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Americana Indigo prepara entrada no mercado de créditos de carbono no Brasil

Parcerias com produtores nessa frente já respondem por mais de metade do faturamento da agtech nos EUA

Fernando Lopes

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A agtech americana Indigo ajustou o foco de seus negócios para reviver os dias em que tinha valuation de mais de US$ 3 bilhões. Do início de 2022 para cá, esse valor caiu para cerca de US$ 200 milhões, pressionado pelo mercado em geral adverso para o segmento, e para continuar a expandir os negócios a empresa – que sustenta que seu “valor intrínseco” é da ordem de US$ 1 bilhão – passou a concentrar esforços no mercado de crédito de carbono, por meio de parcerias com produtores rurais que, nos Estados Unidos, já lideram seu faturamento.

No Brasil, onde a Indigo atua desde 2018, as primeiras parcerias deverão começar a ser firmadas em três ou quatro anos, depois que todos os dados sobre os principais biomas do país forem capturados e compilados, para a construção de uma série histórica. Com essas informações na mão, a agtech pretende atrair produtores que investem em práticas regenerativas e podem gerar créditos de carbono, para assessorá-los nesse processo. O Senado aprovou em outubro a regulamentação desse mercado no Brasil, mas as discussões continuam.

Nos Estados Unidos, onde a tonelada de carbono capturado vale atualmente cerca de US$ 40, a Indigo se responsabiliza pela venda dos créditos, e fica com 25% do valor obtido – os demais 75% ficam com os cerca de 500 produtores que participam da estratégia. “Com isso, incentivamos a agricultura sustentável e o produtor é remunerado por isso”, afirmou Cristiano Pinchetti, head da companhia para a América Latina, ao IM Business.

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Cristiano Pinchetti, head da Indigo para a América Latina (foto: Divulgação)

No Brasil, a empresa pretende adiantar, no primeiro ano, parte da receita prevista com a venda dos créditos, para incentivar a adesão dos produtores. A expectativa de Pinchetti é que a iniciativa tenha por aqui o mesmo sucesso que nos EUA, o que também poderá tornar esse segmento seu carro-chefe, superando as vendas de produtos biológicos e soluções financeiras e digitais, entre outros negócios.

Enquanto ajusta o foco dos negócios, a Indigo busca tomar fôlego para reforçar sua estrutura financeira e garantir capital de giro. Em setembro, captou US$ 250 milhões nos EUA, e em outubro, no Brasil, antecipou a liquidação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (Fdic) de R$ 460 milhões, que era gerido pela Captalys.

Pinchetti adiantou que, nessa frente, o próximo passo no país é a estruturação de um Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro), que deverá estar concluída até o fim deste ano. O executivo não revelou quanto a Indigo pretende levantar com o Fiagro, mas afirmou que os recursos serão usados para renovar a estrutura de capital.

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No negócio de biológicos, a empresa costuma financiar as compras de seus clientes, e precisa de capital de giro. Os produtos da empresa são aplicados em quase 3 milhões de hectares no Brasil. A maior parte dos cerca de 300 clientes da agtech no país tem áreas de cultivo de grãos entre 1,5 mil e 10 mil hectares, e a empresa conta com uma equipe de 60 pessoas no campo para atendê-los e assessorá-los.

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Fernando Lopes

Cobriu o setor de energia e foi editor do semanário Gazeta Mercantil Latino-Americana até 2000. Foi editor de Agro no Valor Econômico até fevereiro de 2023