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Caros leitores, digníssimas leitoras: encerrado o primeiro semestre do ano, verificamos que o mercado automotivo registrou crescimento de 10,8% sobre o primeiro semestre do ano passado. Tivemos mais de 1,249 milhões de carros vendidos, contra 1,127 milhões sobre o primeiro semestre do ano passado.
As vendas ficaram mais ou menos assim:
SUBSEGMENTO | 2018 | PART.% | 2019 | PART.% | DIFERENÇA | V% |
HATCH PEQUENO | 441.486 | 39,17% | 492.203 | 39,41% | 50.717 | 11,49% |
SUV | 230.611 | 20,46% | 271.180 | 21,71% | 40.569 | 17,59% |
SEDAN PEQUENO | 170.390 | 15,12% | 196.432 | 15,73% | 5.654 | 15,28% |
PICAPE GRANDE | 91.107 | 8,08% | 96.761 | 7,75% | -7.027 | 6,21% |
SEDAN MÉDIO | 71.121 | 6,31% | 64.094 | 5,13% | 1.765 | -9,88% |
PICAPE PEQUENA | 59.905 | 5,31% | 61.670 | 4,94% | 1.263 | 2,95% |
MONOVOLUME | 26.872 | 2,38% | 28.135 | 2,25% | 6.811 | 4,70% |
OUTROS | 35.687 | 3,17% | 38.601 | 3,09% | 2.914 | 8,17% |
TOTAL | 1.127.179 | 100% | 1.249.076 | 100% | 121.897 | 10,81% |
OK. Mas isso eu já vi em “n” jornais; portais e afins. O que tem de novo nisso?
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O que trago para vocês é quem está segurando o mercado.
O que fizemos? Dividimos o mercado em 4 grupos: Locadoras; PNE (deficiente físico); Venda Direta da montadora (taxista; Produtor Rural e afins); e o Resto (que é caboclada como eu e você).
O que descobrimos?
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Que quem ainda segura a onda nesse ano é o pessoal das Locadoras e, principalmente, as vendas para PNE.
As tabela abaixo mostra a média mensal de vendas (e Share) de cada grupo:
SEGMENTO | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 – 1ºS |
PCD | 2.417 | 2.708 | 3.342 | 5.167 | 7.008 | 8.833 | 11.583 | 15.625 | 22.025 | 27.431 |
LOCADORAS | 15.477 | 15.400 | 15.525 | 16.291 | 16.575 | 15.509 | 18.048 | 25.937 | 30.288 | 37.498 |
FAT. DIRETO | 45.722 | 58.044 | 55.296 | 53.067 | 55.643 | 33.811 | 25.553 | 29.258 | 34.720 | 26.195 |
RESTO | 213.350 | 208.731 | 228.526 | 224.992 | 197.759 | 147.992 | 110.316 | 110.176 | 118.789 | 117.055 |
TOTAL | 276.965 | 284.883 | 302.689 | 299.517 | 276.985 | 206.145 | 165.500 | 180.995 | 205.822 | 208.179 |
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SEGMENTO | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 – 1ºS |
PCD | 0,9% | 1,0% | 1,1% | 1,7% | 2,5% | 4,3% | 7,0% | 8,6% | 10,7% | 13,2% |
LOCADORAS | 5,6% | 5,4% | 5,1% | 5,4% | 6,0% | 7,5% | 10,9% | 14,3% | 14,7% | 18,0% |
FAT. DIRETO | 16,5% | 20,4% | 18,3% | 17,7% | 20,1% | 16,4% | 15,4% | 16,2% | 16,9% | 12,6% |
RESTO | 77,0% | 73,3% | 75,5% | 75,1% | 71,4% | 71,8% | 66,7% | 60,9% | 57,7% | 56,2% |
Há 10 anos, esses dois públicos representavam não mais do que 6,5% das vendas de carros novos. Neste ano, mais de 31% dos carros vendidos foi para esse público. Ou seja, esses dois nichos de mercado cresceram mais de 260% em uma década!
Detalhando sobre esses dois segmentos: a venda PNE virou um surto! Tem marcas que desde sempre trabalharam maravilhosamente nesse segmento (menção honrosa para a Honda) mas, a partir de 2016/2017, esse segmento eclodiu!
Parece que foi o momento que a indústria (re)descobriu esse nicho. Da mesma forma que os consumidores se tornaram mais esclarecidos e foram atrás do que é seu por direito. O fato em si de você vender uma carro (até R$ 70 mil) sem o IPI e ICMS virou o “El Dorado” que possibilitou ter o sonhado carro novo.
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A gente já falou da venda de carros para PNE (aqui).
Já as locadoras de veículos decidiram se transmutar! Elas perceberam que possuem (literalmente) a faca e o queijo na mão.
Vamos exemplificar: A Localiza, no ano passado, comprou mais de 165 mil carros. O que podemos representar como: LOCALIZA = HONDA + PEUGEOT + AUDI ou LOCALIZA = JEEP + PEUGEOT + CITROEN + BMW + VOLVO. A LOCALIZA comprou 6,7% de todos os carros vendidos no Brasil.
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Mas o que é o “mais melhor de bom” é que ela vendeu mais de 111 mil carros, o que a tornaria como a 9º maior marca do setor, passando a JEEP e pau a pau com a Honda.
Também já falamos um pouco das locadoras (aqui).
As locadoras descobriram um mercado maravilhoso! Eu, com um budget de compra de 165 mil carros/ano, consigo um “senhor desconto” na aquisição dos mesmos. Faço o processo de locação e revendo os carros após um ano (até o ano passado, boa parte das locadoras vendiam em até 06 meses).
No primeiro trimestre do ano, a Localiza vendeu mais de 36 mil carros (ela já seria a 8º maior montadora, desbancando a Honda). Da receita líquida da empresa – algo por volta de R$ 2,5 bilhões; quase 60% (R$ 1,46 bilhão) veio da venda de veículos.
Ou seja, eu nasci como Locadora e hoje quase 2/3 da minha receita vem da venda de carros. Eu TRANSMUTEI! Virei um “MEGA CONCESSIONÁRIO” sem ter que resolver/preocupar com o pós-venda/revisão/manutenção/recall. Resumindo, fiquei só com o filé mignon!
Sem contar que os novos meios de transporte (carros de aplicativos), acrescidos da crise econômica em que vivemos, somados à alta taxa de desemprego, empurraram uma legião de pessoas para este mercado, onde eu sou o provedor do veículo.
G-zuis! Isso foi o cenário perfeito para o pessoal das locadoras… só imaginando o tamanho do bônus que os gestores da Localiza/Movida/Unidas devem ganhar!
Mas, voltando para a realidade; falamos do PNE e das Locadoras, que são responsáveis por 31% das vendas de carros; nós ainda temos aquele grande bolo de pessoas “normais” que respondem por 56% das vendas de veículos. Pode parecer muito essa representação de 56% das vendas de veículos novos mas, há 10 anos atrás, esse bolo representava 77% de todos os carros vendidos. A compra de carros pelo consumidor “normal” se encontra ladeira abaixo sem sequer podermos vislumbrar uma perspectiva de melhora.
Esse consumidor vem migrando para as outras “castas”. Ele descobriu que é um possível PNE ou entrou na onda de compra diretamente da montadora (seja ele sendo empresa ou produtor rural) e por aí vai.
E a leva final é a de carros vendidos diretamente pela montadora, que inclui, por exemplo: taxistas, governo e por aí vai. Esse bloco se mantem com uma participação média de 17% nas vendas de carros ao longo da última década.
Qual a moral da história?
Sim. O mercado automotivo está crescendo. E crescendo bem. O crescimento está sendo mantido pelas vendas à locadoras e PNE. E o que aprendemos com isso? Neste caso, ambos públicos estão tentando fugir daquilo que mais onera a todos: IMPOSTOS.
A nossa carga tributária é extorsiva, e não existe nem uma contrapartida que justifique. No caso do PNE, a economia tributária chega a um montante próximo a R$ 15 mil. No caso das locadoras, a engenharia financeira que eles criaram tende a ser MUITO mais vantajosa ainda.
Se tivéssemos um processo tributário mais simplificado e menos extorsivo, talvez o mercado de carros tivesse outra pegada.
E qual é o lado ruim? (Afinal, sempre tem um lado ruim)
A probabilidade do setor tomar um tombo feio é muito grande! Imagine se os gestores da Localiza acordam de ovo virado e decidem não mais comprar carro, logo eles que compram quase 7% do mercado. Sendo um pouco mais diabólico: imaginem se a Localiza, Movida e Unidasdecidirem não comprar mais carros? O tombo seria de uns 15%.
Da mesma forma que a saúde falimentar de vários governos estaduais fez com que mexessem nas regras do veículo PNE (tivemos mudanças quanto ao prazo de compra e venda do carro – dobraram o prazo para poder revender o carro, além de outras várias “regrinhas” burocráticas para dificultar a vida do deficiente), mais cedo ou mais tarde, o Estado vai meter o dedo a fundo nesse setor e vai travar de vez as vendas. Afinal de contas, houve renúncia fiscal em 13% dos carros que foram vendidos.
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