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A força-tarefa do Grupo Martins para abastecer o comércio afetado por enchentes no RS

Apesar de problemas pontuais, atacadistas não veem risco de desabastecimento no estado

Felipe Mendes

Grupo Martins. Crédito: Reprodução/YouTube
Grupo Martins. Crédito: Reprodução/YouTube

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Tão logo as enchentes de proporções históricas atingiram a capital do Rio Grande do Sul há duas semanas, Rubens Batista Jr., CEO do grupo atacadista Martins, comunicou aos funcionários que era preciso criar um plano de contingência para atuar no estado, onde a empresa tem dois pontos de distribuição – um em Porto Alegre e outro em Erechim. Desde então, Batista reúne-se com as equipes das áreas comercial e logística do grupo (são cerca de 15 funcionários nessas funções) para acompanhar de perto a situação no estado e definir as próximas etapas.

Com regiões ainda submersas e estradas parcialmente destruídas, o abastecimento a pequenos e médios comerciantes se tornou desafiador para o Martins, que viu parte dos clientes dispensarem suas compras por estarem com as lojas inviáveis para receber produtos. “Mapeamos as áreas atingidas com base nas informações obtidas com instituições ligadas às autoridades e, a partir disso, contatamos os clientes para fazer uma validação se a gente deveria fazer ou não as entregas que estavam planejadas. Em alguns casos, o cliente nem tinha lugar para receber os produtos ou o lugar não existia mais”, relata Batista, ao InfoMoney.

Acre vem sendo atingido por fortes chuvas (Foto: Pedro Devani/Secom)

A melhora do cenário das chuvas fez com que a empresa reforçasse sua frota na região para atender o aumento da demanda na última semana. O grupo, um dos maiores atacadistas do Brasil, resolveu deslocar parte de sua frota de caminhões localizada em Marília, interior de São Paulo, para o Rio Grande do Sul. Hoje, entre frota própria e agregada, são cerca de 20 caminhões envolvidos na distribuição no estado. “A gente não tinha muita frota própria lá, então resolvemos retirar de São Paulo e reforçar no Rio Grande do Sul”, diz o executivo.

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Acesso a crédito preocupa

Embora não veja grandes gargalos logísticos para o abastecimento do setor atacadista no estado, Batista enxerga com preocupação a atuação das micro e pequenas empresas na região – elas correspondem por cerca de 90% do volume de vendas do grupo no Rio Grande do Sul. “Outra coisa que já estamos fazendo é estudar algumas condições de pagamento especiais para a região, até porque muitos daqueles clientes vão precisar fazer um esforço de reconstrução”, afirma Batista. “Também estamos trabalhando com algumas indústrias para pensar, em um segundo momento, em fazer um pacote com condições especiais para aqueles que precisam comprar TVs, geladeiras, toda essa parte de eletrônicos.”

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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também demonstrou, recentemente, preocupação com a situação dos comerciantes locais atingidos em cheio pelas enchentes. “Entre tantas preocupações que a tragédia traz, está também a situação dos nossos pequenos comerciantes. Aqueles que tinham uma lojinha, um pequeno armazém, um bazar, que perderam tudo…”, afirmou ele no dia 15 de maio, em pronunciamento no qual se desculpava por relacionar as doações ao estado com o impacto ao comércio local em entrevista concedida um dia antes.

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Passado o momento mais crítico da crise no estado, a Associação Gaúcha de Supermercados, a Agas, diz não se preocupar com desabastecimento nas gôndolas dos supermercados, mas revela que há problemas em algumas categorias. “Algumas lojas estão com dificuldades de abastecimento em produtos pontuais, como água mineral, ovos e hortifrúti, mas são situações logísticas e específicas. O abastecimento irá se normalizando a partir da liberação das estradas, que gradualmente vem acontecendo nos últimos dias”, aponta Antônio Cesa Longo, presidente da entidade. “Mas não há risco de desabastecimento.”

Zaffari: processo de normalização

Um dos maiores atacadistas do Brasil, o grupo Zaffari, oriundo de Porto Alegre, reforça essa visão. “Os produtos que atualmente mais apresentam rupturas de distribuição são os laticínios e embutidos, pois muitas das empresas produtoras desses itens foram afetadas pela enchente. Já a oferta de água está em processo de normalização. Os hortifrutigranjeiros representam um ponto de atenção para a empresa, que está mantendo o abastecimento do setor a pleno com exceção de alguns produtos com maior dificuldade de fornecimento”, reforça a companhia em nota enviada ao InfoMoney.

A empresa, com ampla oferta no estado gaúcho, viu três de suas unidades terem as atividades suspensas por alguns dias diante do estado de calamidade, mas a operação hoje já se encontra normalizada. “Atualmente, a distribuição da empresa está funcionando normalmente dentro do quadro do estado, com os acessos às lojas já reestabelecidos”, complementa a nota.

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