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Para crescer 5% e ultrapassar os R$ 10 bilhões de faturamento em 2024, o Grupo 3corações, líder do segmento de cafés no Brasil, aposta em inovação e abre as portas para atrair startups e outros ecossistemas que podem colaborar com soluções para modernizar e ir além dos cafezinhos. A companhia já tem 65 anos de mercado.
“Estamos nos reinventando em ciclos cada vez mais curtos para estar ao lado do consumidor. Acreditamos no potencial da inovação colaborativa como força motriz dos negócios”, diz Massilon Vasconcelos, head de Transformação Digital do Grupo 3corações.
Além do café 3 Corações, o grupo detém outras 30 marcas de café, mas também aposta no desenvolvimento de novos produtos para alavancar o negócio. Em 2020, a companhia ingressou em novos segmentos como leites vegetais e isotônicos naturais, fruto da joint venture com a Positive Brands, detentora das marcas A Tal da Castanha, Jungle e Plant Power. Além disso, o grupo também vende refresco em pó, achocolatado, temperos e derivados de milho. Para seguir no movimento de expansão, criou o Cafeína Open, programa que convida parceiros para ajudar na solução de desafios da empresa. O formato já está em seu terceiro ciclo.
“O Cafeína Open foi pensado como um espaço de conexão entre o Grupo 3corações e todo o ecossistema de inovação aberta que inclui startups, centro de pesquisa, empresas, universidades, pode participar e nos ajudar a solucionar desafios reais da empresa”, diz o executivo. Nos dois primeiros ciclos do programa, cerca de 300 startups se inscreveram e 85 delas foram selecionadas para apresentar soluções aos times internos. Ao final, 14 empresas tiveram soluções mapeadas.
Entre as frentes em que o grupo buscou auxílio externo na edição mais recente do programa, estão ideias para acelerar o desenvolvimento e lançamento de novas bebidas lácteas (UHT), o reforço no processo de reciclagem das cápsulas de cafés e multibebidas e soluções para aumentar o aproveitamento do subproduto farelo de milho (gérmen de milho) remanescente da produção. “Recebemos 50 soluções para os três desafios. As startups selecionadas terão oportunidade de testar as ideias em provas de conceito (POC’s), aplicar suas tecnologias e até mesmo criar novos negócios”, diz Vasconcelos.
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As experiências têm sido tão positivas que a companhia resolveu tornar a iniciativa perene. A partir de agora, os desafios corporativos ficarão disponíveis durante todo o ano, de maneira ininterrupta, e podem ser visualizados no site do Cafeína Open.
Para alcançar bons resultados com a presença dos agentes externos, a marca utiliza a gestora de inovação AEVO para coordenar as ideias externas e está desenvolvendo treinamentos gamificados para melhorar o engajamento das startups com os colaboradores com ajuda da Kriativar, startup mineira de tecnologia.
Inovação dentro de casa
O executivo afirma que acelerar a jornada de inovação é uma prática que começa dentro de casa. Por isso, a empresa mantém um programa de intraempreendedorismo, o Cafeína Ideias. Até o final de 2023, 14 ideias do programa haviam sido implementadas, garantindo um retorno projetado de R$ 1,5 milhão ao ano. A implementação dessas ideias resultou em melhorias como a redução do tempo de entrega aos consumidores e o aumento da produtividade industrial. “As demais ideias seguem em desenvolvimento no que chamamos ‘Fábrica de MVP’, que é a fase do funil de intraempreendedorismo onde damos suporte para a construção e implementação de um projeto”, explica o executivo.
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Este ano, a empresa prevê triplicar o impacto positivo do ano passado com as ideias dos colaboradores. Uma sugestão recente de funcionário por meio do Cafeína Ideias originou uma parceria com o time de robotização de processos internos e já garantiu economia de R$ 1,8 milhão ao ano para o grupo.
Além destas frentes, a empresa tem cerca de 80 pessoas dedicadas à inovação na companhia, nos times de Transformação Digital, P&D e Marketing. “O tema é transversal e o desenvolvimento de todos os projetos acontece com o envolvimento de um número muito maior de colaboradores em vários times”, diz Vasconcelos.
Café na conta
Fundada em 1959 em São Miguel, interior do Rio Grande do Norte, a companhia possui nove fábricas e 27 Centros de Vendas e Distribuição (CDs) e assiste uma expansão expressiva nos últimos anos. O faturamento saltou de R$ 7 bilhões em 2021 para R$ 9,7 bilhões em 2022, alcançando os R$ 9,8 bilhões no ano passado. Boa parte da evolução é atribuída aos novos produtos, mas a verdade é que o cafezinho pesa muito na conta.
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Há quase 10 anos, a companhia foca no universo de cafés especiais e amplia o relacionamento com os produtores. “Das 300 mil famílias que produzem café no Brasil, 70% são pequenos produtores e este é um grupo de profissionais especial para o Grupo 3corações”, diz o executivo.
Para ele, este relacionamento é uma avenida de crescimento importante, pois agrega ainda mais valor ao grão e descola o café de commodities como outro qualquer. Por isso, em maio, a companhia inaugurou o Centro Rituais de Cafés Especiais 85+, em Varginha (MG), para estreitar os laços com o produtor e estimular o cultivo de cafés especiais.
A ideia é se aproximar da rotina dos produtores de cafés com classificação acima de 85 pontos, na escala de 0 a 100, e oferecer ferramentas gratuitas, como um aplicativo que apoia as diferentes etapas da cadeia produtiva. Além disso, a empresa disponibiliza capacitações por meio do Centro Rituais Educa, plataforma de aulas gratuitas em parceria com a instituição Rehagro. O objetivo é aumentar a participação neste segmento que avança em ritmo rápido na última década. Segundo o grupo, em 2014 o volume vendido de cafés especiais era de cerca de 150 mil sacas por ano, número que saltou para mais de 1,3 milhão de sacas ano passado. Ao que tudo indica, ninguém dispensa um cafezinho.