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A quebra da produção brasileira de soja será expressiva neste ciclo 2023/24, é um fato, mas a tendência é que os rendimentos das lavouras plantadas menos precocemente no Centro-Oeste sejam melhores do que os registrados até agora. Já a safrinha de milho terá área menor e menos tecnologia, mas as perdas poderão ser limitadas se o clima ajudar um pouco mais, sobretudo em Mato Grosso. Essas foram algumas considerações levantadas pela Agroconsult nesta quinta-feira, em evento virtual para jornalistas que marcou o lançamento oficial do 21º Rally da Safra, expedição técnica promovida pela empresa para verificar in loco as condições das lavouras de grãos plantadas em todo o país.
A expedição começou no dia 12 e já percorreu polos do médio-norte de Mato Grosso e do oeste do Paraná, entre outros. Nas próximas semanas, todas as principais regiões produtoras de grãos do Brasil serão visitadas, e o cenário traçado pela Agroconsult será posteriormente burilado. Até agora, a empresa projeta que a colheita de soja chegará a 153,8 milhões de toneladas, 3,7% menos que em 2022/23 – e ante um potencial inicial de 169 milhões -, que a primeira safra de milho alcançará cerca de 24 milhões de toneladas, com redução de mais de 10%, e que a área da safrinha do cereal recuará 6%, para menos de 16 milhões de hectares.
“É um ano complicado. Além do clima, os preços dos grãos estão mais baixos, e essa conjunção é um desafio para a gestão financeira dos produtores”, afirmou André Debastiani, sócio da Agroconsult que coordena o Rally. Com o El Niño, o calor e as chuvas irregularidades derrubaram os rendimentos das plantações no Centro-Oeste e na região conhecida como Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), ao passo que as precipitações abundantes – até demais – tiraram um pouco do potencial produtivo no Sul, embora a colheita vá se recuperar na região após os problemas causados pelo La Niña no ciclo passado.
Em Mato Grosso, por exemplo, a Agroconsult estima, por enquanto, que a produtividade média da soja ficará em torno de 52,5 sacas de 60 quilos por hectare, ante 63,8 em 2022/23. Na Bahia, a queda tende a ser de 67 para 58,5 sacas, na mesma comparação, mas no Rio Grande do Sul haverá um expressivo aumento, calculado até agora em 50%, para 55,5 sacas por hectare. “Nas áreas do Centro-Norte que sofreram com calor e falta de chuvas, também tivemos um replantio recorde de soja, que no total chegou a quase 3 milhões de hectares. Em Mato Grosso e no Maranhão, 10% da área teve que ser replantada, enquanto no Piauí o percentual chegou a 12% e na Bahia, a 15%”, disse Debastiani.
“O alento é que, nessas regiões, o que tinha de pior já foi colhido. Para quem não plantou tão precocemente, a tendência é de rendimentos melhores, embora também inferiores aos da safra passada”, pontuou André Pessôa, CEO da Agroconsult. E a diminuição da área de milho safrinha estimada pela empresa para o país será puxada pelo Centro-Norte, já que os problemas que atrasaram plantio e colheita de soja fecharam a “janela” climática ideal para a semeadura de milho em muitas fronteiras. É verdade que os preços baixos do milho já não eram um grande estímulo para os agricultores, mas as intempéries se tornaram um obstáculo a mais. A Agroconsult ainda projeta a safrinha em 94 milhões de toneladas, ante mais de 102 milhões no ano passado, mas esse número poderá recuar após a conclusão do Rally.
DESAFIOS GENERALIZADOS
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Diante desse cenário, sobram desafios para todos os lados, como destacaram patrocinadores da expedição que participaram do evento de hoje. Segundo o banco Santander, a combinação entre quebra de safra e retração de preços torna o horizonte complexo – o que, conforme a Serasa Experian, aumenta os riscos financeiros dos produtores. Os problemas climáticos também favorecem a proliferação de pragas e torna o manejo das lavouras mais difícil, destacou a Basf, e tudo isso chama a atenção para a importância do seguro rural, como realçou a JDT Seguros. Já a OCP e a Biotrop traçaram perspectivas positivas para os mercados em que atuam – fertilizantes e insumos biológicos, respectivamente -, também por causa das expectativas para a próxima safra (2024/25).
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