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Busca por carro elétrico dobra no ano – e 3 modelos da BYD são os preferidos; confira

Levantamento exclusivo da Webmotors revela aumento de interesse dos consumidores e marcas se preparam para evolução do mercado brasileiro

Michele Loureiro

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A busca por carros elétricos novos cresceu 111% entre janeiro e julho de 2024, segundo um levantamento exclusivo para o Infomoney feito pela Webmotors. O número mostra o aumento do interesse dos brasileiros pelo modelo de eletrificação, que já conta com uma frota estimada de 270 mil  veículos no país.

O estudo também aponta alta de 76% na procura por automóveis elétricos usados nos primeiros sete meses deste ano, ante igual período em 2023. Os dados revelam que somente na comparação entre julho deste ano e o mesmo mês de 2023, o aumento foi de 41% na pesquisa por veículos novos e de 26% por usados. 

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Para Eduardo Jurcevic, CEO da Webmotors, esse comportamento dos usuários da plataforma é um reflexo do aumento de ofertas desse tipo de produto no mercado automotivo brasileiro. “O consumidor está cada vez mais atento às novas tecnologias e curioso para saber mais sobre elas e entender os produtos que estão disponíveis. Com mais carros elétricos à venda, é normal que o interesse aumente”, explica o executivo.

Entre os modelos de carros elétricos novos e usados mais buscados neste ano, três modelos da BYD lideram: Dolphin, Seal e Dolphin Mini. Já no pódio entre os usados aparecem Porsche Taycan, BYD Dolphin e Volvo XC40.

BYD Dolphin (Reprodução/ BYD Dolphin)

BYD na dianteira

Comum nos dois rankings, a chinesa BYD afirma que de cada dez veículos elétricos comercializados no país, sete são da marca, que detém 72% de participação de mercado. A empresa foi a primeira a abandonar a fabricação dos carros somente a combustão, em 2022. A estratégia parece ter sido acertada, já que a BYD alcançou receita anual de 602,32 bilhões de yuans (equivalente a R$ 460 bilhões no câmbio atual) em 2023 – um aumento de 42% em relação ao ano anterior.

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A empresa estabeleceu um novo recorde com a venda de mais de 3 milhões de veículos elétricos no ano passado, entrando no top 10 das marcas de automóveis mais vendidos globalmente.

Para Alexandre Baldy, Vice-Presidente Sênior da BYD no Brasil e Head Comercial e de Marketing da BYD Auto, o crescimento se deve em grande parte à inovação. No mundo, a companhia possui 700 mil funcionários, sendo mais de 100 mil deles engenheiros, cientistas e pesquisadores. Para se ter uma ideia, a empresa solicita uma média de 30 patentes por dia útil e já são 40 mil registradas.

Para repetir o sucesso global no Brasil, a BYD aposta na produção local. A construção da fábrica em Camaçari, na Bahia, que começou oficialmente em março, está em ritmo acelerado. A meta é começar a montar os carros já no fim deste ano e iniciar a fabricação completa em 2025. A capacidade inicial da unidade será de 150 mil veículos por ano, podendo chegar a 300 mil. O projeto demandará investimento de R$ 5,5 bilhões e serão criados 10 mil empregos.

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“Estamos introduzindo uma marca forte no país. São modelos que atraem cada vez mais atenção e interesse das pessoas e o compromisso é aliar a paixão pelos carros com a sustentabilidade, tecnologia e inovação. Além disso, queremos ser uma opção de redução forte de despesa no orçamento da família de classe média, que sentiu tanto o aumento abusivo do valor dos carros quanto no preço da gasolina”, diz Baldy.

Logo da BYD em carro na Guangzhou Autoshow (Foto: Reuters)

Na onda de promover o acesso aos veículos elétricos, recentemente a BYD passou a oferecer seu subcompacto elétrico Dolphin Mini para vendas focadas em pessoas com deficiência. Assim, o carro custa R$ 99.800, com um desconto de R$ 16 mil (o modelo fora do PCD custa R$ 115.800).  Outra ação da marca para atrair consumidores foi realizada pela rede de concessionárias BYD Osten, que iniciou oferta do serviço de assinatura para o sedã híbrido plug-in King.

O valor mensal é de R$ 5 mil, no caso de plano de 48 meses com rodagem máxima de 1 mil quilômetros por mês. Para se ter uma ideia, um modelo 100% elétrico BMW iX40, teria um valor mensal R$ 17 mil.

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O mercado brasileiro de carros elétricos

O mês de julho de 2024 registrou o segundo maior volume de emplacamento de veículos eletrificados (carros e comerciais leves), com 15.308 unidades, representando 6,8% do mercado total. Para se ter uma ideia, o ano de 2023 fechou com 4,3% do mercado total, sendo o recorde absoluto em dezembro, com 16.272 emplacamentos.

“O crescimento é representativo e vai ser sustentável”, diz Milad Kalume Neto, consultor do setor automotivo. “As marcas com maior protagonismo local são BYD, GWM, Volvo e Toyota”, completa.

Segundo projeções da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a frota de veículos eletrificados leves rodando no Brasil é de pouco mais de 270 mil unidades, o que representa 0,61% da frota circulante total. Mas a verdade é que o segmento não para de crescer e a projeção da ABVE é que as vendas fiquem em torno de 150 mil veículos em 2024, 60% acima dos números do ano passado.

Brasil x mundo

Segundo Milad, estamos atrasados em relação a outros mercados mais maduros, mas isto não é algo totalmente ruim. “O copo cheio é que já vamos ter algumas soluções testadas em outros mercados necessitando apenas adaptações. Entre os pontos, destacam-se a troca das baterias no longo prazo, a questão do residual do veículo eletrificado e os eletropostos de reabastecimento”, afirma.

O consultor destaca que o Brasil ainda é pequeno em relação a outros mercados. “A Noruega tem mais de 80% de sua frota de veículos novos eletrificados. Portugal possui legislação específica para elétricos desde 2010, e a China vende anualmente cerca de 10 milhões de veículos eletrificados”, explica. 

Mas o assunto não é unanimidade entre as montadoras. Recentemente algumas fabricantes anunciaram uma modificação nos planos de processo de eletrificação. Empresas como General Motors, Ford, Jaguar Land Rover e Mercedes-Benz informaram publicamente que abandonaram o plano de eletrificação completa em suas linhas de produto para os próximos anos. 

Em geral, a alegação foi a de que os números planejados de vendas não foram atingidos, bem como a paridade de preço entre os veículos elétricos e a combustão (que poderia contribuir para aumento das vendas) ainda é uma realidade um tanto distante. Em paralelo, algumas localidades que previamente estabeleceram limites de emissão de carbono estão estudando novas datas de implementação para estes programas. Em outras palavras, o veículo elétrico é uma realidade, mas alguns passos podem ser mais lentos do que o esperado.

Nessa toada, os veículos híbridos, que ficam no meio do caminho entre eletrificação total e combustão, ganham destaque. Projeções para 2030, realizadas em março de 2024 pela consultoria Jato, indicam que os motores a combustão serão, em números arredondados, 75% do total, enquanto híbridos ficarão com 16,5% e os elétricos puros contribuirão com 8,5% do mercado.

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Michele Loureiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney