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A criação de um calendário para escalonar a abertura do mercado livre de energia à baixa tensão, de acordo com o nível de consumo, poderia ajudar a antecipar a liberalização, sugere o CEO da comercializadora Voltera, Alan Henn.
No mercado livre, os consumidores podem escolher a origem da energia consumida, em negociações que ocorrem diretamente com uma comercializadora ou um gerador.
Como sua empresa pode aproveitar o mercado livre de energia
O executivo acredita que a abertura aos consumidores de baixa tensão poderia ocorrer de forma similar à abertura dos segmentos de alta e média tensão, com a liberação para a migração a cada ano de classes de clientes conforme o volume de energia consumido.
A abertura para a média e alta tensão foi concluída em janeiro de 2024. No momento, o governo ainda trabalha nas regras para a baixa tensão.
Abertura não tem obstáculo regulatório
Para Henn, já há maturidade no setor para que clientes de baixa tensão tenham a opção de entrar no mercado livre a partir de 2026, desde que essa abertura ocorra de forma gradual.
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“Tem muitas contas que são em baixa tensão e que gastam muito mais do que, por exemplo, um consumidor padrão de média tensão”, afirma Henn.
O executivo cita prédios comerciais e setores do comércio intensivos em energia, como panificadoras, entre os clientes em baixa tensão que poderiam ser liberados primeiro para entrar no ambiente livre de contratação.
“Hoje o mercado de baixa tensão, do ponto de vista regulatório, está pronto”, diz.
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Maiores desafios são operacionais e tecnológicos
Para ele, alguns dos desafios que o setor elétrico vai enfrentar com a abertura total do mercado livre serão sobretudo do ponto de vista operacional e tecnológico, para conseguir viabilizar o fluxo de migrações com as distribuidoras.
“A distribuidora hoje já não dá muita vazão no fluxo das migrações da média tensão. Como vai ser na baixa tensão? Será que a gente vai trazer um modelo um pouco mais inovador? Será que a regulação vai propor alguma coisa um pouco mais facilitada?”, questiona.
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“Vejo muito mais o desafio da implementação e da operacionalização do que do ponto de vista regulatório”, acrescenta.
Educação do consumidor também é desafio
Nesse processo, o CEO da Voltera acredita que vai ser importante padronizar processos e informações, como, por exemplo, os dados das faturas de energia das distribuidoras.
“O regulador tem que trabalhar muito bem com as empresas, tanto que atuam no mercado livre de energia, quanto com as distribuidoras, que são entidades vitais para garantir o sucesso dessa portabilidade”, defende.
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Além disso, a educação do cliente final sobre a opção de entrar no ambiente livre também tende a ser um desafio, na visão do executivo.
“Você vai ter um desafio gigantesco, que é a educação do cliente final na ponta de entender o que é o produto de comprar energia no mercado livre sem ter risco de ficar sem energia. Vai ser um desafio muito grande como comunicar, como o regulador vai trazer isso como uma oportunidade para as empresas poderem acessar essa solução”, diz.
Já em preparação para atender aos clientes de baixa tensão quando ocorrer a abertura, a Voltera tem investido em tecnologia e em parcerias com bancos digitais para divulgar os produtos que oferece ao mercado.
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Foco nos pequenos consumidores de energia
Fundada em 2020, a Voltera tem foco em clientes menores, como aqueles que estão ingressando no mercado livre de energia a partir deste ano, com a abertura de janeiro de 2024.
Ao atender consumidores com menor demanda, a empresa escolheu ter um foco maior na experiência e na jornada do cliente.
“O consumidor pequeno não é muito bem visto pelos grandes players porque ele traz o mesmo trabalho operacional e não consegue rentabilizar tanto. Então, o nosso foco era justamente conseguir ajudar esse cliente que poderia acessar [o mercado livre]. Nosso grande ponto de migração tem sido esse ano”, explica.
Com a abertura deste ano, a expectativa da companhia é encerrar o ano com um faturamento de R$ 30 milhões, o triplo de 2023.
Hoje, a Voltera atende a cerca de 250 clientes no mercado livre, entre eles, a papelaria Kalunga, por exemplo.
Nos últimos 12 meses, a companhia realizou cerca de 120 migrações de clientes do mercado regulado para o ambiente livre. Para o próximo ano, já há 150 migrações em andamento.
O processo de desligamento da distribuidora e entrada no mercado livre leva cerca de seis meses.
A Voltera já tem contratos fechados para fornecimento de energia até 2030. A comercializadora também está iniciando o primeiro ciclo de renovação de contratos com seus primeiros clientes.
“O nosso foco é 100% em construir o melhor produto para a pequena e média empresa que quer acessar o mercado livre de energia a um preço justo, só que com uma visibilidade que não traga dúvidas do que ele está economizando, do que ele está gastando, do que ele está consumindo”, diz Henn.
Gestão do consumo ajuda a educar clientes
Além da comercialização, a companhia também tem um braço de tecnologia para a gestão de energia.
“A gente fornece essa gestão em plataforma para, de fato, o cliente começar a ter um relacionamento mais harmônico e ativo com a sua conta de energia”, diz.
As ferramentas incluem modelos de cálculos preditivos, que usam inteligência artificial, por exemplo.
Os clientes têm acesso aos dados para verificar a economia nos custos e nas emissões ao optar por comprar energia de fontes renováveis no mercado livre. Além disso, recebem também sugestões, como, por exemplo, deslocar o consumo do horário de pico de demanda, quando a energia negociada é mais cara, para outros momentos em que a energia é mais barata.
“A gente consegue ler todos os dados de medição de energia desse cliente. Entender comportamentos e trazer uma visão mais ativa para a gestão”, diz.
O CEO afirma que, com isso, é possível educar o cliente sobre o mercado de energia.
“Nosso foco principal é conseguir trazer uma visão um pouco mais educativa, mas também de melhor experiência e de relacionamento”, afirma.