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Choveu forte no sul do Maranhão na semana passada, e muitos produtores com soja em ponto de colheita tiveram que aproveitar os curtos períodos de estiagem para mandar as máquinas para o campo ou adiar os trabalhos. Na Fazenda São José, que se espalha pelos municípios de São Raimundo das Mangabeiras e Fortaleza dos Nogueiras, próximos a Balsas, o cronograma não foi afetado. Em uma parte das lavouras, a soja já amarelou, e a expectativa é que as colheitadeiras sejam ligadas nos próximos dias.
Com cerca de 25 mil hectares, a propriedade é controlada pela BrasilAgro desde 2017. A companhia adquiriu 10 mil hectares, por cerca de R$ 100 milhões, e arrendou os demais 15 mil, por 15 anos, renováveis por mais 15. Toda a área era plantada pelo antigo proprietário apenas com cana, para abastecer sua usina (Agro Serra) em São Raimundo das Mangabeiras, mas de lá para cá parte dela passou a ser ocupada com grãos, sobretudo soja. Os resultados dessa estratégia de diversificação foram expressivos, e a São José se tornou a fazenda de melhor retorno operacional da BrasilAgro.
O IM Business participou de uma visita à propriedade com analistas e outros veículos de comunicação na sexta-feira, e durante o tour, que transcorreu sem chuva, o CEO da companhia, André Guillaumon, apresentou os números redondos e aproximados que comprovam o sucesso da empreitada. Desde que os 10 mil hectares da fazenda foram adquiridos, a área recebeu R$ 180 milhões em investimentos, mas gerou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 500 milhões e hoje é avaliada em R$ 475 milhões. Os cálculos não incluem os 15 mil hectares arrendados.
Em 31 de dezembro, o valor justo para investimento das 12 propriedades da BrasilAgro (dez no Brasil, uma no Paraguai e uma na Bolívia), com 213 mil hectares no total, era calculado em R$ 3,6 bilhões. Mas compra e venda de fazendas é apenas um dos focos de atuação da empresa, que equilibra sua atuação com produção de grãos, algodão e cana. E tão importante quanto acertar o momento de fechar uma operação com um ativo imobiliário, é que a produção agrícola implantada nesses ativos seja eficiente e lucrativa para garantir os melhores resultados operacionais possíveis e mantê-los valorizados. Daí porque a São José é exemplar.
Com os investimentos feitos, a fazenda maranhense passou a contar com irrigação de salvamento para as lavouras de cana, e na área adquirida foi feita uma migração para o plantio de grãos – principalmente soja -, que atualmente ocupa 6 mil hectares. Na área arrendada, a soja é cultivada em cerca de 2 mil hectares. No total, portanto, a cana ainda é o carro-chefe, e mesmo com a redução de área a moagem da matéria-prima para a produção de etanol da usina Agro Serra aumentou de menos de 1 milhão de toneladas por safra para 1,5 milhão. “O aumento foi possível graças aos investimentos em irrigação e outras tecnologias”, disse Guillaumon.
Como a Agro Serra tem cogeração de energia, parte da água utilizada no processo é fornecida para a irrigação na São José, e essa parceria aumenta a eficiência e reduz custos. Ferramentas de agricultura de precisão e biológica, drones, monitoramento e softwares de gestão também garantem o avanço da produção de soja e milho com ampliação constante de rendimento, em um pedaço do sul do Maranhão de maior altitude, o que já proporciona condições naturais melhores para o cultivo desses grãos.
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Com os resultados obtidos com essa receita, a São José é a menina dos olhos da BrasilAgro, e certamente quem quiser comprá-la, ou adquirir parte dela, vai ter trabalho nas negociações. Faça chuva ou faça sol.
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