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Em meio ao conflito entre Carrefour Brasil (CRFB3) e grandes frigoríficos brasileiros, os setores de avicultura e suínos estiveram mais distantes dos holofotes. Mais fragmentado, o segmento tem menos capacidade de fazer uma mobilização como a que ocorreu entre grandes fornecedores de carne bovina.
Nos últimos dias, os frigoríficos JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Masterboi interromperam a distribuição de seus produtos para a rede Carrefour Brasil após a declaração do CEO Alexandre Bompard, na última quarta-feira (20), de que pararia de vender carne do Mercosul nas unidades francesas. A indústria reivindicava uma retratação pública do executivo.
Veículos de imprensa noticiaram desabastecimento nas unidades brasileiras, em especial no segmento de bovinos. Embora o Carrefour Brasil tenha confirmado a suspensão de fornecimento, negou que faltassem produtos nas prateleiras.
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Segundo um executivo de uma produtora de aves brasileiro de distribuição regional, com alguma exposição à rede Carrefour, seria mais difícil para o setor avícola encampar uma mobilização como a feita por alguns dos principais fornecedores bovinos.
“O setor de suínos e aves é mais fragmentado, menos organizado que o de carne bovina. No de bovinos há poucos grandes produtores, então eles conseguem se organizar melhor”, disse essa fonte, em condição de anonimato.
Acontece que, fora a BRF, frigorífico com maior exposição ao mercado de aves, outras companhias de maior porte tem uma operação mais regionalizada. Além deles, há pequenos abatedores locais que poderiam ser capazes de atender redes como o Carrefour em um caso de boicote.
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A avaliação é de que, como a BRF não encampou a disputa com o Carrefour, mesmo que alguns produtores de maior porte regionais aderissem, o impacto para uma rede seria mínimo.
Para se ter ideia, a Friboi, marca de carnes bovinas da JBS, responde por 80% do volume fornecido ao grupo de origem francesa, sendo que na rede Atacadão o fornecimento da marca é de 100%.
Para a fonte ouvida pelo InfoMoney, um impacto possível para o mercado de aves seria uma elevação das vendas em função do desabastecimento de carne bovina. “Isso aconteceria apenas se a interrupção afetasse os preços da carne bovina, mas o Carrefour não tem a representatividade ao ponto de um boicote impactar o preço de toda a cadeia”, disse.
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Na manhã desta terça-feira (26), o CEO da rede francesa, Alexandre Bompard, enviou uma carta ao ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, lamentando que sua promessa de manter a carne sul-americana fora de suas prateleiras na França tenha sido percebida como tendo “colocado em dúvida sua parceria com a agricultura brasileira”.
Em fato relevante publicado pelo Carrefour Brasil após a manifestação, a varejista disse que “trabalha intensamente na resolução da situação junto aos fornecedores e espera a normalização do abastecimento no curto prazo para mitigar impacto aos consumidores”.