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AT&T e Standard Oil: improvável cisão do Google teria paralelo em casos icônicos

A separação de uma empresa de US$ 2 trilhões em valor de mercado lembraria as ações antitruste contra empresas de petróleo no início do século 20

Iuri Santos

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Os últimos dias não foram gentis com a Alphabet (GOGL34), controladora do Google. Nesta semana, duas notícias relacionadas a processos antitruste atingiram a empresa, que enfrenta a crescente concorrência da inteligência artificial desafiando seus mecanismos de busca, enquanto gasta rios de dinheiro para se manter na corrida.

Na terça-feira (8), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou possíveis remédios a serem considerados pelo juiz que determinou, em agosto, que a empresa adota práticas anticoncorrenciais no mercado de busca. Entre as sinalizações das autoridades antitruste, haveria até o risco de cisão de parte da organização.

Mais cedo, um juiz havia determinado que o Google abrisse seu sistema operacional de celulares, o Android, para que outras empresas pudessem criar suas próprias lojas de aplicativos, além da Play Store.

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Qualquer movimento na direção de uma cisão, no entanto, seria algo incomum na história recente dos Estados Unidos: há 40 anos não ocorre um caso dessa proporção, e a separação de uma empresa de US$ 2 trilhões em valor de mercado lembraria as ações antitruste contra empresas de petróleo no início do século 20.

AT&T e Standard Oil

Em 1984, a gigante de telecomunicações AT&T (ATTB34) entrou em acordo com o Departamento de Justiça para dividir a companhia, que dominava o setor de telefonia local, de longa distância e o mercado de equipamentos telefônicos.

Nos Estados Unidos, o processo para um remédio contra monopólios é iniciado por autoridades antitruste do Departamento de Justiça, mas precisa ser avaliado por um juiz. Diante da possibilidade de recurso pelas empresas, esses processos muitas vezes podem se prolongar por anos.

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Em uma participação no podcast “The David Rubenstein Show: Peer to Peer Conversations”, o CEO da companhia, Sundar Pichai, afirmou que os processos antitruste contra a big tech podem se arrastar por anos. “Vai levar tempo para isso se desenrolar.”

Especialistas e a imprensa internacional têm comparado uma possível cisão à separação da Standard Oil, em 1906. O conglomerado de petróleo formado por fusões e aquisições no setor levou a companhia a deter uma participação de mercado de cerca de 90% – valor similar ao que o Google possui entre os mecanismos de busca.

Impactos

A possibilidade de dividir o Google é tratada como improvável, mas gestores que acompanham o papel da companhia alertam para os diversos desafios associados ao mercado de busca: a competição com chats de IA generativa, por exemplo, se soma aos casos na justiça.

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Um dos remédios mais prováveis é a proibição dos contratos de US$ 20 bilhões que a empresa assina com a Apple, para que a companhia não ofereça outros buscadores em seus celulares.

Desde agosto, as ações da Alphabet, controladora do Google, caíram 5%. No ano, os papéis cresceram cerca de 34%. A empresa tem dedicado grandes volumes de recursos para tornar sua estrutura de processamento de IA generativa mais robusta, na linha de outras big techs. A sustentabilidade dos investimentos tem gerado receios entre os investidores.

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.