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A Polícia Federal (PF) no Amazonas instaurou um procedimento para investigar as denúncias de agressões e condições degradantes enfrentadas por brasileiros deportados dos Estados Unidos em um voo fretado pelo governo americano. A investigação será encaminhada ao departamento de imigração dos EUA e a órgãos internacionais de cooperação, segundo informações do Fantástico, da TV Globo.
O voo, que partiu da Louisiana e tinha como destino final Belo Horizonte (MG), precisou fazer uma escala em Manaus, onde ocorreram tumultos após problemas no ar-condicionado da aeronave. Passageiros relataram que a situação era insustentável, com crianças, idosos e mulheres passando mal, o que levou à abertura das portas de emergência.
Maus-tratos e condições degradantes
Os 88 deportados relataram agressões físicas, longas horas algemados e acorrentados pelos pés, mãos e cintura, além de falta de alimentação adequada. Em vídeos obtidos pelo Fantástico, é possível ver passageiros algemados desembarcando pela rampa inflável do avião.
“Foi um inferno, uma tortura. Passamos 50 horas algemados. Não era só nas mãos, mas também no abdômen e nos pés”, afirmou um dos deportados. Outro passageiro relatou: “Eles nos bateram mesmo algemados”.
A Polícia Federal interveio para retirar as algemas e determinou que o restante da viagem fosse feito em condições mais dignas. O governo brasileiro mobilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para concluir o transporte dos brasileiros até Belo Horizonte.
Violações
A ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, acompanhou a chegada dos deportados e classificou as denúncias como “graves violações de direitos”. Ela destacou que havia crianças e pessoas com deficiências a bordo, submetidas a condições extremas.
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O Itamaraty também se manifestou, declarando que o governo brasileiro considera inaceitável o descumprimento dos termos acordados com os EUA, que preveem tratamento digno aos repatriados. Em nota, o ministério denunciou o uso indiscriminado de algemas, o mau estado da aeronave e a falta de respeito aos passageiros.
A Casa Branca ainda não se pronunciou sobre o episódio, mas o Brasil exigiu esclarecimentos formais sobre as circunstâncias do voo e as condições impostas aos deportados.