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Em meio a uma seca de ofertas públicas de ações (IPO, na sigla em inglês), uma empresa estreia na Bolsa de um jeito diferente. Sob o ticker AMOB3, a Automob chega à B3 (B3SA3) da cisão do negócio de concessionárias da irmã Vamos (VAMO3), que passa a se dedicar à sua atividade principal – locação de caminhões, máquinas e equipamentos. O próximo passo vai ser concluído nas próximas semanas, quando as ações da Automob em si – o negócio de concessionárias de veículos leves – serão incorporadas à nova companhia listada.
O Grupo Simpar (SIMH3) agora tem quatro controladas negociadas na B3. Vale lembrar que além de Automob e Vamos, JSL (JSLG3) e Movida (MOVI3) também estão na Bolsa. A própria holding também é listada.
Apesar de ser uma novata no mercado de ações, a Automob tem estrada. O negócio de concessionárias dentro do Grupo Simpar remonta à década de 1990, quando a então Transportadora Júlio Simões adquiriu a Original Autos.
Desde então uma série de aquisições deixou a empresa do tamanho que está hoje. O negócio de concessionárias de veículos pesados se desenvolveu de forma semelhante, porém dentro da Vamos.
Com as duas forças combinadas, a Automob chega à Bolsa com o status de maior grupo de concessionárias de veículos do Brasil. São 188 lojas, presença em todas as regiões do país e 35 marcas no portfólio, entre veículos leves, caminhões, máquinas e equipamentos. Também é a primeira desse segmento a se listar na B3.
Consolidador natural
O CEO da Automob veio da área de fusões e aquisições do Grupo Simpar. Em entrevista ao InfoMoney, Antonio Barreto explica que, como empresa listada, a companhia acaba se tornando “consolidador natural” de um mercado extremamente pulverizado.
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“Assim como no desenvolvimento de empresas mais maduras em outros países, parte do [nosso] crescimento vai ser através de aquisição. Mas também vai vir muito do orgânico, de vender mais carro, de concessões de marcas novas”, explica.
No período de doze meses até o final de setembro passado, a Automob “raiz”, de concessionárias de veículos leves, acumulava receita de R$ 9,382 bilhões. A parte de pesados, vinda da Vamos, por sua vez, contabilizava faturamento de R$ 2,730 bilhões nesse mesmo período. No último ano, esse foi um segmento negativamente afetado por um momento turbulento no setor agrícola brasileiro.
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“O negócio do agro vive de ciclos, não é novidade para ninguém. A diversificação vai nos ajudar a navegar nesses ciclos”, diz Barreto, destacando a vantagem de trazer esse pedaço da Vamos para dentro da Automob.
Assim, a nova empresa chega à Bolsa com um receita líquida de mais de R$ 12 bilhões e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de R$ 439 milhões.
Blindagem, consórcios e seguros
Barreto revela que uma parte importante do planejamento estratégico da empresa é desenvolver o negócio de seminovos. A Automob tem duas marcas próprias nessa frente, a SeuCarro.com, para veículos leves, e Mundo dos Caminhões, para pesados.
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“Nosso objetivo no médio prazo é transformar o negócio de maneira que para cada um carro novo, eu venda dois usados”, exemplifica Barreto.
A Automob também quer estender a relação com o cliente, além da venda do veículo, fomentando a venda de produtos agregados.
“A gente já tem uma blindadora dentro do grupo e trabalhado para expandir esse negócio. […] Consórcios e seguros também são peças fundamentais que vamos desenvolver para aumentar a rentabilidade do negócio”, afirma.
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O impacto do macro
A estreia da Automob na Bolsa coincide com um período de inflação deteriorada e os juros da economia em patamares cada vez mais elevados. Barreto ressalta que a conjuntura impacta diretamente a oferta de crédito, o ponto mais sensível para a companhia.
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“Por enquanto não vimos os bancos perderem o apetite por ser um produto que eles gostam muito, voltado para pessoa física, com boa rentabilidade e garantira. E os níveis de inadimplência têm caído”, explica.
Pelo lado de oferta de veículos, o volume são considerados “bem baixos” pelo CEO, em relação a períodos anteriores. “Então não há um excesso de oferta para trazer muitos riscos à operação. O ponto de atenção é mesmo o apetite dos bancos, que, por enquanto, a gente ainda não viu arrefecer”, diz Barreto.