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B3 começa a negociar contrato futuro de café conilon/robusta

Contrato permite a gestão de risco da oscilação do preço do café e terá possibilidade de entrega física; Espírito Santo é responsável por 70% da produção de café conilon do país

Roberto de Lira

Ramo de pé de café (Foto: Amanda Perobelli/Reuters)
Ramo de pé de café (Foto: Amanda Perobelli/Reuters)

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A B3 começou nesta segunda-feira (23) a negociação do contrato futuro de café conilon/robusta (coffea canephora). Espera-se que esses contratos futuros permitam aos produtores, cooperativas, comercializadoras e indústrias uma proteção maior contra a volatilidade dos preços do mercado, ao fixar um valor para a negociação futura do café.

“Na produção e comercialização de qualquer produto agrícola é muito importante ter uma ferramenta de trava de preço para vendas futuras. Com esse lançamento, buscamos atender uma demanda do mercado para a criação de um derivativo que aumente a proteção de preço do café contra as flutuações inesperadas”, comenta em nota Marielle Brugnari, head de produtos de commodities da B3.

 O contrato futuro de café tem a possibilidade de entrega física, com lotes depositados em armazéns credenciados pela B3. O produto será negociado cru, em grãos, em contratos que equivalem a 100 sacas de 60kg e com vencimento nos meses de janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro.

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 Diferentemente do café arábica, o contrato do café conilon/robusta terá cotação em reais e não em dólar. “Entendemos que faz mais sentido para um produto como o conilon ter a negociação em reais, já que o maior volume da produção é voltado para o mercado interno, ao contrário do café arábica, que é um produto voltado para a exportação”, explica Marielle

Gestão do risco

O início da comercialização contou com a presença do secretário de Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli, que ajudou a negociar o modelo do contrato ouvindo todos os elos da cafeicultura locais, dos produtores até os traders – o estado é responsável por aproximadamente 70% da produção nacional de café conilon/robusta.

“O conilon entra definitivamente para essa negociação no Brasil. Era até um absurdo: o conilon era comercializado na Bolsa de Londres e não era no Brasil. Agora, a gente tem uma possibilidade inclusive de exercer de forma física, aqui no Brasil”, disse o secretário.

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Bergoli conta que foi construída uma modelagem de contrato que é possível ter mais um instrumento para fazer uma melhor gestão de risco, especialmente durante períodos de oscilações de preços mercado.

“Quando um produtor coloca seu produto numa venda futura, obviamente calcula seu custo de produção e agora pode jogar com uma parcela tendo uma garantia de pelo menos parte da produção para reduzir o risco das operações”, explica.

Mudanças climáticas

O secretário também comenta um mecanismo desse tipo é ainda mais relevante com a emergência das mudanças climáticas. Ele explica que o Espírito Santo sempre foi caracterizado ter temperaturas mais elevadas de outubro até março, com chuvas mais acentuadas nesses meses. Depois, de abril até setembro, as temperaturas são mais amenas e chove menos.

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Mas isso agora tem se mostrado mais desregulado, com chuvas abaixo na média, isso em período já marcado por escassez. Mesmo com 43% das propriedade capixabas praticando a irrigação, houve uma quebra na colheita, com efeitos na qualidade planta, cujos grãos tiveram perda de tamanho e peso. “Tivemos em novembro e dezembro temperaturas até 6 graus a mais do que as esperadas”, conta.

Ele destaca que a gestão de risco da cafeicultura no Espírito Santo assume um aspecto fundamental porque uma crise na cadeia, com preço para baixo por exemplo, não significa somente prejuízo econômico, pode significar um caos social no campo.

“Pequenas e médias cidades do Espírito Santo vivem em função  da cafeicultura. Seria uma ruína total. Sabemos da importância e da relevância do café. Foi a renda do café que acelerou o processo de industrialização no Estado”, lembra.

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O primeiro contrato futuro de conilon foi fechado hoje pela Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel). José Carlos de Azevedo, assessor comercial da cooperativa, disse que a novidade vai acelerar a montagem de mesa de hedge na cooperativa, que reúne 7,8 mil produtores.

A Cooabriel deve comercializar neste ano 2 milhões de sacas e faturar mais de R$ 2 bilhões.

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