Publicidade
Dados da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) apontam que, de 2020 para cá, dobrou o número de profissionais no Brasil com certificação CFP (Certified Financial Planning; ou em português, Certificação de Planejador Financeiro). No primeiro ano da pandemia da Covid-19, existiam 5.414 pessoas habilitadas; em 2024, 10.634.
Para Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos, esses números são sintomáticos de uma atividade que ganha cada vez mais importância. Ele próprio tem certificação CFP. “O financial planning tem muito potencial no País, mas existe muito trabalho a ser feito”.
O financial planning ou planejamento financeiro visa desenvolver estratégias para gerenciar as finanças do cliente baseadas em metas, em geral de longo prazo, economizando, investindo e protegendo o seu patrimônio.
Participe do treinamento gratuito Manual dos Dividendos e descubra a estratégia simples e poderosa para viver de renda.
Aculturamento
“O planejamento financeiro hoje agrega mais valor à atividade da assessoria. Poucas pessoas têm noção que a ferramenta pode mudar a maneira do cliente investir, dependendo dos objetivos dele”, explica Costa.
O assessor de investimentos vê a atividade muito poderosa, mas há dificuldades de execução pelo cliente. “O importante de nosso trabalho é dar direcionamentos”, diz.
Costa explica que o financial planning virou atividade essencial da assessoria financeira nos Estados Unidos. “O trabalho de alocação de capital lá migrou de fundos para ETFs. E a gestão passiva de alocação precisa de um bom planejamento”, pontua.
Continua depois da publicidade
Porém, ele ressalta que o assessor de investimento precisa ter conhecimento para entregar valor agregado com o financial planning. Segundo ele, a entrega não é simplesmente uma sugestão de carteira ao cliente.
Saiba mais: Assessor precisa dar educação financeira e confiança ao cliente, diz sócio da CMS
“A conversa com o cliente é diferente. Tem um processo de aculturamento. Há sempre emoção do cliente de estar na melhor aplicação do momento. Nem sempre o planejamento financeiro vai conversar com isso”, afirma.
Continua depois da publicidade
O planejamento financeiro envolve vários tipos de metas, como aposentadoria, compra de imóvel, nascimento de um filho, transição de carreira, mudança da família para outro país, proteção financeira, entre outros pontos.
Engajamento no planejamento
Mauro Cervellini, head de Wealth Management na MZM Wealth, também tem certificação CFP e sua carreira começou numa empresa especializada somente em planejamento financeiro.
“A gente costuma dizer que planejamento financeiro, apesar de ser ligado às finanças, ele é 95% humanas e 5% matemática. Fazer a conta é fácil, difícil é guardar aquele dinheiro que estava previsto, abrir mão de um gasto extra para poupar, fazer aquele projeto que estava previsto no planejamento”, explica.
Continua depois da publicidade
Ele vê esse mercado com uma expansão muito grande no Brasil. Para Cervellini, a complexidade e dificuldade de se acompanhar as finanças faz crescer o conceito no país. “O planejamento financeiro no Brasil 10 anos atrás era algo restrito aos grandes patrimônios. O que a gente vê acontecer agora no mercado é a democratização dessa ferramenta”, diz.
“O planejamento financeiro está cada vez mais visto como prestação de serviço e não mais como gestão de patrimônio”, ressalta. Para Cervellini, na abordagem do planejamento financeiro o investimento é uma parte. “O planejamento faz adequação de seus planos de como se poupa e investe”, destaca.
Uma forma inicial de começar um planejamento financeira é saber os sonhos do interessado. “Isso que vai engajar a pessoa no planejamento. Se não engajar, o plano já nasce fracassado. A pessoa não vai guardar o dinheiro. A gente vai tirando a visão de curto prazo para ganhar um pouco mais de visão de longo prazo. Não é fácil”, afirma.
Continua depois da publicidade
Leia também: Pesquisa com assessores aponta mais clientes dispostos em investir na renda variável
Personalização
Marcus Miranda, head de proteção patrimonial e sucessória na Nomos, diz que o tema financial planning tem sido cada vez mais conversado com os clientes do escritório. “A gente não fala mais somente de um determinado investimento”, destaca.
De acordo com Miranda, o cliente tem conseguido visualizar o que ele tem que fazer em relação as estratégias da ferramenta. Ele vê o financial planning como a oferta cruzada de diferentes produtos.
“O financial planning acaba sendo a porta de entrada para o cliente ver o mapa dele até a aposentadoria. E a gente acaba mostrando o que se pode prestar para ele em serviços e produtos que podem ser usados no planejamento financeiro de forma personalizada”, afirma.
Saiba também: Resiliência? Assessoria criada durante crise de 2008 administra hoje R$ 3,5 bi
O head destaca que o importante é apresentar cenários ao cliente. “A ferramenta mostra para ele que existem outros fatores a serem levados em consideração além do aporte financeiro. O gerenciamento de risco, por exemplo, caso ele não consiga mais fazer aporte ou perder a capacidade de fazer aporte”, ressalta.
“Mas é preciso, acima de tudo, que a pessoa tenha se organizado para fazer aportes regulares, mensais. A gente consegue fazer um diagnóstico em relação ao crescimento do patrimônio e aos seus objetivos no planejamento financeiro”, acrescenta.