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Protagonistas em dois negócios de peso no mercado brasileiro de insumos biológicos nos últimos meses, Biotrop e ICL traçam um cenário positivo para o segmento em 2024, apesar da quebra da safra de grãos e da queda dos preços de commodities como soja e milho. A adoção de biológicos no país continua mais acelerada que no resto do mundo e a expectativa é que as vendas superem a marca de R$ 6 bilhões este ano, ante cerca de R$ 4,5 bilhões em 2023.
“É verdade que a indústria de insumos está sofrendo com a redução das cotações de soja e milho. Mas cana e laranja, por exemplo, estão com preços elevados, e vamos continuar avançando. Queremos reforçar nossa atuação no Cerrado, fortalecer a presença dos nossos produtos nas plantações de cana e entrar em novos cultivos, como algodão, café, laranja e trigo. Ampliamos as vendas diretas e para cooperativas, e nosso foco é atrair clientes novos”, disse Antonio Carlos Zem, presidente da Biotrop, ao IM Business.
A empresa concluiu em dezembro a venda de uma participação de 85% em seu capital para a belga Biobest, por 444,5 milhões de euros, e ganhou fôlego extra para expandir seu raio de ação. Com a transação, a Biobest reorganizou sua estrutura e a Biotrop passou a ser uma de suas quatro divisões de negócios, e a maior delas – as outras três são a própria Biobest, que está concentrada em microrganismos como insetos, polinizadores e ácaros, a Bioworks, que opera nos EUA com fungos benéficos, e a canadense PlantProducts.
A Biotrop é a maior dessas divisões, com participação de cerca de 45% na receita total da holding. Segundo Zem, seu faturamento deverá alcançar R$ 930 milhões em 2024, 50% mais que no ano passado (R$ 618 milhões). E além do crescimento no mercado doméstico, onde seus produtos já são aplicados em quase 70 milhões de hectares, está prevista também uma ampliação das operações em outras fronteiras.
“Em 2023, iniciamos as vendas no Uruguai, no Peru e na Colômbia. Em 2024, queremos chegar a outros países da América Latina, como Argentina e Paraguai, e faremos nossos primeiros negócios nos Estados Unidos”, afirmou Zem.
Também de olho no mercado brasileiro de biológicos, que vem crescendo mais de 40%, em média, a israelense ICL, que atua no segmento de insumos para agricultura e pecuária, anunciou a aquisição, no fim de fevereiro, a paranaense Nitro 1000, com sede em Cascavel e especializada em inoculantes – produtos com micro-organismos que favorecem o crescimento das plantas. Está investindo US$ 30 milhões na compra, para construir uma plataforma relevante no segmento no país, mas não deverá parar por aí.
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“O Brasil está se consolidando na liderança global de biológicos, mas, mesmo assim, estamos apenas no início da curva. Há muitas oportunidades de inovação e desenvolvimento, e a agenda de sustentabilidade do agro motiva ainda mais o crescimento do mercado”, disse Ithamar Prada, vice-presidente de Marketing & Inovação da ICL. Foi a primeira aquisição da ICL de uma empresa de biológicos no mundo, mas a múlti, que faturou US$ 7,5 bilhões, já trabalha no segmento dentro de seu ecossistema e em parceria com startups.
Prada lembra que os insumos biológicos têm sido cada vez mais aplicados nas lavouras integrados aos químicos, e que, muitas vezes, maximizam a eficiência das soluções tradicionais. “A Nitro 1000 cumpre nossas expectativas, com boa capacidade de fermentação líquida. Vamos trabalhar para tornà-la mais conhecida no campo”, afirmou o executivo. Segundo ele, a ICL tende a crescer nesse segmento organicamente e também poderá fazer novas aquisições, embora não exista nenhuma negociação na área no momento. “Somos consolidadores”, resumiu.
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