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Bateria fraca: O que levou as montadoras a repensarem os carros elétricos?

Companhias como GM, Ford e Volvo adiaram planos de eletrificação enquanto mercado ainda não acelera de fato

Rodrigo Loureiro

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Se nos últimos anos diversas montadoras firmaram compromissos de produzir apenas veículos elétricos a partir de 2030, agora o discurso mudou. Diferentes companhias estão revendo seus planos nesse sentido e já admitem que não vão abandonar o abastecimento com gasolina ou etanol.

No começo do ano, a General Motors anunciou que mudaria sua estratégia por trás da eletrificação da companhia. Em vez de carros elétricos, a meta da montadora, dona das marcas Chevrolet, Buick, GMC e Cadillac, agora é focar a produção exclusivamente em carros híbridos a partir de 2030.

A Ford veio na sequência, em maio. A montadora informou que poderia seguir com a venda de carros à combustão na Europa mesmo após 2030. Vale lembrar que a União Europeia estabeleceu uma meta para que as montadoras abandonassem os veículos à combustão a partir de 2035.

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Em setembro, foi a vez da Volvo tomar o mesmo caminho. A fabricante sueca havia planejado vender apenas carros elétricos a partir de 2030. A queda na demanda por veículos totalmente elétricos na Europa, contudo, fez com que a montadora repensasse sua decisão.

O plano da Volvo agora é concentrar-se nos modelos híbridos plug-in (que possuem tomadas para serem recarregados, mas também podem ser abastecidos com gasolina). A expectativa é que esses veículos representem 90% das vendas ao fim desta década.

Ao comunicar a desistência de seu plano inicial, a Volvo afirmou que a “transição para a eletrificação não será linear e o mercado está se movendo em diferentes velocidades para essa adoção”. A falta de incentivos governamentais e de uma infraestrutura de carregamento também pesaram na decisão.

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“Quando acaba o orçamento, acaba também o incentivo para o mercado. Isso explica por que o ritmo da eletrificação diminuiu em alguns mercados”, afirma Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE). “É preciso apoio governamental e políticas relacionadas.”

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Largada queimada

É possível argumentar que houve uma certa precipitação das montadoras ao firmarem os compromissos de produção exclusiva de carros elétricos a partir de 2030. “O que puxa a demanda é o mercado”, afirma Milad Kalume Neto, consultor do mercado automotivo.

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Milad também argumenta que as vendas atrapalharam os planos. “O mercado não cresceu conforme o esperado. Houve crescimento, mas inferior ao previsto”, diz o especialista. “Além disso, a infraestrutura necessária não se desenvolveu na mesma velocidade, complicando ainda um pouco mais esse cenário.”

Um relatório divulgado em maio pelo Goldman Sachs aponta queda nos emplacamentos de carros elétricos no mundo. Após o ápice em dezembro do ano passado, quando foram vendidos quase 1,2 milhão de automóveis elétricos, os números caíram quase pela metade no início de 2024.

O banco americano cita três fatores para a queda na penetração dos veículos elétricos: preocupações crescentes em torno da desvalorização dos automóveis usados; incerteza em torno das eleições de 2024 (principalmente nos Estados Unidos); e a escassez de estações de carregamento rápido.

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Carros elétricos: E no Brasil?

Se no restante do mundo há uma certa desaceleração nos carros elétricos, o cenário brasileiro é diferente. Por aqui, as vendas aumentaram consideravelmente em 2024.

Segundo dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), os emplacamentos de carros com motor elétrico subiram 146% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 79.304 carros emplacados no período.

As vendas ainda estão concentradas na região Sudeste. Juntos, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais representam 47,2% do mercado brasileiro de veículos elétricos. O Distrito Federal é exceção ao restante do país, com uma participação de 8% nas vendas.

Diferentes fatores explicam as vendas estarem em alta no país. Um deles é a questão de que os carros elétricos ainda são vistos como “novidade”. “É o que há de mais natural em relação a design, tecnologia e inovação”, afirma Milad. “As restrições tributárias protecionistas também ajudam.”

Carros chineses

Entre as montadoras, destaque para a chinesa BYD, que vendeu 32.574 automóveis nos seis primeiros meses do ano, contra 12.730 da compatriota GWM. Em terceiro lugar está a Toyota. A montadora japonesa vendeu 10.541 carros elétricos no Brasil durante o primeiro semestre de 2024.

Outro ponto bastante criticado está nas estações de carregamento. Além de faltarem estações, o tempo de recarga (que pode levar horas, dependendo da estação) se tornou uma reclamação constante dos consumidores.

Para Bastos, da ABVE, o consumidor que adquire um carro elétrico se prepara para carregar o veículo em casa. Contudo, ele diz também que o aumento nas estações de carregamento – principalmente de recarga rápida e ultrarrápida – é que vai permitir a entrada de novos clientes nesse mercado.

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