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Casas Bahia estanca fechamentos de lojas e flerta com ciclo de “normalidade”

Com a operação de sete lojas suspensa pelas enchentes no Rio Grande do Sul, empresa se comprometeu a sacrificar margens para atender a necessidades dos consumidores afetados no estado

Felipe Mendes

Loja Casas Bahia inaugurada no Shopping Aricanduva, em São Paulo (Foto: Divulgação)
Loja Casas Bahia inaugurada no Shopping Aricanduva, em São Paulo (Foto: Divulgação)

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O Grupo Casas Bahia (ex-Via) encerrou o primeiro trimestre do ano com receita líquida de R$ 6,3 bilhões, queda de 13,7% frente ao mesmo período da temporada anterior. O lucro bruto, por sua vez, caiu 17,8% na mesma base de comparação, para R$ 1,9 bilhão. Além disso, também houve prejuízo líquido de R$ 261 milhões no período, decréscimo de 12,2% frente ao primeiro trimestre do ano anterior. A despeito dos números aparentemente negativos, a empresa comemorou o resultado, impactado pelo fechamento de 57 lojas físicas (duas delas de janeiro a março deste ano) e a readequação de cinco centros de distribuição. Agora, a varejista projeta navegar por águas mais calmas.

Mesmo com a recuperação extrajudicial anunciada recentemente, a empresa inaugurou uma megastore com 3.500 metros quadrados nesta quarta-feira (8), no Shopping Aricanduva, em São Paulo. Além disso, o CEO do grupo, Renato Franklin, projeta um ciclo de maior normalidade para aberturas e fechamentos de lojas, passado o primeiro estágio da reestruturação da empresa – em agosto de 2023, o plano era fechar até 100 unidades.

“A gente tinha de 50 a 100 lojas para serem fechadas. A ideia era fechar todas as que tinham margem de contribuição negativa, mas a prioridade, na realidade, era recuperar esses pontos”, diz Franklin, ao InfoMoney. “Por isso, a gente começou a renegociar os custos com aluguel, a ajustar o estoque e a adequar a produtividade, mexendo nos quadros das lojas. Com isso, recuperamos muitas lojas. Fechamos 57 unidades e as outras 43 já estão com margem de contribuição positiva.”

Para otimizar a produtividade dos pontos de venda e a gestão do estoque, a empresa também decidiu desinvestir de 23 subcategorias de produtos, migrando esses itens de um portfólio próprio para a oferta de parceiros em seu marketplace. Nesse sentido, encaixam-se subcategorias como brinquedos, bebidas, higiene e limpeza. “A gente tinha caixas de uísques em alguns CDs. A gente vendeu para queimar o saldo a R$ 60 a unidade. Vendemos barato”, exemplifica Franklin.

A empresa havia expandido sua atuação com itens de maior recorrência como uma resposta à pandemia de Covid-19. “A gente estava queimando caixa para construir relevância nessas categorias. E uma das agendas que a gente trouxe foi ter essa disciplina de alocação do capital, ou seja, colocar dinheiro onde a empresa sabe ganhar dinheiro”, complementa o executivo.

Efeitos positivos

A migração do sortimento e a redução dos estoques surtiram efeito. Segundo a companhia, essas iniciativas geraram um ganho estimado em R$ 900 milhões. Fora isso, também houve redução do giro de estoque de 110 dias, visto no primeiro trimestre de 2023, para 78 dias, em março deste ano. A empresa entende que agora, com a eliminação das 23 subcategorias, a gestão dos estoques também será otimizada.

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“A gente fez queima do estoque no terceiro e no quarto trimestre nessas subcategorias complementares, tanto que a margem bruta era de 23%, passou para 27% e agora está em 30%, voltando à média histórica da companhia. Isso, no entanto, é o que a gente não quer fazer mais. Não queremos ter de aplicar descontos grandes para vender com uma margem que não é condizente com a praticada pelo mercado”, diz Elcio Mitsuhiro, CFO das Casas Bahia.

O grupo também enxerga a necessidade de fazer investimentos nos pontos de venda, mas diz que isso se dará de forma gradual. Segundo Franklin, os investimentos nas lojas físicas devem ser ampliados somente em 2025. “Isso [o investimento nas lojas] traz uma melhora da experiência do cliente e, por consequência, do tíquete médio, o que é bom para nós e para os fornecedores”, afirma o CEO.

“A gente tem hoje mais de 150 lojas que faturam mais de R$ 5 milhões e todas essas lojas têm um fluxo muito grande que justifica um investimento para melhorar a experiência do cliente, mas o prazo desse investimento para modernizar e transformar as lojas pode demandar algum tempo.”

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Rio Grande do Sul

Com 38 unidades e um centro de distribuição no Rio Grande do Sul, a empresa observa atentamente o cenário de tragédia atual que se encontra o estado, tomado pelas águas das enchentes. Franklin diz que sete lojas tiveram de ser fechadas por conta das inundações, mas que os funcionários da empresa no estado encontram-se bem.

A empresa diz estar preparada para atender os consumidores gaúchos que precisarão de novos produtos para o lar com linhas de crédito mais acessíveis. “Vamos trabalhar com linhas de crédito especiais e já estamos trabalhando com margens menores, com cupons de desconto, dando autonomia para o gerente no caso de atendimento às necessidades”, afirma Franklin.