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Ambipar (AMBP3) emplaca follow-on sustentado pelo controlador

Com R$ 560 milhões comprometidos pelo fundador, empresa esperava captar outros R$ 560 milhões no mercado, mas obteve R$ 156,9 milhões

Rikardy Tooge

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Ao divulgar a precificação de sua oferta subsequente de ações (“follow-on”) ocorrida na véspera, a Ambipar (AMBP3) consegue fôlego para diminuir sua alavancagem após uma onda de 40 aquisições nos últimos anos. Ao todo, a companhia levantou R$ 716,9 milhões para o caixa, com R$ 560 milhões bancados pelo CEO, fundador e controlador, Tércio Borlenghi Junior.

Olhando para o copo meio cheio, a colocação foi maior que o lote inicial. No dia do anúncio do follow-on, já havia o compromisso de Borlenghi Junior de subscrever R$ 560 milhões, abrindo um lote adicional (“hot issue”) para outros investidores, o que daria uma captação de R$ 1,12 bilhão.

Mas esse copo tem outra metade, que está vazia: a operação foi 36% menor do que poderia ser, uma vez que apenas R$ 156,9 milhões são, de fato, dinheiro “inédito” para a empresa. Adicionalmente, os papéis da Ambipar caíram 28,9% desde o anúncio do follow-on, em 20 de outubro. Se isso significa uma queda do valor de mercado da companhia, também é fato que o controlador conseguiu aumentar sua participação na empresa de 61% para 66,7% pagando muito menos.

Desde a divulgação do follow-on, o IM Business ouviu diferentes gestores, que gostam ou não da tese da companhia, que relataram uma visão crítica à operação. “Lançaram a oferta sem definir um preço, o que abriu espaço para queda muito forte. Isso criou uma assimetria favorável para o controlador, diluindo quem não quis acompanhar”, diz um gestor que tem posição em Ambipar. “A captação proposta é muito maior que o necessário para conter a alavancagem. Se o controlador não tivesse dinheiro, o que a empresa ia fazer? Cortar custos. Pareceu uma operação exagerada e a empresa se comunicou muito mal”, acrescenta.

O que a operação da Ambipar demonstra é que a chamada “janela” de follow-on ainda está “semi-aberta”, ou seja, o apetite do investidor ainda não foi totalmente recuperado. Assim, a maior parte das empresas que estão indo a mercado tem uma necessidade de capital mais urgente e aceitam, diante disso, um grande desconto na oferta – e veem seu papel desvalorizar na sequência.

Foi o caso da Mahle Metal Leve, que captou menos que o previsto e mudou a configuração dos lotes primários e secundários durante o processo de bookbuilding. Também o Grupo Casas Bahia, que lançou uma oferta de ações dias após afirmar que não precisaria chamar capital. Resultado disso foi também um derretimento do preço por ação e recursos abaixo do previsto inicialmente.

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Com alavancagem em 2,4 vezes a dívida líquida pelo Ebitda registrada no segundo trimestre e com covenants em 2,75 vezes, a expectativa da Ambipar é de reduzir em 18% o endividamento de R$ 3,8 bilhões com a operação, ante expectativa inicial de uma redução de 2,4 vezes para 2 vezes a alavancagem.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br