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A Americanas (AMER3) tem buscado formas de contornar a crise de reputação que começou há mais de um ano com a descoberta de fraudes internas e um rombo bilionário. No último mês, os holofotes voltaram à empresa com mandados de prisão de ex-executivos, o que reacendeu a urgência de movimentos estratégicos para se manter no mercado e continuar atendendo os mais de 50 milhões de clientes e cerca de 30 mil associados no Brasil.
Uma das apostas é a implementação do chamado Pit Stop, iniciativa inspirada nos mecanismos das corridas de Fórmula 1, que prepara os envolvidos na operação para atividades de forma coordenada no menor tempo possível. A corrida contra o tempo já rendeu frutos e a empresa afirma que reduziu em 85% o tempo entre a expedição no centro de distribuição e a descarga na loja, o que gerou um ganho de 15% na produtividade global de todos os armazéns da companhia.
O projeto, que foi iniciado em 2023, agora está presente nas 1.600 lojas físicas e em todos os centros de distribuição. Segundo a varejista, a iniciativa diminuiu os índices de falta básica e ruptura (indisponibilidade de mercadorias) nas lojas.
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Além disso, a Americanas informa que houve uma queda, em média, de 2 horas para 40 minutos no tempo do processo, o que permite ao funcionário da loja destinar o tempo da descarga de produtos para o atendimento ao cliente. Apesar de a companhia ainda não ter fechado seu balanço e não abrir números (a divulgação está prevista para 14 de agosto), o diretor de logística da empresa, Luiz Bentes, garante que as vendas foram ampliadas e já há impacto nos resultados. “Estamos em busca de novas iniciativas que tornem a operação mais ágil, rentável e eficiente na construção de uma Nova Americanas”, diz.
A premissa da marca é se desvincular dos problemas financeiros e ter a imagem atrelada a uma companhia eficiente e rápida. Em nota, a empresa fala pouco do passado e diz que “tem o objetivo para os próximos anos de continuar a ser o operador de varejo mais simples e diverso do país, com presença em todo o Brasil”. Fala ainda que segue focada em suas operações e no seu plano de transformação para todos os acionistas.
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Tecnologia como aliada
Para estruturar o projeto, a Americanas fez um estudo da demanda prevista das lojas físicas versus a quantidade de unitizadores (que ajudam a padronizar o movimento das cargas) necessários para cada unidade. Depois, a infraestrutura de cada estabelecimento físico foi mapeada e a empresa analisou os impactos operacionais diretos no centro de distribuição, como custo no frete e o nível de serviço das lojas.
Com essas análises, adquiriu 14 mil carrinhos de metal – chamados rolltainers – fabricados sob medida na China para atender à operação logística interna e otimizar o modelo de entrega unificada.
Com o intuito de garantir a sincronicidade e a agilidade, as etapas entre os centros de distribuição e lojas físicas são monitoradas por uma torre de controle que abastece, em tempo real, um aplicativo criado para a operação. “Todos os envolvidos no processo têm acesso à ferramenta que concentra informações como cronometragem do tempo e alertas sobre intercorrências. Ter essa visão consolidada é essencial para a assertividade do processo, em que cada segundo importa”, diz o executivo.
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A companhia também usa ferramentas de IA em todas as etapas do abastecimento para analisar dados de vendas, estoque e comportamento do consumidor. “Isso nos ajuda a identificar padrões e tendências para prever a demanda futura, reduzindo o desperdício e melhorando a eficiência da cadeia de suprimentos”, explica Bentes.
De acordo com ele, essa inteligência, aliada à gestão operacional, garante que os produtos estejam sempre disponíveis, evitando que itens se esgotem ou não cheguem no tempo certo às prateleiras.
Com o Pit Stop, a Americanas afirma ter conseguido adotar um modelo de gerenciamento da operação que integra CD, transporte e loja, unificando a cadeia. A partir disso, definiu metas, métricas, indicadores e rotinas para garantir que as operações ocorreriam de forma fluida. “Cada minuto economizado no abastecimento vira 500 minutos de frota todos os dias”, diz.
A evolução do projeto possibilitou criar o Alta Frequência, desdobramento do Pit Stop que permite que as lojas físicas sejam abastecidas por mais vezes em um curto período, minimizando ainda mais os impactos de rupturas, conta Bentes. Segundo ele, isso gera ganhos na operação e garante que os clientes tenham sempre acesso às prateleiras cheias, principalmente nos grandes eventos sazonais, como Páscoa e Black Friday. Atualmente, mais de 500 lojas das unidades com raio de até 100 km dos CDs participam dessa evolução do Pit Stop.
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Time preparado
Como em toda nova iniciativa, o envolvimento e treinamento dos funcionários foram cruciais terem agilidade em suas funções específicas, ajustando a operação e cronometrando o tempo via monitoramento da torre de controle. “Sempre estimulamos o time a entender o fluxo completo da cadeia para identificar oportunidades e uma maior integração entre as áreas”, afirma o executivo.
Ele conta que os profissionais participaram, inclusive, do desenho da ação. “A proposta começou como um desafio de criatividade para que os colaboradores se sentissem parte do projeto e conseguissem enxergar suas soluções aplicadas na operação da companhia”, afirma.
De acordo com Bentes, os profissionais de diversas áreas se engajaram no projeto, trabalhando juntos em prol de uma nova dinâmica na operação. “O empenho do time faz toda a diferença no sucesso do projeto”, finaliza. Ao que tudo indica, a Americanas está correndo para transformar seus ganhos – e imagem.
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