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Após atraso, Elon Musk se prepara para teste de fogo de sua IA generativa

Prestes a lançar o Grok 3, bilionário aposta em capacidade computacional recorde

Iuri Santos

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Quando Elon Musk anunciou o lançamento da sua inteligência artificial, o Grok, em outubro de 2023, concorrentes como Alphabet (controladora do Google) e OpenAI já estavam na dianteira do mercado. Alguns bilhões de dólares, o maior supercomputador de IA do mundo e atrasos depois, o dono da Tesla (TSLA34) se prepara para um de seus principais testes de fogo nesse mercado.

“O Grok 3 está chegando em breve”, escreveu o bilionário em uma publicação na sua própria rede social, o X (antigo Twitter), na última sexta-feira (3). A nova versão é a maior aposta do bilionário até agora, fruto de um poder computacional 10 vezes superior ao Grok 2.

O lançamento já extrapolou as previsões anteriores de Musk e não houve grandes atualizações sobre o avanço. Em uma entrevista concedida ao psicólogo conservador Jordan B. Peterson em julho de 2024, ele disse esperar que o Grok 3 fosse liberado em dezembro: “deve ser a IA mais poderosa do mundo naquele momento”.

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Mas Alphabet (GOGL34), OpenAI (e sua investidora Microsoft), Anthropic (e sua investidora Amazon) e Meta também têm despejado caminhões de dinheiro em suas iniciativas de IA para ocupar esse posto.

Maior supercomputador da IA

Desde que Musk criou a xAI, sua empresa de inteligência artificial, duas rodadas de investimento foram anunciadas. Na última, às vésperas do Natal, gestoras como BlackRock e Sequoia Capital contribuíram para um aporte de US$ 6 bilhões que pode avaliar a companhia até US$ 40 bilhões, segundo publicou New York Times.

Logotipo da xAI, empresa de Elon Musk (Foro: Dado Ruvic/Ilustração/Reuters)

“É necessário muito poder computacional”, disse Musk em uma publicação no X.

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O alardeado temperamento “rebelde” do Grok, ao estilo do controverso bilionário que o concebeu, está sendo atualizado em um supercomputador de 100 mil GPUs Hopper Tensor Core, o maior cluster dedicado ao treinamento de IA do mundo.

Todas as big tech por trás de inteligências artificias generativas e processamento em nuvem estão expandindo sua infraestrutura em um ritmo sem precedentes, mas a xAI parece ter conseguido alguma vantagem com o seu cluster.

Em um supercomputador, todas as placas devem funcionar em uma simultaneidade imperceptível. Pela comunicação por fibra, isso só é possível quando elas estão a uma certa distância, o que normalmente limitava fisicamente os supercomputadores a 50 mil GPUs. A xAI já está no processo de dobrar sua capacidade para 200 mil.

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Limite da ‘força bruta’

“Uma pergunta que se faz no mundo da inteligência artificial é até quando vão crescer e aprimorar as IAs na força bruta da computação antes de bater em um teto. As empresas estão encontrando dificuldades. O próprio lançamento do Grok foi adiado, uma nova versão Claude [modelo de IA da Anthropic] também foi adiada”, diz Pedro Calais, professor e coordenador de graduação na XP Educação.

Ainda não é claro para especialistas quanto os modelos respondem a um aumento de poder computacional a partir de um dado limite, um teto de aprimoramento chamado limite de escala. Por enquanto, a estratégia tem funcionado, mas esse limite pode estar se aproximando com uma expansão desenfreada no poder computacional.

Embora investidores das maiores empresas de tecnologia de capital aberto já questionem os elevados gastos com infraestrutura para desenvolver IA generativa, as companhias seguem convictas da estratégia.

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Em uma publicação feita na última sexta-feira, o vice-chairman e presidente da Microsoft (MSFT34) disse que a empresa espera investir US$ 80 bilhões na construção de data centers para treinamento de IA. A empresa é a fornecedora de serviços de nuvem para processamento da OpenAI.

Nos principais benchmarks (comparação de modelos diferentes em capacidades específicas, como testes de matemática), o Grok 2 foi competitivo contra concorrentes, embora alguns dos exames aplicados sejam tratados com reticência por pesquisadores porque os modelos podem ser refinados para esse uso específico.

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.