que faturou cerca de R$ 2,8 bilhões em 2022 e que segue apresentando “resultados fracos, com rentabilidade ainda pressionada pela expansão acelerada, aquisições e o cenário mais complexo”, segundo análise da Eleven Financial, seria a oportunidade de dominar o mercado ainda muito pulverizado.

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Por outro lado, a fusão representaria uma “saída honrosa” para a própria Cobasi, que faturou R$ 2,6 bilhões no ano passado. A fusão enalteceria os aspectos positivos que a companhia de capital fechado tem, daria saída para investidores e destravaria valor, já que a janela para um IPO permanece fechada diante dos resultados que a sua maior concorrente apresenta na Bolsa de Valores.

Para o fundo Kinea, que fez um aporte de R$ 300 milhões na Cobasi em 2021 e remarcou para baixo o valor justo da companhia em fevereiro na ordem de 15%, a união das empresas poderia ser uma porta de saída.

PETZ
Fachada de uma das lojas da Petz: sobreposição com lojas da Cobasi poderia ser entrave para junção das operações (Foto: Divulgação)

Segundo analistas, há mais convergência do que pontos de diferença. As duas redes, por exemplo, usam sistemas semelhantes de assinatura digital para atrair consumidores. Também conta a favor da operação os níveis elevados de governança das duas companhias. “Uma por ser listada e outra por ter um fundo de private equity em seu capital que pode facilitar uma eventual junção do ponto de vista de processos e controles internos”.

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Segundo fontes ouvidas por IM Business, a operação tem sido ventilada no mercado como um balão de ensaio para testar a resposta de investidores. A resposta parece ter sido positiva. Os papéis da Petz chegaram a disparar quase 7% na manhã de ontem, após a empresa divulgar fato relevante informando que, até agora, “não existe qualquer documento, seja preliminar, definitivo ou outro documento vinculante, celebrado nesse sentido com a Cobasi”.

A Petz informou ainda que “no curso normal de suas atividades, continuamente avalia e explora potenciais oportunidades de aquisições e combinações de negócios, incluindo com outros estratégicos do setor”. Procurada, a empresa não se manifestou até a publicação desta reportagem.

A Cobasi, por sua vez, informou por meio da assessoria de imprensa, que não comenta especulações de mercado. “Com o crescimento da repercussão do tema, a empresa esclarece que, apesar de ter havido no passado conversas entre as companhias, não houve evolução e interesse para um acordo”, informou a assessoria.

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Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.