Temos déficit elevado e não encontramos solução para problema, critica Marcos Mendes

Economista diz que metade das despesas primárias está concentrada em benefícios previdenciários e assistenciais; todos definidos pela Constituição, com regra de reajuste acima acima da inflação

Augusto Diniz

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Na comparação da dívida pública brasileira com a de outros países emergentes, a do Brasil está muito acima. Se for tratar da carga tributária, aqui está em 33% do PIB e, nos emergentes, na média, em cerca de 20%.

A informação é do economista Marcos Mendes, especializado em finanças públicas e política fiscal. “Isso é um problema porque a dívida além de alta, ela está crescendo”, diz.

“Não tem mais espaço para aumentar a carga tributária. Então, pelo lado da receita não se consegue controlar o crescimento da dívida.”

— Marcos Mendes

Marcos Mendes participou do episódio 271 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter.

“Temos uma carga tributária que foi lá no alto para tentar cobrir todas as despesas que nós criamos no orçamento público, mas temos um déficit elevado e não conseguimos encontrar uma solução para essa equação.”

— Marcos Mendes

Despesa constitucionalizada

Ele lamenta o fato da despesa pública no Brasil ser quase toda constitucionalizada.

“Temos metade da despesa primária (concentrada) em benefícios previdenciários e assistenciais. Todos definidos na Constituição, todos com uma regra de crescimento acima da inflação na legislação e todos com uma resistência política muito grande de mudar essas regras.”

— Marcos Mendes

O economista avalia que há característica no país de se conceder benefícios específicos para grupos específicos.

“Se um grupo de lobby se une para ter um subsídio tributário para a sua indústria, ele consegue isso facilmente no Congresso…. Se um determinado grupo de igrejas quer um benefício tributário, consegue. Se um grupo profissional quer pagar menos imposto, consegue.”

— Marcos Mendes

Defesa de interesses

Segundo o economista, quando se observa a história da tramitação de projetos no Congresso com impacto no fiscal, existe uma presença muito grande de benefícios a grupos específicos.

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“Isso faz com que a despesa fique muito rígida. Não se consegue controlar a despesa porque a cada ponto que se vai tocar, tem-se uma resistência muito grande… Esse tipo de coisa tem em todo lugar do mundo, mas no Brasil acontece com muito mais intensidade.”

— Marcos Mendes

Além disso, a formação de bancadas em defesa de seus benefícios próprios impõe ainda mais dificuldade.