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O aporte de R$ 1,62 bilhão da Companhia Saudita de Investimento Agrícola e Pecuário (Salic, na sigla em inglês), um dos fundos soberanos da Arábia Saudita, na BRF, segue em análise pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Desde agosto, os árabes aguardam a aprovação do órgão antitruste para a compra de 10,7% do capital da dona da Sadia, em um follow-on realizado em julho do ano passado.
Em novembro, o Cade negou a aprovação sumária do negócio, exigindo informações adicionais. Entre as principais dúvidas está a de uma eventual concentração no mercado brasileiro de carne bovina, uma vez que a Salic é uma dos controladoras da Minerva Foods e sua concorrente, a Marfrig, detém 50% do capital da BRF. No entanto, chama a atenção o questionamento dos técnicos do conselho sobre um possível efeito no mercado de carne de frango.
Na mais recente troca de correspondências entre Cade e Salic, de 21 de dezembro de 2023, o órgão questiona o fundo saudita sobre possíveis vendas de frango grelhado e desfiado da Minerva no varejo alimentar em 2022 e 2023 e pedem uma resposta taxativa à pergunta. O questionamento gerou certa surpresa para a Salic, pois a Minerva é um player de carne bovina.
Na resposta, o fundo saudita não foi “taxativo”, mas afirmou que a Minerva não possui vendas de frango no varejo. “Tal afirmação, respeitosamente, deveria ser suficiente para evitar uma instrução adicional a esse respeito, dado que, ainda que ocorra alguma margem de erro, isso levaria no máximo a uma participação de mercado ínfima da Minerva”, argumentam os advogados da Salic, que sugerem que os representantes legais da Minerva sejam procurados para uma resposta mais concreta.
Nos últimos dias de 2023, em 28 de dezembro, advogados da Salic se reuniram com técnicos do Cade para discutir a transação. Desde então, o caso ainda segue sem desfecho.
O IM Business tenta contato com a Salic para comentar a questão. A Minerva foi procurada, mas ainda não respondeu.