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Bolsas de até R$ 185 mil? Investidores vão à caça de itens de luxo hiperdiferenciados

Produtos estão no centro da estratégia de marketplaces de luxo como TheRealReal para virar resultado ainda deficitário

Renata de Carvalho

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Tem uma Chanel, uma Prada ou uma Gucci no armário? Pois saiba que elas começam a se tornar um bom negócio não apenas para quem tem e quer vender, mas também para quem faz a ponte entre as privilegiadas donas dessas bolsas que são verdadeiros investimentos. Desejosos compradores valorizam não apenas o design ou a marca, mas principalmente a autenticidade e o conceito que existe por trás delas.

É o que indica a número 1 do mercado de revenda de artigos de luxo no mundo, a TheRealReal, que promete terminar 2024 com margem Ebitda (proporção do lucro em relação à receita) positiva pela primeira vez desde que foi criada, em 2011. A conferir no resultado do segundo trimestre, que a empresa divulga em 6 de agosto.

Loja da Gucci em Madri. Espanha. Crédito: Cristina Arias/Cover/Getty Images)

A TheRealReal voltou a se concentrar nas vendas consignadas e no que sabe fazer de melhor: certificar a origem e garantir a melhor experiência para compradores e vendedores. Com isso, terminou o primeiro trimestre de 2024 com um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ainda negativo, mas 10 vezes maior que no mesmo período do ano passado. A companhia aumentou em 13% a receita de consignação e em 8% o valor médio do pedido, impulsionado por preços de venda mais altos (US$ 538) e aumento nas unidades por transação.

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Leia mais: Geração Z compra Prada e Dior falsificados para subir na escala social

“A TheRealReal também trabalha com peças premium e normais, mas o que traz rentabilidade maior para esse tipo de negócio são os artigos hiperdiferenciados. É que a venda de produtos de ‘segunda mão’ envolve um trabalho imenso de backoffice tanto para peças de US$ 100 quanto para uma de US$ 10 mil” explica Cristina Proença, professora da pós-graduação em negócios e marketing de luxo contemporâneo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Não à toa, a TheRealReal e outras empresas do segmento investem em parcerias com consultoras de estilo para garantir que serão avisadas sempre que uma dessas preciosidades estiver no fundo de um armário. Já a brasileira Gringa, que segue o mesmo modelo de negócio, está oferecendo comissão em dobro para quem achar peças de 10 modelos específicos de bolsa. São três modelos Gucci, três Saint Laurent, dois Chanel, uma Fendi e uma Chistian Dior. A mais cara é uma Chanel Classic Double Flap cujo modelo pequeno custa em média R$ 31 mil e valorizou quase 20% nos últimos meses.

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Classic Double Flap, cujo modelo pequeno custa em média R$ 31 mil e valorizou quase 20%. Crédito: Reprodução/Gringa

“Um dos grandes desafios é chegar a estes artigos. A geração X está com artigos parados no armário e não pensa em vender. Por isso, as empresas estão prospectando esses vendedores”, resume a consultora.

Ela reconhece que esse ainda é um mercado pouco conhecido, mas diz que muita gente começa a olhar para ele com foco no investimento. “Inclusive, muitas compradoras de peças de segunda mão”, diz Proença.

Segundo ela, as marcas listadas pela Gringa e mais buscadas da TheRealReal são, de fato, bons achados. A dica, diz, é buscar os clássicos e fugir daqueles que têm um mercado paralelo grande, ou seja, muita pirataria.

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Garimpando tesouros

Proença conta que há, inclusive, uma história de uma executiva londrina que gastou 100 mil libras (R$ 725 mil) em bolsas Burkin e Kelly, da Hermés. “São dois modelos absolutamente confiáveis em termos de investimentos. Dizem que a compradora trabalhava no mercado financeiro e viu nos produtos um bom investimento”, diz.

Nos dois modelos, não há uma bolsa igual a outra. As edições são limitadas e todas são feitas por um grupo restrito de artesãos, o que torna a falsificação muito difícil. Em sites brasileiros, é possível encontrar modelos por até R$ 185 mil.

De acordo com reportagem do The Wall Street Journal, o preço médio dos artigos de luxo aumentou 6% em 2023. “A Hermés aumentou seus produtos em 7%, e esse aumento costuma ser potencializado no mercado secundário”, completa a professora de marketing de luxo da ESPM, lembrando que casas de leilão como a Christie’s têm seus próprios especialistas em bolsas.

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Bolsa Chanel. (Crédito: Jeremy Moeller/Getty Images)

É por isso que evitar falsificação e pirataria está no centro da estratégia das revendas, talvez até mais do que na das “marcas mães”.

Uma instalação da TheRealReal na Canal Street, um dos principais points para compra de falsificações em Nova York, vai alertar, durante toda a temporada de verão, sobre os problemas da pirataria. Trabalho escravo está no topo, entre outras práticas não sustentáveis, como lavagem de dinheiro para o crime organizado.

“Nos últimos 13 anos, à medida que as falsificações evoluíram – estão sendo feitas mais rapidamente e com mais precisão do que nunca – investimos continuamente de forma pesada no avanço de nossa tecnologia e no treinamento dos especialistas autenticadores, garantindo que estamos mantendo-as fora do mercado”, declarou Rati Sahi Levesque, presidente e COO da TheRealReal em comunicado sobre a ação, que é feita com 35 bolsas dos mais de  250 mil itens falsos identificados pela empresa desde 2011, período em que autenticou quase 40 mil objetos.

O Infomoney tentou falar com a Gringa e a TheRealReal, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.