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Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de julho sobre a Lei dos Caminhoneiros teve um impacto importante no setor de logística: ficou proibida a prática em que, em viagens de longa distância, dois caminhoneiros se revezam – um ao volante e outro descansando na cabine. A parada para o descanso passou a ser obrigatória.
“O controle da jornada passou a ser muito mais complexo, com impacto em custos e prazos das entregas”, diz Maurício Zanella, CEO e cofundador da EVI Technology, que viu na mudança um empurrão a mais para a tecnologia desenvolvida pela empresa para o setor logístico.
A EVI tem uma solução digital de monitoramento de frotas rodoviárias que, além do controle da jornada, otimiza o transporte de longas distâncias, as operações dedicadas (transporte entre centros de distribuição de uma empresa, por exemplo) e a gestão da entrega de “última milha” (com maior potencial de crescimento). Empresas como Suzano, Klabin, Justo (varejo de alimentos), Mercado Livre e Special Dog usam o produto da empresa.
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Lançada em 2020, com um investimento inicial de R$ 10 milhões, a EVI avançou no desenvolvimento do produto e chegou a grandes clientes, mas se viu diante de uma encruzilhada este ano: precisava investir em marketing para ampliar a operação, mas com o mercado bem mais fechado para captações de startups, o uso dos recursos com finalidade comercial significaria reduzir a velocidade de desenvolvimento do produto.
A solução foi partir para buscar um parceiro comercial. “Nosso produto funciona com qualquer rastreador, mas sabíamos que os rastreadores da Michelin [Michelin Connected Fleet, ex-Sascar] eram os melhores”, diz Zanella, que fez carreira no mercado financeiro, liderando tesourarias de bancos como o Itaú BBA, participou da abertura de capital da Stone e decidiu empreender, tendo como sócio a família Maggi, controladora do grupo de logística Gafor.
A conversa com a Michelin começou em junho e a parceria para oferecer o produto EVI globalmente foi fechada no fim de outubro. No mês que vem, a força de vendas da Michelin começa a oferecer a solução.
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O fechamento de parcerias, segundo João Guilherme Freitas Franco, diretor de marketing da Michelin Connected Fleet, é uma estratégia da empresa, que já trabalha com a T4S, de imobilizador de veículos, e a Streamax, de câmeras. “Parcerias com empresas altamente especializadas podem gerar valor mais rápido para o mercado”, diz João Guilherme.
Com o crescimento do comércio eletrônico e as mudanças na logística de produtos ao consumidor final, o módulo para a gestão de entregas de última milha (“last mile”) foi o que mais chamou a atenção da Michelin. Com um aplicativo em mãos, o entregador registra as entregas em tempo real com fotos, despesas geradas e imprevistos como um atraso.
“Se há um atraso, o sistema identifica que não vai ser possível fazer todas as entregas e reprograma a logística, redistribuindo a entrega entre outros veículos”, explica Zanella, entusiasmado com a aplicação da tecnologia no mundo do transporte e na movimentação de mercadorias Brasil afora. Nem parece que até pouco tempo o mesmo Zanella se dedicava a discutir custos de captação, operações no mercado futuro e “spreads”.
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