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A área de cerca de 400 mil metros quadrados que engloba o Sambódromo e é vizinha ao Campo de Marte, em São Paulo, será transformada em um polo de entretenimento e eventos nos próximos dois anos. O Distrito Anhembi, como foi rebatizado, pode gerar um impacto econômico anual em negócios na cidade de São Paulo da ordem de R$ 5 bilhões, segundo estimativas da Prefeitura. O complexo será administrado pela gigante francesa GL events, que pagou R$ 53 milhões pela outorga e vai investir R$ 1,5 bilhão no local.
O projeto prevê um centro de convenções com 24 salas, auditório, arena para 20 mil pessoas, praça central com restaurantes e lojas e conceito de “novo bairro”, com equipamentos que atendem às necessidades da população local. “Será um novo ‘Anhembi’. O potencial construtivo previsto na concessão permite que a gente traga hotelaria, varejo, experiências diversas e outros mercados que nos complementam”, afirma Milena Palumbo, CEO da GL Events no Brasil.
A obra, que será entregue em etapas (a primeira delas, em 1º de junho de 2024), já começou e é 100% financiada com capital próprio. “Essa é uma cifra muito comum em empreendimentos imobiliários, resorts que vão requalificar um destino, shopping centers, mas na indústria de eventos é muito fora do comum”, diz Palumbo.
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Com sede na França, a GL events chegou ao Brasil em 2006 e, desde então, investiu R$ 1,3 bilhão em suas operações que incluem a gestão do Riocentro e a Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro, e o São Paulo Expo, em São Paulo. O novo investimento, de R$ 1,5 bilhão, portanto, representa uma ‘aposta dobrada’ no país.
Este é, também, o maior investimento global da empresa, presente em outros 27 países e com capital aberto na Bolsa de Paris. E faz muito sentido: o Brasil, apesar de desfavorecido pelo câmbio, é uma das maiores operações da companhia no mundo. No ano passado, ficou atrás apenas da França, onde a empresa detém boa parte do mercado; do Reino Unido, cuja equipe local produziu a COP 27; e do Catar, que sediou a Copa de Futebol masculino e também foi, em parte, produzido pela equipe local da multinacional.
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A estratégia de crescimento da companhia investe em três grandes frentes: gestão de espaços para eventos; promoção e realização de eventos; e fornecimento de infraestruturas temporárias. Esta última divisão, por exemplo, é especializada na instalação temporária de grandes eventos como os Jogos Olímpicos e Paralímpicos e atuará nos Jogos Panamericanos de 2023, que começam, no Chile, nas próximas semanas.
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A empresa tem colhido bons resultados com essa diversificação. Em 2022, a matriz fechou o ano com um faturamento de 1,315 bilhão de euros e, em julho, reportou um crescimento de 32%. A operação brasileira estima um faturamento da ordem de R$ 480 milhões – um crescimento de cerca de 30% na comparação com o ano anterior – e, isso, porque o Anhembi está operando a um terço da sua atual capacidade, que, por sua vez, deve ser multiplicada muitas vezes, quando as obras terminarem.
Mas a maior parte deste montante veio do São Paulo Expo, operado pela GL events, que recebeu mais de 80 eventos e 15 mil expositores no passado e assumiu a liderança em ocupação e margem de contribuição entre os mais de 60 espaços operados pela empresa em todo o mundo. “Foi como se a gente tivesse montado e desmontado 50 vezes o Shopping Aricanduva [o maior da América Latina, com 579 lojas], em número de estandes”, afirma a executiva.
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E a boa notícia para quem enfrentou o gargalo de trânsito para tentar chegar ou sair de algum evento por lá é que há conversas em andamento com o governo do estado para repensar o fluxo. “Sabemos que é um problema e estamos em busca de soluções definitivas junto com o governo”, afirma Palumbo.
Agenda lotada
A retomada do setor de eventos deixou a sensação de que toda semana há um novo congresso, feira ou palestra diferentes. Segundo a Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), 2022 contou com mais de 590 mil eventos no país e, para este ano, é esperado um aumento de 40%. “Há mais eventos acontecendo agora porque a pandemia estrangulou o calendário não só de eventos anuais mas também daqueles que acontecem a cada dois anos, como a Bienal do Livro do Rio, que acabamos de realizar. E tem mais: cada evento que é um sucesso pode acabar gerando ‘sub-produtos’, eventos menores”, afirma Palumbo.
O setor, que representa em torno de 4,5% do PIB brasileiro, com faturamento anual de R$ 314,2 bilhões, também já cresceu quase 3% na comparação com 2019. Para Palumbo, o Brasil tem potencial para muito mais. “Não ter uma arena e um centro de convenções grande deixa São Paulo fora de grandes congressos e turnês de shows. No momento, estamos fazendo obras fracionadas no Anhembi, o famoso ‘trocar o pneu com o carro andando’, mas quando as obras estiverem acabadas, teremos nossos escritórios nacional e internacional ativamente ‘vendendo’ o Brasil para o mundo”.
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