O bilionário mercado de consórcios

Com o turbulento cenário politico e econômico, as perspectivas de melhoras na economia para os próximos anos não estão assim tão claro! Hoje, existe uma perspectiva de aumento do câmbio; juros e por ai vai. "SE FINANCIAR" no próximo ano, vai ser bem mais complicado que se financiar hoje! E, a formação de poupança via consórcio ultrapassou o montante de R$ 300 bilhões!

Raphael Galante

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Semana passada rolou o evento da XP (Expert2018) e, se você é um “durango” como eu, acompanhou o que aconteceu por lá, por aqui. Um dos pontos que chamou a minha atenção foi uma das colocações do Ricardo Amorim. Entre os possíveis cenários que poderiam acontecer com os candidatos a novo “morubixaba da terra brasilis”, ele cita vários e um deles (relacionado ao Ciro) era algo do tipo: “… se você acha que o Ciro vai ganhar e precisa se financiar, se financie hoje, porque se ele ganhar não vai mais ter crédito para ninguém….”. O link da matéria dele está aqui.

Na verdade, independentemente se vamos de direita ou de poste, o cenário que está sendo desenhado para o próximo ano, não é muito favorável… O dólar deve voltar a subir (o Ricardo falou que pode chegar a 5) o que vai impactar no aumento da inflação (produtos indexados); aí vai rolar aumento dos juros para controlar a inflação; o crédito sobe; e a economia brasileira que estava pensando em voltar a ACELERAR já no ano que vem, vai ser igual ao Monza 87 que o meu pai tinha. O bicho era a álcool e tinha carburador! Tentar fazer o bicho pegar no inverno… nem no tranco!!

Voltando ao crédito, a gente tem a nossa jabuticaba! Produto único, amado por uns e odiado por outros (mais ou menos como vem ocorrendo nas mídias sociais nessa época de eleições).

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Mas foi a colocação do Ricardo: “…se financie hoje…” que levantou a curiosidade para saber em que pé tá esse trem chamado consórcio.

Fomos lá no BC e demos umas pescoçadas para ver o que vem ocorrendo com ele.

Dentre dos mais diversos dados sobre o produto, teve dois (que vamos tratar aqui) que chamaram a nossa atenção: o primeiro foi a quantidade de pessoas que estão “se financiando hoje”. No consórcio existem clientes de: imóveis, veículos pesados (ex: caminhões e ônibus), veículos leves, motocicletas e outros produtos e serviços.

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E o que “captamos”? Que, em julho, existiam mais de 5 milhões de pessoas que estavam se financiando. Financiando quanto? Só a bagatela de R$ 271,5 bilhões.

Divididos da seguinte forma:

Por exemplo, temos quase R$ 112 bilhões em crédito de imóveis e, segundo dados da ABECIP, foram financiados em 2017, 175 mil imóveis ao custo de R$ 43 bilhões, o que representa um “estoque” de quase 3 anos.  A carteira de pessoas que estão “se financiado hoje” em VEÍCULOS é de R$ 160 bilhões.

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Isso é formação de carteira! São pessoas que já estão se autofinanciando desde já…

Além disso, tem outra informação bem legal lá do BC, que é a quantidade de caboclos que estão com o, assim, “crédito aprovado” e ainda não foram às compras. Ou seja, o dinheiro dele tá lá separado, REDENDO, e disponível para consumo imediato, quando ele quiser!

Nessa brincadeira, existe hoje mais de R$ 32 bilhões para serem consumidos em imóveis; motocicletas; carros e outras coisinhas mais…

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São mais de R$ 32 bilhões, parados com as administradoras de consórcios esperando essa “melhora no humor dos consumidores” para serem utilizados!

E aí, juntando “alhos com bugalhos”, temos um bando de gente que “está se financiando” com valores próximos a R$ 305 bilhões. A carteira de veículos chegaria a R$ 177 bilhões. Indo lá novamente no BC, se pegarmos todos os veículos que foram financiados por bancos e financeiras, essa carteira (HOJE) é de R$ 184 bilhões, ou seja, estamos naquela “margem de erro” de todos os institutos de pesquisa. Tudo do que foi financiado pelos bancos até hoje é o que as administradoras de consórcio têm em pessoas que estão “se financiando”.

Em motocicletas, são mais de R$ 18 bilhões que vão girar tudo entre: HOJE E ATÉ 4 ANOS! Neste ritmo, o pessoal lá da Zona Franca de Manaus vai ter que dar uma turbinada na sua produção (tá na hora da Honda abrir aquela linha de produção de 1,2 milhão de motos/ano).

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Em imóveis são mais de R$ 126 bilhões em crédito. Parte dele já disponível para consumo imediato. Esse montante é equivalente ao que foi financiado nos últimos 33 meses pelos bancos!

E a regra é clara, Arnaldo!

A jabuticaba brasileira, ou o patinho feio do sistema financeiro, SEMPRE em momentos de crise ou de turbulência, dá “uma segurada na economia”.

 

E ai? O que achou?

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=)

 

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva