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As lições de negócios de quem pratica esportes desde criança

Autocontrole, planejamento e superação de limites exigidos nos treinos norteiam os campeões dos negócios

Suzana Liskauskas

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Passar 20 dias mergulhando no Polo Norte, exatamente no Círculo Polar Ártico, foi o desafio que Sergio Rhein Schirato, sócio fundador da gestora Daemon Investments, venceu este ano. Durante a temporada nas profundezas geladas, Schirato fez 135 mergulhos em temperaturas em torno de zero grau. Mesmo para um mergulhador experiente, com mais de nove mil mergulhos no currículo e 38 anos de prática, o desafio só foi superado porque Schirato se aprofundou no planejamento estratégico que antecedeu a viagem.

Mergulhador no gelo. Crédito: Getty Images

“Mergulho não é um esporte que tem esse caráter competitivo. Especialmente em cavernas, a principal meta é explorar lugares, ou seja, novas cavernas. O esporte de longa duração, de resistência, traz uma mentalidade de encarar os desafios e saber que a gente tem que estudar, tem que se preparar, as coisas vão ser difíceis, não vão ser fáceis”, diz Schirato, que começou a mergulhar aos 12 anos.

Essa preparação para lidar com desafios, muitas vezes tempestivos, lapidou a habilidade de Schirato para tomar decisões cruciais nos processos de gestão de patrimônio. “Treino, preparação, planejamento, persistência e resistência para superar as dificuldades são legados do esporte para a rotina profissional”, afirma o sócio fundador da Daemon Investments.

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O esporte faz parte da rotina do executivo desde a infância. O portfólio esportivo de Schirato inclui maratonas, ciclismo de longa distância e taekwondo. “Fui campeão paulista de taekwondo, participei também de campeonatos brasileiros”, conta.

InfoMoney foi a campo buscar histórias de superação protagonizadas por executivos. Em uma série de reportagens, vai mostrar como os esses profissionais encontram no esporte o combustível para a disciplina e altos índices de assertividade no dia a dia. Veja matéria já publicada:

Precisão e velocidade

Também posicionado na linha de frente da gestão de patrimônio, mais especificamente na área de venture capital, Marcello Gonçalves, cofundador e managing partner da gestora Domo.vc, não abre mão do golfe. Há 25 anos, encontra, entre as tacadas precisas que o esporte exige, mais um caminho para aumentar o autocontrole e aprimorar o senso de estratégia.

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“No golfe, a cada tacada se toma uma decisão. É preciso decidir qual taco usar e por onde ir. Além disso, você joga contra o seu handicap, ou seja, a média dos seus jogos anteriores. Isso motiva a buscar melhorar sempre”.

Gonçalves observa que, por apresentar regras éticas fortes, o golfe é um ambiente interessante para conhecer novos parceiros no campo. “A prática do golfe revela como cada um se posiciona em relação aos aspectos éticos e, por consequência, como se comportar nos negócios”.

Estratégia, resistência, preparação física e mental também fazem parte do cotidiano de Reinaldo Varela, fundador e presidente da rede de restaurantes Divino Fogão. Há 42 anos, Varela pratica rali no Brasil e no exterior. Já participou inclusive da prova mais famosa globalmente, o Rally Dakar, conquistando o título na categoria UTV em 2018.

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Reinaldo Varela, fundador e presidente do Divino Fogão. Crédito: Divulgação

“Entre títulos nacionais e internacionais, tenho 36 conquistas. Escolhi o rali porque ele combina minha paixão por aventura e velocidade com a necessidade de estratégia e resistência. É um esporte que exige muita preparação, tanto física quanto mental, e me desafia constantemente a superar meus limites”, afirma Varela.

O rali cruzou o caminho quando o executivo era bem jovem, e os anos de prática deram velocidade para a tomada de decisão. Varela ressalta que, durante uma competição, é preciso ser assertivo e ágil, decidindo sob pressão e situações que envolvem risco.

“Isso se traduz diretamente para o ambiente corporativo, em que é necessário ser ágil e eficaz. Durante uma etapa difícil no Rally Dakar, tive que decidir rapidamente sobre uma rota alternativa após um contratempo técnico. Essa habilidade de pensar rápido e encontrar soluções eficientes é essencial na gestão de uma empresa como o Divino Fogão”, detalha.

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Além de afiar a engrenagem cognitiva, as provas de rali ajudaram Varela a aumentar a rede de relacionamentos. Durante uma prova no Rally dos Sertões, competição brasileira que percorre caminhos por Goiás, Minas Gerais e Bahia, em cerca de 3,5 mil quilômetros, Varela já fechou negócios.

“Durante uma prova no Sertões, conheci um empresário do ramo alimentício com quem posteriormente fechamos uma parceria importante para o Divino Fogão. O rally me ensinou a importância do trabalho em equipe e da comunicação eficaz. No rally, você depende da sua equipe para o sucesso; cada membro tem um papel crucial. Isso se reflete na gestão da empresa, onde a colaboração e a boa comunicação são fundamentais”, diz Varela.

Agilidade para decidir em ambiente de risco

Decisões sob pressão e gestão de risco são especialidade de Marcos Gurgel, diretor de Inovação do Ifood, que não abre mão de boas doses de adrenalina. Carioca da Urca, Gurgel surfa desde criança. Da prancha do surfe para o kitesurf, snowboarding, wakeboarding e skateboarding, foi um pulo.

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“São minhas paixões há mais de 20 anos. Além disso, faço capoeira, jiu-jitsu e natação. Enxergo três pontos-chaves convergentes entre o esporte e o mundo corporativo: tomar decisões rápidas sobre pressão, fazer gestão de risco e ter resiliência. No wakeboarding, por exemplo, tudo acontece muito rápido. Pulo ou não pulo? É preciso tomar decisões na hora, senão você cai, a pressão é grande. Nos negócios também”, afirma Gurgel.

Marcos Gurgel, diretor de Inovação do iFood. Crédito: Divulgação

Especialista em inovação, Gurgel sabe que não há zona de conforto. Para ele, o esporte traz aprendizados como superação, resiliência e disciplina. “Sem resiliência não tem como se desafiar para sair da zona de conforto”, diz.

Sem medo de errar, Gurgel avalia que o importante é mapear os riscos, no esporte e no ambiente corporativo: “Caiu? Levante, foque, aprenda com os erros e alcance sua meta. Seja uma nova manobra radical, seja uma meta de sua empresa”.

Equilíbrio para lidar com frustrações

Buscar o equilíbrio na prancha do kitesurf entrou na rotina de Carlos Henrique Rotella, quando se tornou presidente Executivo do Grupo Edson Queiroz (GEQ), com sede em Fortaleza (CE). Desde os oito anos, Rotella tem vida de atleta. Começou com o basquete, nas categorias de base dos clubes Pinheiro e Palmeiras, abriu mão da carreira como atleta de alto rendimento, passou a correr por longas distâncias e encontrou no esqui na neve a forma de reunir a paixão pelo esporte e o prazer de estar na companhia da família.

Carlos Rotella praticando kitesurf. Crédito: Divulgação

“Elegi o esqui pela adrenalina e por ser um esporte que podia reunir a família. Pratico desde que meus filhos tinham cinco anos (hoje adultos com 27 e 22 anos). A semana anual de esqui se tornou uma tradição nas férias”, conta Rotella.

O kitesurf entrou na rotina de Rotella como mais um aliado para manter a saúde mental, pois a rotina à frente do grupo passou a exigir mais desafios. O esporte traz equilíbrio emocional, como uma válvula de escape, além de ajustar a velocidade na tomada de decisões. Apesar de reconhecer que o inconformismo é um atributo nos negócios, Rotella não sucumbe à precipitação, como ensina a prática esportiva.

“O kitesurf é um esporte desafiador e com um certo grau de risco, que exige aprendizado e atenção à segurança. Contudo, é uma atividade contemplativa que me conecta com a natureza, promovendo higiene mental e um prazer imenso”, conta.

Mergulho para equilíbrio mental

O carioca Marco França, sócio fundador da consultoria Auddas, é do time que coleciona esportes desde criancinha. Começou cedo, aos cinco anos, foi atleta de natação Clube de Regatas do Flamengo e lutou na escolinha de Carlson Gracie, ícone do jiu-jitsu brasileiro falecido em 2006. No fim da adolescência, conseguiu bolsa integral para cursar engenharia na PUC Rio por conta do seu desempenho esportivo.

Na rotina atual, o executivo tem mergulhado nas piscinas para manter o equilíbrio mental e físico. “Atualmente, pratico a modalidade que entrega o melhor benefício para mim, versus minha capacidade de ainda praticar de forma competitiva, neste caso, a natação”, diz França.

Na família de França, o esporte é praticamente um legado. Sempre fizeram esportes, coletivos e individuais e faziam o campeonato de tênis clássico aos domingos.

Tênis, futevôlei, musculação, wakeboarding e surfe estão no portfólio de investimentos pessoais desde a infância de Samyr Castro, CEO da InvestSmart XP. “Gosto de praticar diversas modalidades esportivas sempre que possível, participo regularmente de competições de tênis.  No esporte, para evoluir, você precisa treinar constantemente, como nos negócios, em que a preparação é fundamental”, avalia.