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Amazon impulsiona faturamento de pequenos negócios com programa de vendas para os EUA

Vendedores do market place da companhia no Brasil tiveram aumento de 80% nas receitas com participação em programa global de vendas

Mitchel Diniz

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Vender produtos para o exterior não é das práticas mais triviais entre as empresas brasileiras. Um estudo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), do ano passado, aponta que apenas 1% delas são exportadoras. E em se tratando de pequenas e médias empresas (PMEs), o contato com o exterior é ainda mais incomum. O processo é considerado complexo e caro, mas, com as dinâmicas do comércio eletrônico e os maketplaces internacionais, ganhou alguns atalhos. 

Na Amazon, por exemplo, os vendedores do marketplace brasileiro já podem vender seus produtos em outros países sem precisar de CNPJ ou conta bancária no exterior. O programa de vendas globais da Amazon está na maioria dos 22 países onde a empresa opera e foi lançado no Brasil em 2021, com o objetivo de internacionalizar pequenos e médios negócios. Hoje, 99% da base de 78 mil lojistas que vendem pela Amazon Brasil tem esse perfil. 

Leia mais: Base de vendedores da Amazon no Brasil cresce mais de 50%

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Os Estados Unidos são a porta de entrada no exterior para os produtos dessas PMEs. Atualmente, mais de 3 mil vendedores ativos da operação brasileira exportam para o mercado americano. Ainda é um percentual pequeno frente ao total de lojistas do marketplace brasileiro, algo em torno de 4%. Para atrair mais participantes para o programa, a Amazon firmou parcerias com entidades como a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e o Sebrae. 

Impulso na receita

Mesmo sendo a realidade de um número ainda restrito de empresas, com as vendas para o exterior, as receitas dos sellers que participam do programa cresceram 80% entre 2022 e 2023, segundo a companhia.

“O vendedor consegue aproveitar datas comemorativas dos Estados Unidos e reduz o seu impacto de sazonalidade. É uma oportunidade de conciliar estoques em momentos de baixa no país de origem, além de diversificar receitas e receber em dólares”, afirma Ana Luiza Kantor, líder do programa de vendas global. 

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A Amazon cobra uma mensalidade de US$ 39,90 ao lojista que participa do programa. O vendedor paga ainda uma tarifa, que equivale a um percentual do preço da mercadoria e varia de acordo com a categoria do produto. 

O envio para o exterior fica por conta da própria empresa exportadora, junto a um operador logístico. Mas o armazenamento e distribuição do produto podem ser feitos pela Amazon nos Estados Unidos, se o vendedor assim desejar.

Leia mais: Amazon coloca na mira Mercado Livre e Magalu ao expandir programa para lojistas

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Logística própria

Como no mercado americano a entrega gratuita e rápida do produto é um fator crucial na decisão de compra, a Amazon disponibiliza seu programa de logística, o FBA (Fulfillment by Amazon), que pode ser contratado como um serviço à parte. Uma vez que o produto chega a um dos 110 centros de distribuição da companhia em solo americano, ela se encarrega de gerenciar a entrega e o suporte ao comprador está incluso no pacote.   

Centro de distribuição da Amazon em Nova Jersey (Foto: Andréa D’Andrea)

“O vendedor consegue focar em fazer uma boa pesquisa de mercado e entender se o produto dele é atrativo. A entrega é responsabilidade da Amazon”, diz Ana Luiza. 

Mais da metade da logística da Amazon está situada nos Estados Unidos, o que indica que a maioria dos seus consumidores também se encontra em território americano. A companhia não divulga o número oficialmente, abrindo apenas as estatísticas globais: hoje, a big tech fundada por Jeff Bezos atende a 300 milhões de consumidores em todo mundo. Desse total, 200 milhões são assinantes Prime, a principal clientela das empresas que participam do programa global da Amazon. 

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Financiamento internacional

A B.O.B, empresa de cosméticos veganos em barra, livres de plástico, deu início à sua expansão internacional em 2022 e faturou, naquele ano, US$ 600 mil com exportações. Além de um website próprio no exterior, a empresa aderiu ao programa de vendas globais da Amazon e passou a contar com uma loja dentro do marketplace da companhia nos Estados Unidos. Por esse canal, a startup já faz mais de dois terços das vendas internacionais.

Em 2023, a empresa vendeu um total de 770 mil barras e 90 mil acessórios, como esponjas e escovas de dente, faturando R$ 30 milhões. A maior parte das receitas hoje (o equivalente a 80%) vem do e-commerce da B.O.B no Brasil. A startup, que começou como um negócio totalmente digital, também vem ampliando a venda de seus produtos em sites e lojas físicas de empresas parceiras, como Raia Drogasil, Panvel e Riachuelo.

O produto da B.O.B chamou a atenção do GHT4, multi family office cujo um dos sócios é Laércio Cosentino, fundador da Totvs. O grupo fez um aporte no negócio em 2021 – desde então, essa foi a única rodada de investimentos pela qual a empresa passou.

“O grande desafio da B.O.B é o financiamento. As matérias-primas, embalagem de papel, tudo é muito caro e reduz muito a margem. A rentabilidade do nosso negócio é muito afetada por isso”, explica Victor Falzoni, sócio-fundador da empresa.

Os produtos da B.O.B: vendas no exterior ajudam a financiar a empresa (Reprodução | Redes sociais)

Por esse motivo, a exportação de cosméticos, mesmo que respondendo por uma fatia menor do faturamento, entre 10% e 20%, tem um valor estratégico para a empresa. 

“Hoje, o custo de produto tradicionalmente vendido em farmácia no Brasil é de 10% do valor da venda. […] Em um produto da B.O.B, esse custo chega até 45% do valor da venda. A gente consegue colocar esse produto no mercado americano e obter esse número mágico dos 10%”, complementa. Enquanto o tíquete médio da B.O.B no Brasil é de R$ 135, nos Estados Unidos, passa dos R$ 200.

“Hoje a venda internacional é uma fonte geradora de recursos para investirmos na operação”, diz Falzoni. Segundo ele, para este ano, a B.O.B mira em faturamento de R$ 50 milhões, somando vendas no Brasil e no exterior.

O repórter viajou à Nova York a convite da Amazon

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados