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Candidata à rival da B3, CSD BR atinge R$ 1,3 tri em registros de ativos financeiros

Empresa depende de licenças para ampliar portfólio e de acordo para negociar ativos listados na B3 em futura Bolsa de valores

Mitchel Diniz

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O volume de ativos financeiros registrados pela CSD BR mais que dobrou em apenas três meses. Passou de R$ 600 bilhões, em dezembro, para R$ 1,3 trilhão em março. Com isso, a empresa acredita que vai superar a marca esperada para 2024, de R$ 2 trilhões, principalmente se conseguir licenças para operar com liquidação e depósitos centralizados. A ampliação do portfólio depende de autorização do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O pedido foi feito há mais de três anos, e havia a expectativa de que as licenças adicionais fossem concedidas ainda neste primeiro trimestre, o que não ocorreu até agora.

“Há três semanas temos tido reuniões diárias com BC e CVM sobre as licenças. Apesar de sermos afetados [pela demora], acredito que o processo precisa ser mesmo criterioso, porque a nossa atividade traz risco sistêmico”, afirmou Edivar Queiroz, CEO da CSD BR, ao IM Business. O executivo acredita que a questão pode ser resolvida ainda na primeira metade do ano.

Edivar Queiroz, CEO da CSD BR

Hoje, a empresa está licenciada para fazer o registro de ativos financeiros, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Arrendamento Mercantil (LAM), Letras Hipotecárias (LH), CDBs, cotas de fundos, derivativos e apólices. A ampliação do portfólio é considerada essencial para que a empresa traga ao Brasil um parceiro internacional, a BIDS Trading, com a qual a CSD planejar atuar em “block trade” (negociação de grandes lotes de ações, destinada a investidores profissionais).

A BIDS é uma subsidiária da CBOE Global Markets, que tem participação minoritária na CSD e opera 19 bolsas no mundo, sendo considerada a segunda maior contraparte central da Europa. A empresa quer operar com infraestrutura própria e, para isso, tenta chegar a um acordo de interoperabilidade com a B3. Sem ele, ativos listados hoje na Bolsa brasileira não poderiam ser negociados na futura plataforma da CSD.

“A interoperabilidade abre caminho para outros produtos, principalmente as ações”, explica Queiroz. As duas empresas precisariam apresentar uma proposta conjunta à CVM, que é responsável por validar o acordo. Porém, Queiróz diz que as tratativas com a B3, que já não avançavam muito, empacaram de vez depois que a CSD BR denunciou a operadora da Bolsa brasileira ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por práticas anticoncorrenciais.

“Desde dezembro não recebemos mais nenhum contato [da B3], apesar das nossas tentativas”, afirmou o CEO.

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Procurada pelo IM Business, a B3 rebateu a informação e disse que se reúne regularmente com a empresa. E acrescentou que a avaliação de modelos de interoperabilidade cabe ao regulador.

“Vale ressaltar que a B3 tem acordos de interoperabilidade firmados e em execução com outras registradoras e depositárias, sempre cumprindo as determinações regulatórias e com a supervisão dos órgãos competentes”, afirmou a B3, em nota. “A Bolsa reafirma seus compromissos em seguir as melhores práticas em todos os mercados em que atua, incluindo aspectos concorrenciais”.

NOVOS CONCORRENTES

Segundo Queiroz, a CSD defende o modelo europeu de interoperabilidade. “Ele trata a interoperabilidade como um bem público, que não pertence a ninguém – e o modelo de negócio [de uma empresa] não depende dela”. Queiroz avalia que o modelo brasileiro é excludente e inviável financeiramente ao ingresso de novos entrantes.

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O CEO diz ter ficado animado com a notícia de que o Mubadala Capital se prepara para lançar uma Bolsa de valores no Brasil em 2025, por meio de sua controlada, a Americas Trading Group (ATG). “É uma confirmação super positiva da nossa tese de necessidade de concorrência”, diz Queiroz.

“O que temos de vantagem competitiva é ter no board alguém que tem 19 Bolsas”, complementa, referindo-se à CBOE. Os bancos Santander e BTG Pactual também são sócios da empresa.

De acordo com apuração do jornal Valor Econômico, a Bolsa do Mubadala pretende usar a central depositária da B3 e a clearing da indiana Tata em suas operações. Já a CSD BR quer trabalhar apenas com estruturas desenvolvidas pela própria empresa.

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“Quem está certo ou errado nisso, não sei. O tempo vai dizer”, conclui o CEO.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados